Fernando Aguerre, Presidente da ISA, à esquerda, com João Aranha, Presidente da FPS, à direita. Fernando Aguerre, Presidente da ISA, à esquerda, com João Aranha, Presidente da FPS, à direita. Foto: FPS quinta-feira, 18 agosto 2016 11:45

JOÃO ARANHA: “FOMOS UMA SELEÇÃO UNIDA, HUMILDE E COM UMA GARRA INCRÍVEL"

Em exclusivo, o Presidente da Federação Portuguesa de Surf falou à Surftotal sobre o desempenho no Mundial da Costa Rica… 

 

Foi no domingo passado que a Seleção Nacional conseguiu o segundo lugar no Mundial de Surf (ISA World Surfing Games) decorrido na Costa Rica. A medalha de prata, conquistada pelo segundo ano consecutivo nesta competição, vem provar que o Surf nacional tem qualidade e está no bom caminho. 

 

Aproveitando o regresso da comitiva lusa a casa decidimos fazer um ponto da situação com João Aranha, Presidente da Federação Portuguesa de Surf (FPS). Na entrevista que se segue não falámos apenas do desempenho da Seleção na Costa Rica, mas também da recente e importante inclusão nos Jogos Olímpicos (JO) e das vantagens que o Surf poderá daí tirar. 

 

A Seleção Nacional igualou o feito do ano passado no Mundial de Surf, o que é incrível. Parabéns! Em geral, como considerarias o desempenho da equipa, como um todo, neste mundial disputado na Costa Rica?

João Aranha: Numa palavra, fantástico. Foi uma Seleção Nacional unida, centrada, humilde e com uma garra incrível. Isto em nada diminui o feito do ano passado que foi o propulsor para demonstrar que os resultados são possíveis. Se pensarmos que que este ano as equipas de topo apostaram em levar o melhor que tinham disponível fazendo com que o nível geral da prova fosse bastante superior ao do ano passado. Por si só, isto demostra bem a força deste resultado. Claro está que muitos apostaram com vista ao Ouro Olímpico. Aliás, alguns até usavam o logótipo Olímpico nos equipamentos da equipa.

 

- A comitiva lusa no mundial da Costa Rica. 

 

Medalha de prata por dois anos consecutivos atesta por completo que o Surf Nacional é bom (e recomenda-se!). Para quando o ouro? Que falta para alcançarmos o topo do pódio?

João Aranha: Estivemos mesmo perto este ano. Liderámos a prova em alguns dias, o Peru noutros. Infelizmente, a vitória escapou por pouco. Se calhar faltou apenas alguma sorte numa ou noutra bateria. Porém, é de realçar que o Peru foi um justo vencedor. Andaram todos os dias taco a taco com a nossa Seleção. Creio que, como demonstrámos nestes dois últimos anos, os resultados são possíveis e vamos conseguir. Em todo o caso, o que se deve retirar destes dois últimos anos é a consistência e a perseverança da nossa equipa técnica, apoiada pela aposta da nossa direção.

 

"Foi uma Seleção Nacional unida, centrada, humilde e com uma garra incrível"

 

As nações sul-americanas têm-se dado bem nos últimos anos. Como analisas as recentes vitórias do Peru, este ano, e da Costa Rica, em 2015? 

João Aranha: São equipas muito fortes e com atletas incríveis. Se pensarmos que ambas usam atletas que estão nos lugares altos do WQS, percebemos a aposta. Só a Costa Rica tem três talentos incríveis - o Noe Mar, o Carlos Muñoz e a Leilani. O Perú tem o Miguel Tudela, o Lucca Mesinas a Anali Gomez, só para citar alguns deles. Além de equipas que mostraram alto nível de surf, tiveram também regularidade. No ano passado a Costa Rica ganhou tudo o que havia a ganhar. Neste ano, comparo bastante o percurso do Peru ao nosso. Foi uma equipa muito unida, calma e focada, que foi fazendo um percurso regular até chegar na final.

 

- Carol Henrique a receber instruções do selecionador nacional, David Raimundo, com o incondicional apoio da restante equipa. 

 

Foi no início do mês de agosto que vimos a confirmação do Surf nos próximos Jogos Olímpicos. Como olha o Presidente da FPS para este feito histórico? 

João Aranha: A FPS já estava a preparar o percurso Olímpico há algum tempo. Sempre achámos que ia acontecer e estamos a preparar uma apresentação sobre este tema para o final deste ano, demonstrando como se processa o programa, vantagens e desvantagens e qual o caminho que queremos seguir. Como dirigente, acho que é a maior oportunidade para o Surf entrar noutro nível de competição e estar incluído no maior evento desportivo que existe. Acredito que o surf de competição só tem a ganhar com esta inclusão. Também acredito que os Jogos Olímpicos vão ganhar um público bem mais novo e chegar onde nunca chegaram. Nesta inclusão nos JO, não nos podemos esquecer do Skate, que também foi incluído e que também está sob a tutela da FPS. Vai ser uma oportunidade para ambos os desportos.

 

"Acredito que o surf de competição só tem a ganhar com esta inclusão [nos JO].

Também acredito que os Jogos Olímpicos vão ganhar um público

bem mais novo e chegar onde nunca chegaram"

 

Para uma boa parte da comunidade, o Surf Olímpico não é tido em grande conta e levanta até muitas dúvidas na qualidade das ondas que serão apresentadas. Que vantagens pode o Surf trazer da sua presença nos Tóquio 2020?

João Aranha: Numa primeira análise, estar incluído no maior e mais respeitado evento desportivo mundial. Por outro lado, permite aos atletas abrangidos pelo programa, poderem ganhar uma medalha Olímpica, mas também ter acesso a bolsas monetárias para treino, tanto para eles como para os treinadores, além de acederem ao Estatuto de Alto Rendimento e usufruírem de todas as vantagens inerentes ao mesmo.

 

- Duas medalhas de prata consecutivas em mundiais de surf é sinal do bom trabalho e da qualidade do surf português. 

 

Com a inserção do Surf nas Olimpíadas há umas quantas coisas que mudam no panorama do Surf. Podes falar-nos um bocadinho sobre isso? 

João Aranha: Para já ainda é muito cedo porque não estão definidos os critérios de acesso aos JO, nem na forma de qualificação nem na dimensão das equipas presentes. No que respeita ás nações, como nos JO atuais, as nações são realmente as nações, ou seja, como exemplo, o Havai é um estado dos EUA, logo passa a ser apenas EUA a competir. O mesmo com o Taiti, por exemplo, que é França. Um exemplo mais próximo veio de Inglaterra em que existiam duas Federações que regulavam o desporto que se fundiram para poderem estar como uma nos JO. Vai mudar um pouco a face da competição do surf, e as bandeiras presentes, pelo menos assim.

 

Por último, aproxima-se o mundial de surf júnior, nos Açores, de 17 a 25 de setembro. Que pensamento leva a comitiva lusa na bagagem? 

João Aranha: Fazer uma grande competição e trazer um ótimo resultado.

 

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Entrevista: AF

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