AVENTURAS EM CABO VERDE

Pedro Barbudo, Teresa Abraços e companhia em Cabo Verde

 

Por Patrícia Tadeia

E que tal viajares connosco até Cabo Verde? Para te abrir o apetite para estas ilhas e para as suas ondas e cultura, a SurfTotal partilha contigo uma viagem muito especial. Os protagonistas são o ex treinador da Seleção Nacional de Surf Pedro Barbudo e Teresa Abraços, que nos conta pormenorizadamente como foram estes dias. 

 

Mas afinal, como tudo começou? Teresa responde. "Já estava farta dos temporais que têm assolado a nossa costa neste inverno e sentia saudades de surfar em água quente e transparente. Numa conversa de praia, o Pedro Barbudo falou-me da sua intenção em ir à Ilha da Boavista na 3ª semana de janeiro. Fiquei entusiasmada com a ideia – já lá tinha estado uma vez há alguns anos atrás e tinha gostado muito. Sabia do potencial para o surf e ainda por cima fica apenas a 4 horas de avião", recorda.

 

Daí à viagem foi um instante. "Assim, eu e o Pedro, meu marido, juntámo-nos ao Barbudo e ao seu grupo – O Bruno Teixeira “Sapo”, surfista do Guincho, a bodyboarder de Carcavelos, Marta Teixeira (agora também surfista!), o Pedro Miranda “Glorinha”, local de São Pedro do Estoril e a Maria João Teixeira, amiga do Pedro".

 

"A Ilha da Boavista faz parte do arquipélago de Cabo Verde, tem cerca de 600 kms2, com 30 kms de Norte a Sul. Convém no entanto lembrar que em África as distâncias não se medem em kms mas em tempo de viagem…", conta Teresa animadamente à SurfTotal.

 

"A ilha é exposta tanto às ondulações de Norte (as mesmas que chegam à nossa costa) bem como às de Sul, embora estas só atinjam a parte Sul da ilha e durante o inverno austral (de Junho a Outubro). Atenção que a Ilha da Boavista (tal como a do Sal) é considerada “World Class Spot” para Kitesurfing, o que significa que o vento é um factor a ter sempre em conta", acrescenta.

 

Ao chegar ao Aeroporto Internacional de Rabil, sentiram que parecia que tinham aterrado directamente num “resort”, "muito bonito e agradável, por sinal", diz Teresa. "Carregado o táxi “pick-up”, lá fomos para Sal Rei, a capital da ilha. Optámos por um hotel mesmo na rua principal da vila, o que nos facilitou uma maior imersão” na cultura local. De facto, é-nos difícil falar melhor das pessoas que encontrámos – simpáticas, afáveis, sempre disponíveis a ajudar", recorda agora.

 

"Tivemos de tomar logo uma decisão essencial – alugar ou não um carro. Optámos por, nos primeiros dias, nos deslocarmos a pé para as praias mais próximas", diz.

 

As primeiras paragens para o surf foram as Praias de Cabral e da Cruz, a 10 minutos a pé do hotel. "Fizemos um surf 'fun', embora bastante afectado pelo vento 'side-shore'. Resolvemos também dar uso ao 'Stand Up Paddle', mas depois da Marta ter 'tentado' ser a primeira mulher a fazer a travessia entre ilhas em SUP, levada pelo vento, ao ponto de ser um barco de pescadores a trazê-la de volta, concluímos que seria melhor guardá-lo para dias com menos vento", recorda.


Teresa continuam: "Iniciámos então os nossos passeios pela ilha. Primeiro no táxi do Dimas Semedo, que com a sua boa disposição tornou-se logo nosso amigo, e nos levou a visitar uma parte da costa sudoeste da ilha. Começámos pela Praia de Chave, extenso 'beach-break' logo a sul de Sal Rei, com vários resorts; e fomos pelas dunas até à Praia do Curralinho, onde surfámos umas ondas , novamente 'fun' embora afectadas pelo vento 'side-shore'."

 

VIAJAR PELOS SABORES

E porque viajar também é sinónimo de gastronomia.... "De regresso a Sal Rei a tempo do almoço, o Dimas recomendou-nos o Mangueira, restaurante popular em que enchíamos a barriga com os esparguetes com camarões, lapas, búzios ou caranguejos. Tudo acompanhado com a Strela, cerveja local", recorda Teresa.

 


Os tempos a pé acabaram. Nos dias que se seguiram Teresa e o seu grupo resolveu alugar um 4x4 a fim de conhecer a costa sul, particularmente a "Praia de Ervatão, provavelmente o melhor spot de surf da ilha", diz.

 

"Oportunidade também para o Pedro Barbudo mostrar que, para além de dominar as técnicas de condução 4x4, conhece bem a ilha e quais os trilhos a percorrer (só nos perdemos uma vez!)", conta sorrindo.

 

Ervatão é uma baía com dois 'point-break’s'  em cada extremidade, explica Teresa. "Dá para perceber imediatamente que a esquerda é uma onda de enorme potencial, rodando num promontório, rebentando inicialmente sobre um fundo raso misto laje/reef mas terminando em areia/rocha. A paisagem é lindíssima, pois a vastidão da planície árida é interrompida por um oásis mesmo em frente, à esquerda", continua.

 

Seguiu-se uma viagem pelas dunas até à Praia do Pesqueiro. "Esta deve ser a referência das praias que vemos nos postais: protegida do vento (mas também da ondulação), com a areia branca e a água imaculadamente límpida e transparente, ideal para a pesca e para o mergulho", lembra.

 

E PORQUE TUDO O QUE É BOM CHEGA AO FIM...

"No nosso penúltimo dia resolvemos percorrer o Norte da ilha, mas fomos rapidamente dissuadidos pelo vento fortíssimo. Ainda conseguimos vislumbrar que, com ondulação de Norte, será a zona da ilha onde o mar entrará maior", enumera.

 

Seguiu-se uma viagem para o Sudoeste da ilha, em direção à Praia da Varandinha, 'point-break' localizado numa saliência rochosa com uma esquerda e direita. "Infelizmente neste dia não estava a funcionar, e os 'kites' dominavam o 'line-up'. Acabámos por ir beber umas Strelas à Povoação Velha, localidade próxima", conta.


O vento não dava tréguas e no último dia estava ainda mais forte. "Aproveitámos para um último passeio por Sal Rei, tendo tido a oportunidade de conhecer a pequena Minela e a sua avó Irene, para quem a vida não é certamente nada fácil, mas não é isso que lhe tira a simpatia e o seu sorriso ternurento", acrescenta.


"A caminho do aeroporto ainda tivemos tempo de nos divertir a carregar a 'pick-up' do Dimas com a nossa bagagem (minha e do Pedro), mais as coisas dos restantes elementos do grupo, que se mudavam de 'armas e bagagens' para um dos resorts da Praia de Chave. Em suma, embora o surf não tenha sido nada de especial, adorámos a Ilha e os seus habitantes e voltaremos lá, certamente", conclui Teresa. 

 

A nós, resta-nos agradecer o relato, cujas dicas com certeza ajudarão futuros turistas desta ilha. Obrigada Teresa!

 

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