CAMILA COSTA: “DEI PRIORIDADE À ESCOLA, PORQUE SENTI QUE SÓ ASSIM PODERIA ALCANÇAR OS OBJETIVOS"
O ponto da situação a meio da temporada com a jovem atleta das Caldas da Rainha...
Aproveitando o lançamento do último vídeo de Camila Costa, a campeã nacional sub-16 e sub-18 em título, que retrata uma recente experiência na Indonésia, a Surftotal aproveitou para fazer um ponto da situação a meio da temporada. Eis o que a jovem surfista das Caldas da Rainha nos contou.
Depois de dois títulos nacionais conquistados o ano passado, que tens como principal objetivo/meta para este ano?
Este ano os meus objetivos competitivos são ficar no top 2 do Rip Curl GromSearch nacional, conseguir manter os títulos no Nacional de Esperanças, obter o melhor resultado possível na(s) etapa(s) da Liga Moche em que participar e integrar a Seleção Nacional Júnior para poder representar o meu país em competições internacionais.
Como tens visto a evolução do surf nacional feminino?
Acho que evoluiu bastante nos últimos cinco anos, mas agora temos de nos esforçar mais para que não continuemos a surfar sempre no mesmo registo. Penso que temos de melhorar o nosso desempenho em ondas mais complicadas porque esse é talvez um dos fatores que nos distingue dos rapazes. Enquanto que eles conseguem fazer grandes manobras em condições difíceis, nas raparigas isso não é tão frequente. Em todo o caso, de uma maneira geral, considero que o surf feminino português está muito bom e um pequeno grupo está a mostrar-se cada vez mais a nível internacional.
Quem são para ti as melhores surfistas nacionais?
Para mim, as melhores surfistas nacionais são a Carol Henrique e a Teresa Bonvalot, porque têm um surf power, um estilo bonito e parecem ser esforçadas e focadas naquilo que querem alcançar.
E uma surfista emergente, ainda pouco conhecida, que vai dar cartas muito em breve?
A Carolina Santos, também das Caldas da Rainha. Acho que tem todo o potencial para se juntar às melhores surfistas nacionais, por ser ainda nova e pelo bom surf e espírito competitivo que já demonstrou ter na Liga Moche.
Este ano ainda não participaste na Liga Moche. Porquê?
Este ano ainda não participei em nenhuma etapa da Liga Moche, já que isso implicava faltar a muitas aulas importantes na escola. Dei prioridade à escola, porque senti que só assim poderia alcançar os meus objetivos em todas as áreas, divertir-me a surfar quando podia e sem sentir pressões desnecessárias.
Conta-nos como preenches o teu dia a dia?
Começo o meu dia na escola e a seguir há dias em que vou surfar e outros em que estudo. Por vezes, vou correr ou ao ginásio. Aos fim de semana, estudo, surfo e estou com os meus amigos. Nas férias de verão passo os dias quase sempre na praia.
Onde tens vindo a focar-te de forma a melhorar o teu surf?
Foco-me nos conselhos do meu pai, nos treinos com o meu treinador e costumo acompanhar as redes sociais de surfistas profissionais, cuja técnica também me faz querer melhorar o meu surf.
O vídeo em anexo resultou de uma recente investida à Indonésia. Conta-nos como correu a viagem?
A viagem à Indonésia foi espetacular e uma experiência completamente nova. Os cheiros são diferentes e mais intensos, as paisagens são lindas, os monumentos e cultos aos deuses são muito interessantes, o trânsito é caótico, no entanto, nunca há acidentes, e, claro, as ondas são mesmo muito boas! Observa-se ainda muita pobreza e alguma sujidade nas ruas, vê-se que o estilo de vida é mais focado numa área e na tentativa de ganhar dinheiro para o essencial. Mas, para um turista que não vive essas dificuldades, parece que as pessoas estão sempre felizes e acho que essa simpatia nos dá muito conforto. Ao início, foi um pouco difícil habituar-me ao calor, mas as ondas compensavam sempre, tinham força e ajudavam-me a fazer manobras boas. Gostei muito do crowd, não tem nada a ver com o de Portugal. Concluindo, foi uma ótima aventura com bons amigos, por tudo isto recomendo inteiramente esta viagem.
Já agora, de que forma as viagens são importantes na vida de um surfista?
As viagens que um surfista faz permitem experimentar muitos tipos de ondas, o que é bom para a nossa evolução e diversão. Para além disso, enriquecem-nos enquanto pessoas, abrem a nossa mente para a beleza e os problemas do mundo e são também um meio para conhecer novas pessoas e, eventualmente, fazer novos amigos.
Por último, que mensagem gostarias de deixar a todas as miúdas que já fazem surf, que dão os primeiros passos ou então que estão simplesmente a pensar começar?
O surf é um desporto muito bom, seja pela diversão, contato com a natureza, pelas viagens, etc. É claro que novas surfistas que gostem de competir em Portugal é sempre bom para manter vivas as competições nacionais.
Segue todos os passos de Camila Costa através da sua página oficial no Facebook, aqui.
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Entrevista: AF