Foi através da fotografia que tudo começou para Bruno Smith, mas o chamamento de correr o mundo, esse, corre-lhe nas veias. Depois de muitas ondas, e muitas viagens, Bruno lançou-se num projeto que arrancou em outubro de 2015: O Mondo Lifestyle Resort, onde o conceito vai muito para além do surf. Falámos com ele para saber como surgiu este conceito.

Começaste o teu percurso no surf e mais tarde na fotografia, em Miramar. Estava nos teus horizontes um dia construir um surf resort em Bali?

Sinceramente em Bali, não, mas em Portugal, sim. Já há muitos anos que olhava para a antiga aldeia de Pedralva e sempre tive o sonho de ter uma casa/surf camp no Alentejo. Aqui na Indonésia, por estar tão ligado ao mercado do surf, tive uma boa oportunidade de negócio, arranjei um bom sítio para construir o surf resort. Canggu é uma área que está na moda, e que oferece todas as condições para ter um surf resort de qualidade. Tem ondas acessíveis, bares, restaurantes, animação noturna… é um novo desafio e estou muito entusiasmado. Espero ter muito sucesso neste meu novo negócio, nunca deixando a fotografia, claro.

Foi através da fotografia que começaste a viajar pelo mundo? Quando surgiu a primeira ida à Indonésia?

Sem dúvida que foi a fotografia que me abriu as portas ao mundo. Desde pequenino sempre tive a sorte de poder viajar bastante com os meus pais, para vários países, mas desde que comecei com a fotografia a full time, sem dúvida que me abriu as portas para conhecer destinos incríveis, a nível de surf e ondas. A fotografia foi a passaporte para muitos sítios que conheci, como as Fiji, as Mentawai. A minha primeira vinda para a Indonésia, já com intenção de fotografar, foi curiosamente para gerir um surf camp em Padang Padang.

Por que ilhas viajaste até decidires construir uma família e o surf camp? Essas experiências ajudaram a criar o conceito diferente de alojamento especializado em surf?

Quando decidi vir para a Ásia, comecei por Bali, depois tive a sorte de arranjar uns contactos e ir para as Mentawaii, a partir daí comecei a trabalhar num resort como guia de surf e fotógrafo. Comecei a fazer da fotografia o meu trabalho, mas a verdade é que não consegues viver só de vender fotos para revistas, por isso tive de arranjar outra fonte de rendimento, comecei a trabalhar com um resort, onde vendia os meus serviços de fotógrafo aos clientes, juntamente com alguns ‘pros’ que estavam pelas Mentawaii. E foi assim que consegui começar a fazer algum dinheiro. Depois comecei a trabalhar com alguns barcos, o que me fez conhecer as Mentawaii de norte a sul; também trabalhei com outros barcos que iam para os lados de Nias. Depois tive uma oportunidade fantástica, que nunca hei-de esquecer, que foi passar uma temporada nas Fiji, onde tive a felicidade de estar presente num swell histórico, se não me engano a 13 de junho de 2011, onde vi as melhores ondas de toda a minha vida. Todas estas experiências ajudara-me a ter mais noção de como ter um negócio de sucesso nesta área, observando os pontos fortes e fracos de cada resort - e foi nisso que me foquei neste negócio que iniciei em outubro. Por isso a experiência que tive nesta área foi quase como um curso da universidade sobre este tipo de negócios. Se o negócio vai ter sucesso ou não, o tempo o dirá. Mas estou a trabalhar muito para isso, e até agora o balanço é muito positivo.

Fala-nos do Mondo Lifestyle Resort. Qual o conceito, o espaço,  porquê o nome?

O nome remete para uma coisa ampla, grande. O espaço onde se situa o Mondo, que eu chamo de lifestyle resort, e não surf camp ou surf resort, situa-se no meio das plantações de arroz em Canggu, e é um espaço amplo, com 3200m2. O nosso conceito é um bocado diferente da concorrência aqui na área: chamamo-nos Mondo Lifestyle Resort, não só vendemos o surf, como procuramos pessoas que queira fazer umas férias saudáveis. Temos também aulas de yoga, pequenos almoços muito saudáveis. Temos um pacote onde combinamos as aulas de surf com yoga,  jiu jitsu, e thai boxe, são desportos que se complementam. Temos outro pacote onde fazemos um detox durante toda a semana, temos uma empresa especializada que trabalha em parceria connosco que se dedica a fazer sumos, saladas, alimentos orgânicos para quem quiser fazer um detox e combinar ao mesmo tempo com as aulas de surf e yoga. Temos também um pacote onde juntamos também alguns tours para pessoas que queiram aprender mais sobre fotografia, em mercados locais, templos, sunsets. Estamos a tentar oferecer algo diferente aos clientes, inovar.

Qual o balanço que fazes de toda esta aventura?

Sem dúvida que positivo. Isto é uma coisa de família, descendo de indonésios, brasileiros, holandeses… a minha família sempre viajou muito. Moraram na Indonésia, depois no Brasil. Passaram por Portugal, depois mudaram-se para a Holanda, por isso isto está no sangue. Adoro a minha terra natal, Miramar, e sempre que posso vou lá passar uns tempos, porque sem dúvida é um lugar muito especial para mim. Mas sempre fui uma pessoa que não consegue ficar muito tempo no mesmo sítio, desde que tenho idade para viajar e passaporte, fui para o Brasil, onde fiquei uns meses a viver sozinho, já viajei por todo o mundo e não me arrependo de nada. Agora que tenho, recentemente, uma filha, é algo que lhe vou incutir: poder viajar e conhecer o mundo, é a melhor maneira de ter novas experiências e aprender o que não se ensina na escola.

Fotos: Bruno Smith Photography
Todas as infos sobre o resort: mondoresort.com