Maya Rudik Maya Rudik terça-feira, 18 outubro 2016 14:22

Renato Hickel General Manager da WSL e as contas do título em Peniche

A SURFTOTAL esteve à conversa com um dos responsáveis máximos da WSL, o General Manager do World Tour, Renato Hickel.

Renato Hickel é, há 27 anos, um dos homens responsáveis pela parte técnica do circuito: contas, formatos, cenários, tudo passa pelas mãos do brasileiro. A SURFTOTAL foi falar com Hickel acerca da evolução do Circuito Mundial, desde a ASP até à WSL, o que mudou em 27 anos e, importantíssimo, quais são as contas do título mundial e se poderemos ter um campeão do Mundo, em Peniche, este ano.

SURFTOTAL - O Renato Hickel é General Manager do Tour há 27 anos. Não está cansado?

RENATO HICKEL - Não, ainda estou a gostar, por isso é que continuo (riso)...Há muita gente que faz essa pergunta. São 27 anos a dar voltas ao Mundo mas é muito gratificante, muito dinâmico, a sensação que o trabalho é sempre diferente e construímos relações nesses locais. Tenho a minha família de Peniche, a francesa, etc. É sempre refrescante.

ST - Houve muitas mudanças no Tour em 27 anos, a profissionalização, o predomínio dos surfistas anglo-saxónicos... hoje está tudo muito mais equilibrado em termos de nacionalidades.

RH - Exactamente. Há muito tempo que esperávamos que os brasileiros e europeus confrontassem em pé de igualdade os americanos, os australianos, os havaianos. Em termos de títulos mundiais, era só uma questão de tempo até um brasileiro conquistar o tão sonhado título mundial como o Medina fez e o Adriano depois confirmou. E este ano o Medina também está na luta com o John John Florence. E esperamos, no futuro, ver europeus, espanhóis, portugueses, franceses, lutarem pelo título também. Temos os polinésios franceses, do Tahiti, como o Michelle Bourez, que estava na luta pelo titulo no início do ano mas que depois se lesionou, mas ainda está no top 16 e acredito que voltará em força para o ano. É muito bom ver estas diferentes nacionalidades fazerem parte do Tour e acrescentarem diversidade.

ST -E acredito que isso tem contribuído para o aumento de fãs nesses países, certo?

RH -Claro. O Tour quer crescer em todos os aspectos e um dos objectivos da nova WSL é aumentar a base de fãs. Com isso, virão novos surfistas através dos juniores, WQS e ate ao top 34. Queremos ver japoneses, ingleses, israelitas. Da América do Sul, de África, que têm o mesmo sonho do Gabriel e do Adriano, para nomear apenas dois campeões mundiais não anglo-saxónicos. Ambos vêm de famílias que não tinham muitos recursos e fizeram do surf uma necessidade de carreira, muito mais do que alguns dos americanos, australianos ou havaianos no Tour.

ST - Fala-se muito QS e tem-se agora QSs de 10.000 pontos. Já se discutiu a possibilidade de colocar provas do circuito de qualificação em ondas de classe mundial?

RH - Sim, já se falou. Desde a criação deste modelo, temos tido essa ideia. Tivemos algumas dificuldades financeiras, devido à crise que afectou o Mundo que também afectou o WQS mas o nosso objectivo é colocar esses eventos em ondas da maior qualidade. Por exemplo, no Brasil, estamos a tentar ter os QS em Maresias ou Saquarema, dois dos melhores spots no Brasil. Na Austrália, esperamos ter o QS de 10.000 em Margaret River, é uma onda de qualidade. Ressuscitar os eventos que já tivemos nas Maldivas ou Sri Lanka. Este ano já tivemos alguns QS na Indonésia em ondas incríveis, com grande resposta das audiências. São dois eventos que podem crescer até, um dia, terem 10.000. Quanto mais qualidade tiverem as ondas do QS mais qualidade terão os 10 surfistas que qualificam para o World Tour do ano seguinte. Por isso, quanto melhores forem as ondas dos QS 10.000 e também 6.000, mais elevado será o nível dos surfistas no World Tour.

ST - A última questão tem a ver com as contas do evento e do título mundial. Quais são os cenários possíveis para o Meo Rip Curl Pro no que concerne à conquista do título?

RH - É um dos anos mais incríveis na corrida ao título. Chegamos a Portugal com 9 surfistas com possibilidade matemática de conquistar o título mundial. Até Kelly Slater e Adriano de Sousa podem ser ainda campeões mundiais. Obviamente, a corrida é entre John John e Gabriel. John John é o único que pode ganhar o Tour em Portugal. Para isso, tem de ganhar aqui e esperar que Gabriel fiquei abaixo do quinto lugar. Ou seja, que Gabriel perca antes dos quartos-de-final. Ou então, se chegar à final e for segundo e Gabriel não chegar ao round 4, também é campeão.
Mas se ambos continuarem a mostrar o surf que têm feito até aqui, a decisão será no Havai. Mas John John é o único que pode levantar o troféu de campeão mundial aqui em Peniche.

 

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