Muito dificilmente John John não fará parte da competição em Tóquio, já Kelly Slater... Muito dificilmente John John não fará parte da competição em Tóquio, já Kelly Slater... Foto: WSL/Kelly Cestari sexta-feira, 16 fevereiro 2018 15:37

Dois berbicachos para resolver nos Jogos Olímpicos 

Processo de seleção e sponsors dos atletas em análise… 

 

Bem, tendo como base o último comunicado das duas entidades que regem o surf mundial, International Surfing Association e World Surf League, em dezembro último, onde se ficou a saber que ambas chegaram a acordo relativamente ao processo de seleção dos atletas que irão participar nas próximas Olimpíadas - Tóquio 2020; ficou claro que restam pelo menos dois berbicachos para resolver no trajeto inaugural do surf em busca da chama olímpica.

 

Por um lado, o próprio processo de seleção de atletas. As linhas mestras do mesmo já foram reveladas (aqui) e, embora tenham sido aprovadas entre a WSL e a ISA, carece ainda de uma decisão final da Direção Executiva do Comité Olímpico Internacional para que o processo fique completo - será decidido em reunião do COI a ter lugar ainda neste mês de fevereiro. 

 

No acordo entre a ISA e WSL, além dos World Surfing Games e Jogos Pan-Americanos, bem como uma seleção direta por parte da WSL, nenhuma outra região do globo foi contemplada com provas de qualificação aos JO, facto que, obviamente, não agradou a todas as federações. Aliás, convenhamos, levantou até muitas dúvidas e gerou um sem rol de críticas, nomeadamente por parte da Federação Portuguesa de Surf, através do seu presidente, João Jardim Aranha, que em entrevista exclusiva não deixou de manifestar a sua preocupação.  

 

Qual é mesmo o critério para ser selecionado? Quem? Como? Que lugares dão acesso? É certo que já existe informação, mas ainda é pouca clara e percetível. Quer a WSL quer a ISA têm que esclarecer com caráter de urgência como serão efetivamente apurados os 40 atletas que irão participar na competição de Surfing em Tóquio 2020. 

 

Já o segundo berbicacho tem a ver com os patrocinadores dos atletas… e o facto de não poderem ser comunicados, de parte a parte. Aparentemente, existe uma regra dos Jogos Olímpicos (denominada de Regra 40) que impede que publicidade seja feita durante o evento (inicia alguns dias antes e prolonga-se alguns dias após o término). Muito resumidamente, essa regra proíbe que todos os atletas mencionem os seus patrocinadores, sob qualquer forma (em posts nas redes sociais, em entrevistas, subidas a pódios, etc), o que até tem lógica uma vez que estes estão a representar o seu país; e por seu turno também proíbe que as marcas mencionem os seus atletas e/ou elaborem campanhas em torno dos mesmos durante o período que compreende os Jogos Olímpicos.

 

No fundo, é um período de carência no que diz respeito a promoção... mesmo que se saiba em última instância que os surfistas são, na sua grande maioria, empregados das marcas de surf. São estas que lhes pagam o lifestyle, as idas a campeonatos, etc. A exceção é feita apenas e exclusivamente para marcas que são parceiras dos Jogos Olímpicos - o que será um feito difícil de alcançar para uma marca que se diz de surf. No entanto, isto obriga apenas a mais alguma criatividade adicional de forma a dar a volta à questão. 

 

Já no que diz respeito ao uniforme oficial dos atletas, para além da roupa que estes devem vestir e ostentar orgulhosamente, os responsáveis dos Jogos Olímpicos também deverão proibir eventuais autocolantes afixados nas pranchas de surf e outros logótipos alusivos a marcas que constem nos fatos em neoprene. Aliás, sublinhe-se, tal como já acontece noutras modalidades de pranchas de deslize, como, por exemplo, o Snowboard onde apenas o nome do fabricante da prancha pode constar de forma visível. 

 

No entanto, esta área é considerada “cinzenta" pelos peritos e depende muito se o material usado tem influência direta na performance do atleta. Se tiver, então o atleta, por norma, é autorizado a usar o produto da marca que bem quiser e entender. 

 

Faltam dois anos até Tóquio 2020, mas estas e outras questões são pequenas arestas que permanecem por limar. 

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