Garret "passeia" livremente numa onda linda da Nazaré Garret "passeia" livremente numa onda linda da Nazaré Rui Jorge Oliveira segunda-feira, 10 fevereiro 2014 17:01

MAR É SURF, É LIBERDADE

"Mas o Surf é liberdade, uma aventura momentânea no oceano. E isso é fundamental não esquecer. Essa é a nossa essência."

 

 

MAR, É SURF É LIBERDADE

 


“Alguém para vir surfar. Será que vai estar alguém na praia. Vou tentar pedir o carro ao meu pai, senão vou de mota! O mar estará bom? Gostava de ter companhia para o surf..............”


Lembro-me de entrar na água durante muitos anos e não ver ninguém. Era só o mar, as ondas, e, por vezes, os meus amigos do surf. Nessa altura, sentia que surfava as ondas mais perfeitas e, por vezes, mais potentes do Mundo. Vivia o sonho e o gozo de sentir o oceano na sua plenitude.

Hoje em dia passa-se o inverso: queremos encontrar ondas desertas, de forma a sentir essa pura liberdade, mas nem sempre é fácil.


Vivemos tempos de bastantes incertezas. O mundo, tal como estávamos habituados, está em mutação. A noção de sedentarismo criada pelos nossos antepassados mudou, e, neste momento, o surf, aquela actividade que faz muitos de nós nómadas temporários é, sem dúvida, um dos motivos que nos tem trazido algumas certezas.

Isto porque temos encontrado o caminho da economia do mar, mas, também, porque o surf tem vindo a ser valorizado, cada vez mais, como um escape, um momento de lazer, que proporciona aos filhos da nossa sociedade uma ligação à natureza. Ligação essa que sabemos ser fundamental para o crescimento dos jovens, para que estes aprendam a viver o dia-a-dia de uma forma saudável, com aquela harmonia que nós cá sabemos.

 

Mas o Surf é liberdade, uma aventura momentânea no oceano. E isso é fundamental não esquecer. Essa é a nossa essência.

 

Aproveito, por isso, para abordar um tema, cujo conteúdo tem vindo a fazer parte das recentes noticias publicadas na Surftotal, referentes à prática do tow in, e, em particular, na Nazaré. Estas notícias têm visado perceber qual a verdadeira situação, para que os nossos praticantes e profissionais possam usufruir, quando bem entenderem, das ondas daquela bela e típica vila de tradições piscatórias.

Há, como se sabe, para a prática do tow in, alguns pré requisitos organizados pelo Município da Nazaré e pela Capitania local, e, a meu ver, é muito bom que existam. Mas, aqui, julgo que não se devem abranger todos os praticantes de tow in no mesmo “saco”.

De facto, a segurança é um ponto fundamental para quem surfa aquelas ondas gigantes, pois um pequeno erro pode ser fatal. Não digo isto por experiencia própria, mas pelo contacto que tenho o privilégio de ter, desde a primeira vez que naquela vila se começaram a fazer sessões desta vertente do Surf, com os mais diversos praticantes.

E aqui surge uma pergunta pertinente: “Então os profissionais do tow in não serão os primeiros a zelar pela sua segurança?” Afinal, não estamos a falar de amadorismo, falamos de homens e mulheres que têm uma larga experiência de mar e surf e que, se não são eles que estão preparados, então quem vai estar?

É claro que deverão existir regras com a intervenção da entidade máxima que rege o surf nacional: a FPS. Porque não atribuir uma licença permanente a estes profissionais de tow in no país? Isto, claro, em coordenação com as respectivas capitanias.

Desta forma, trar-se-á, com certeza, mais vida às ondas da Nazaré, proporcionar-se-á uma maior visibilidade e procura pelo público, por praticantes de todo o mundo e, claro, incentivar-se-á o desenvolvimento de uma modalidade que trás tantos espectadores para o surf em Portugal: o tow in.


A liberdade existe e é bonita, é cúmplice entre quem a entende, mas, como tudo, há, também, que saber mantê-la/preservá-la.



Por Pedro Almendra Ribeiro / Nota editorial nº 02

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