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A DESPEDIDA DE KAI OTTON APÓS UMA DÉCADA NO TOUR
Ao perder na ronda 3 do Billabong Pipe Masters, o australiano não conseguiu a requalificação…
Ontem, após perder com Kolohe Andino, nos instantes finais do seu heat da ronda 3 do Billabong Pipe Masters, Kai Otton deixou saber ao microfone da World Surf League que aquele, muito provavelmente, terá sido o seu último heat na mais alta roda do surf profissional.
O australiano, de 37 anos, que tem vestido a licra número 16 nas últimas temporadas, natural de Tathra, Nova Gales do Sul, e se encontra em 31.º lugar do ranking mundial, viu assim afastadas a derradeira hipótese de se requalificar para a Championship Tour.
“Ottz”, um dos mais educados e carismáticos surfistas do World Tour, entrou para a primeira divisão do surf profissional em 2007, aos 27 anos apenas, uma idade já matura no que diz respeito aos padrões do surf, e, após uma década ao mais alto nível, para a história fica uma fantástica vitória no mundial de Peniche, em 2013, frente ao norte-americano Nat Young. Foi a sua única vitória no Tour com 33 anos.
No entanto, um segundo lugar no Brasil e quatro presenças em meias finais (duas no Taiti, uma na África do Sul e outra em Portugal) também são de mencionar ao longo da carreira de 10 anos que construiu na WSL.
Na presente temporada o melhor resultado que alcançou foi um quinto lugar no CT francês, o Quiksilver Pro France, e no que diz respeito a rankings, ao longo da carreira, a melhor posição de sempre foi um sétimo lugar no ano 2013. A média de pontos, por heat, até hoje é de 11,69.
Ao contrário da grande maioria dos surfistas, Otton não teve uma carreira amadora extensa ou recheada de resultados. Ele começou a competir na Qualifying Series aos 24 anos e sustentava-se graças a vários trabalhos que ia conseguindo. Durante esses anos de ‘QS, o dinheiro era sempre curto e muitas vezes viu-se obrigado a dormir em carros quando se deslocava aos eventos.
Em 2006 teve uma temporada fantástica e conseguiu a tão ambicionada qualificação ao CT. Com 27 anos, foi um dos rookies mais velhos de sempre a competir no circuito, mas provou que os sonhos alcançam-se. Em 2010 falhou uma boa parte da temporada devido a lesão, mas no ano seguinte requalificou-se graças à atribuição de um “wildcard”.
Na hora da despedida, bastante amarga, diga-se, o australiano não se arrepende de nada mas sentiu que ainda tinha mais para dar: “É uma espécie de saída forçada. Eu gostava de estar de volta no próximo ano, mas não vou competir no ‘QS o que significa que este será, muito provavelmente, o meu último campeonato na WSL. Foi engraçado até aqui, mas foi uma forma dura de terminar com Kohole [Andino] a vencer-me no final. Agora vou fazer uns quantos campeonatos divertidos por casa e andar mais com Taj Burrow. Obrigado a todos que me ajudaram a chegar aqui e me apoiaram. Foi um sonho - eu só me qualifiquei aos 27 anos, mas dez anos depois sinto que foi muito divertido."
Até sempre, Ottz. E, claro, obrigado pela paixão que colocaste em todos os heats disputados e no surf apresentado. Yewwwww!