DIOGO APPLETON: “O VERDADEIRO ESPÍRITO DO SURF É QUEM SE DIVERTIR MAIS”

Aproveitando o lançamento do novo filme da Rhythm falámos com o talento de Carcavelos...

 

Não há muitos surfistas que se possam gabar, mas Diogo Appleton está mesmo a viver o sonho. Este criativo free surfer e shaper português, de 23 anos, enveredou por um caminho diferente e está a trilhar a sua carreira profissional paralelamente ao mundo da competição. Há dias, aquando do lançamento do novo filme da Rhythm, “The Sound of Change Experience”, no qual ocupa um segmento inteiro em modo solo, aproveitámos para meter a conversa em dia e falar um pouco sobre tudo isto.  

 

És um surfista declaradamente mais “soul”, virado para o clássico e “retro”, mas super “tuned in”. Fala-nos um bocadinho de como o teu surf evoluiu até aqui…  

Desde pequeno que o meu surf sempre se focou na competição e como qualquer miúdo o meu sonho era ter patrocínios e pagarem-me para surfar para o resto da vida a fazer campeonatos. (risos) Na altura parecia que essa seria a única maneira de ser surfista profissional, mas acho que com o tempo fui deixando de me divertir até que quis parar de competir. Até aos meus 20 anos, surfei sempre com pranchas de high performance, o que acabou por se tornar um bocado aborrecido. Ir para a água e, independentemente das condições, as leituras de onda eram as mesmas, as manobras eram as mesmas, as sensações eram as mesmas, os objetivos eram sempre os mesmos. Enfim, a vontade de continuar por este caminho já não era a mesma de antigamente e, por esse motivo, acabei por começar a surfar com shapes diferentes, onde existem mil e uma formas de usar e explorar uma prancha de surf sem ser a habitual prancha de alta performance com três quilhas. Resumindo, usar um tipo de prancha que seja o mais funcional possível para com as ondas do momento. Quando o mar está bom realmente não há nada melhor do que uma prancha de alta performance, mas fora isso ainda há muito por explorar. As ideias são infinitas e a imaginação também e é assim que me vejo como surfista, quero explorar ao máximo a funcionalidade dos vários tipos de pranchas em diferentes ondas. 

 

"Existem mil e uma formas de usar e explorar uma prancha de surf sem ser a habitual prancha de alta performance com três quilhas"

 

- Filmagens em Marrocos para o novo filme da Rhythm. Foto: Filipe Neto

 

Por vezes, em Portugal, é difícil não seguir o “rebanho” e deixar de ir atrás atrás do circo competitivo, mas tu és o exemplo vivo de que é possível seguir uma experiência diferente e ser bem sucedido. Como é ser free surfer em Portugal? 

Não diria difícil, até acho que é bastante lógico, pois Portugal não tem a mesma cultura de surf que, por exemplo, a Austrália ou a Califórnia. As pessoas aqui seguem um único tipo de surf e isto está mais do que presente hoje em dia. Por exemplo, os miúdos que começam a fazer surf crescem a ver o mesmo tipo de surf, as mesmas pranchas e as mesmas manobras, ou seja, não é muito difícil não seguir este caminho já que eles não conhecem outro tipo de surf senão o de alta performance. Isto chega a ser influências de antigas gerações que escolheram esta vertente do surf, enquanto que na Austrália, por exemplo, existe um mundo paralelo ao da competição, onde as outras pranchas, os outros estilos, a outra forma de viver o surf está igualmente viva, por assim dizer, como a competição. Por isso, ser free surfer é exatamente isso, é ir para a praia surfar e não para treinar.

 

A música e outras formas artísticas parecem fazer parte do teu dia a dia. De que forma isso é importante para ti ou acaba por inspirar tudo o que fazes?

Todos nós somos de alguma forma influenciados pela música, uns mais do que os outros. Na minha família a música não passa despercebida, pois os meus primos cantam e tocam guitarra e acabam por ser uma grande inspiração na minha vida, principalmente quando tenho o meu primo Duarte a tocar quando estou a shapar…  

 

"Existe muito mais do surf do que se conhece e não é preciso

ir para o outro lado do mundo ver com os próprios olhos"

 

- A meter a mão em mais um blank. Foto: Filipe Neto

 

O teu pai foi shaper durante muitos anos. Essa paixão de shapar, de meter a mão no blank e de criar pranchas de surf foi ele que a passou? 

Sim, o meu pai fez pranchas durante alguns anos, mas a curiosidade de começar a shapar veio da Austrália, que foi quando me comecei a aperceber do mundo gigante que as pranchas de surf são, mas, como é óbvio, foi o meu pai que me ajudou e ensinou a fazer pranchas. Ainda hoje lhe peço sempre que veja e me dê a sua opinião sobre as pranchas que acabo de fazer. 

 

Fala-nos do novo filme da Rhythm onde deténs um segmento. Como é que surgiu essa oportunidade? 

O meu contato com  Rhythm ficou mais próximo quando fui à Austrália pela primeira vez, onde passei a conhecer as pessoas que trabalhavam na marca e ter a oportunidade de me dar a conhecer e desenvolver um relacionamento mais próximo com a marca fora de Portugal. A oportunidade de ir para Marrocos filmar foi exatamente o desenvolver do meu crescimento na Rhythm. Foi assim que surgiu o convite para fazer um dos capítulos do filme. 

 

Já agora, se conseguires, faz-nos uma sinopse do filme. Quem são os intervenientes? Por onde passa? Que mensagem visa passar?

Basicamente, o filme está dividido por capítulos e cada deles ocorre num sítio diferente. Foi atribuído, por assim dizer, um destino a cada surfista. O filme é bastante transparente, percebe-se que estamos a ver outros tipos de surf, outro tipo de estilos, outro tipo de pranchas, outro tipo de cultura, outro tipo de visões. No fundo, é a isto que eu gosto de chamar um filme de surf, existe muito mais do surf do que se conhece e não é preciso ir para o outro lado do mundo ver com os próprios olhos. Está tudo aqui, nestes 22 minutos que também engloba música e shape. O que é que há para não gostar?  

 

"O verdadeiro espírito do surf é quem se divertir mais!

Não há grande coisa a acrescentar" 

 

- O seu estilo é livre, sem etiquetas ou rótulos. Foto: Filipe Neto

 

A Rhythm, marca por quem és patrocinado, parece “colar” na perfeição com a tua maneira de ser. Que objetivos e projetos têm em conjunto para os próximos tempos?

Sim, de facto identifico-me bastante com o tipo de marca que é! Por enquanto não há objetivos a longo prazo, trocamos emails com frequência, sempre que surgirem ideias e quando alguma coisa acontece. Esta é a política da marca.

 

Por último, qual é o verdadeiro espírito do surf?

O verdadeiro espírito do surf é quem se divertir mais! Não há grande coisa a acrescentar… 

 

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Aproveita e vê o novo filme da Rhythm, “The Sound of Change Experience", clicando AQUI

Entrevista: AF

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