Para já, Matt Wilkinson voa em Portugal apenas com a Rip Curl no "nose" da sua prancha. Para já, Matt Wilkinson voa em Portugal apenas com a Rip Curl no "nose" da sua prancha. Foto: WSL/Poullenot quinta-feira, 16 fevereiro 2017 17:34

SPONSORS: REPENSAR E ADAPTAR

Talvez os patrocínios como eram dantes, não façam muito sentido hoje em dia...

 

Os patrocínios do mundo do Surf estão a ficar cada vez mais escassos. É certo que o campeão mundial John John Florence, considerado o mais bem pago da atualidade, recebendo por temporada mais de 6 milhões de dólares, não concordará com esta ideia. 

 

Muito seguramente, o young gun Noa Deane e o rookie do CT Ethan Ewing também não assinam por baixo. Percebe-se bem porquê. Noa Deane vai receber 2.5 milhões de dólares nos próximos cinco anos (N.A.: diz-se que atualmente é o mais bem pago na equipa da Volcom), enquanto Ewing recebeu meio milhão de dólares para a presente temporada para continuar vinculado à marca Billabong.

 

No entanto, para muitos outros, a angariação de um “sponsor” está verdadeiramente escassa. Principalmente para aqueles que procuram preencher o “nose” da sua prancha com um logótipo forte e capaz de suportar uma intensa - e que nem sempre se revela positiva - época competitiva. 

 

Embora tal não deixe de ser estranho - se tivermos em conta que o surf, a nível global, está numa curva clara de crescimento; talvez a questão de fundo se prenda mesmo com a forma como os patrocínios estão a ser vendidos às marcas e empresas. 

 

Hoje em dia, face ao desaparecimento cada vez mais premente das revistas, surfistas há que já só recebem consoante o “engagement” que vão tendo nas redes sociais e nos vídeos publicados. Ou seja, alcance, número de gostos e visualizações acabam por dar direito a um determinado valor que consta de uma tabela de pagamentos elaborada para o efeito. No entanto, por mais “shots” bem sucedidos que se façam neste campo, todos eles acabam por ter um efeito efémero (entenda-se, de curta duração, passageiro, temporário). 

 

Aquele contrato à moda antiga, que a maior parte dos surfistas conhecia (e usufruía), com direitos e deveres bem definidos para ambas as partes, feito por temporada ou para vários anos, está em franco desuso. É fácil perceber porquê - deve-se ao “emagrecimento” financeiro generalizado das marcas de surf. E, como dizia o outro, “no money no fun”. Porém, talvez a evolução dos tempos seja mesmo a principal razão. 

 

Assim, de futuro, fazendo fé num artigo inicialmente abordado pela extinta Surfing Magazine, vamos poder passar a ver patrocínios esporádicos, aplicados por estação, de curta ou média duração, por evento ou até por objetivo bem definido. Um pouco como acontece na internet e nos sites onde as campanhas têm um foco específico durante x tempo, são realizadas em determinada estação, ao ano ou mês e procuram simplesmente assinalar o lançamento de um novo produto. 

 

Frederico Morais, por exemplo, poderá ser contratado pela TAP Portugal especificamente para a etapa do Rio de Janeiro, dando assim a conhecer a companhia aérea (que voa para o Brasil) ao longo de duas semanas. Por outro lado, Kelly Slater - que atualmente não usa praticamente logótipos nas suas pranchas - passará a estar disponível para ser contratado pela Deeply durante o CT de Peniche. Obviamente, tudo isto tem um custo anexado. 

 

Um eventual patrocínio a Gabriel Medina, apenas durante a perna australiana do CT (sensivelmente mês e meio), também passa a estar em cima a mesa. E já agora, quem nos garante que a irreverência e a juventude de Leonardo Fioravanti não passa a ser cobiçada pelas três grandes do mercado? O italiano poderia assim representar a Quiksilver, a Rip Curl e a Billabong ao longo de uma só temporada. 

 

Descabido? Claro que sim, é precisamente a ideia de hipérbole que se pretende, mas não se enganem, estas são as regras do mundo atual. Um mundo regido pelos feitos imediatos, pela popularidade fugaz e, infelizmente, um mundo onde há cada vez menos $$$ envolvidos. 

 

O presente texto é especulativo e claramente futurista, mas foca-se numa realidade que está a afetar muitos profissionais do surf, a de que são cada vez mais os surfistas sem um “main sponsor”. Para estes, obter "aquele contrato" está a tornar-se uma verdadeira façanha, uma espécie de missão impossível nos dias que correm. 

 

Urge repensar e adaptar. Rapidamente. 

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