
Haverá menos água nos Oceanos?
Acima de tudo, é preciso entender o ciclo das águas profundas da Terra…
Haverá menos água nos Oceanos?
A resposta é não, mas existe algo no interior da Terra que os cientistas ainda não conseguiram entender.
À medida que as placas tectónicas da Terra mergulham umas nas outras, arrastam três vezes mais água para o interior do planeta do que se pensava – e essa quantidade de água não está a ser devolvida pelas erupções vulcânicas.
A água que é arrastada para baixo tem necessariamente que subir — geralmente, na forma de erupções vulcânicas. A nova estimativa sobre a quantidade de água que está a ser absorvida é maior do que as estimativas da quantidade que está a ser expelida por vulcões — o que significa que algo está a escapar aos cientistas.
Usando os sismos naturais da zona de subducção propensa a terremotos na fossa das Marianas*, onde a placa do Pacífico está a deslizar por baixo da placa das Filipinas, uma equipa de investigadores da Universidade de Washington estimou a quantidade de água que está a ser incorporada nas rochas mais profundas sob a superfície da Terra.
Num estudo publicado recentemente, pela revista Nature, pode ler-se que a descoberta tem grandes implicações no entendimento do ciclo das águas profundas da Terra. Segundo é explicado, a água por baixo da superfície da Terra pode contribuir para o desenvolvimento do magma e lubrificar as falhas tectónicas, tornando os terremotos mais prováveis.
O que acontece é que a água é armazenada na estrutura cristalina dos minerais e incorporada na crosta terrestre, quer quando as placas oceânicas se formam quer quando as mesmas fraturam.
Este processo de subducção é a única forma pela qual a água penetra profundamente na crosta e no manto, mas pouco se sabe sobre a quantidade de água que se move durante o processo.
Os investigadores usaram dados recolhidos por uma rede de sensores sísmicos posicionados em redor da fossa central das Marianas no oeste do Oceano Pacífico. A parte mais profunda da fossa está localizada a quase 11 quilómetros abaixo do nível do mar. Estes sensores detetam terremotos e réplicas que ecoam na crosta terrestre.
A equipa responsável pelo estudo analisou a rapidez com que esses tremores viajavam: uma desaceleração na velocidade indicaria fraturas cheias de água em rochas e minerais “hidratados” que prendem a água dentro dos seus cristais.
Isso significa que a quantidade de água arrastada para o interior da crosta e a quantidade de água expelida nos vulcões deveriam ser aproximadamente iguais. O facto de não o serem sugere que há algo sobre a forma como a água se move através do interior da Terra que os cientistas ainda não conseguiram entender.
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* A Fossa das Marianas é o local mais profundo dos oceanos, atingindo uma profundidade de 11.034 metros. Localiza-se no Oceano Pacífico, a leste das ilhas Marianas, na fronteira convergente entre as placas tectónicas do Pacífico e das Filipinas. Geologicamente, a fossa das Marianas é resultado geomorfológico de uma zona de subducção.