ANDREW COTTON: "SURFAR A ONDA É O MAIS FÁCIL, TUDO O RESTO É ASSUSTADOR" Foto: Richie Hopson quarta-feira, 18 novembro 2015 11:56

ANDREW COTTON: "SURFAR A ONDA É O MAIS FÁCIL, TUDO O RESTO É ASSUSTADOR"

Entrevista exclusiva com o big rider britânico, que deixa o desafio aos cépticos sobre o 'Canhão': "Venham surfar, a opinião vai mudar depressa".



Surfista de ondas grandes, canalizador, aventureiro. Estas são algumas das facetas do britânico Andrew Cotton, um dos surfistas que mais se tem destacado nas ondas da Praia do Norte, que persegue com paixão e onde já surfou algumas das maiores ondas de sempre. Estivemos à conversa com ‘Cotty’, eis o que tinha a dizer.





A Nazaré é a onda mais perigosa que já surfaste?
Há muitos aspectos que tornam a onda perigosa. Não é apenas o tamanho gigante das ondas, mas também o facto de não ter canal, não ter uma zona segura, picos em constante mutação, o facto de precisares de ter uma equipa com experiência… a lista continua. Diria que surfar a onda é a parte fácil, tudo o resto é que é assustador.

 

Alguns big riders ainda falam sobre a Nazaré como sendo uma onda que não quebra, por vezes ‘gorda’ e sem uma grande parede no outside, apenas com um inside perigoso. Que opinião te merece?
Sim, compreendo o que dizem observando do ponto de vista de uma foto ou um video, mas também lhes digo que têm de vir surfar a onda. Depois de surfarem na Nazaré tenho a certeza que a opinião muda depressa. Não basta seres surfista de ondas grandes ou de tow in para surfar bem na Nazaré, é preciso ser um waterman completo. Pode ser uma onda capaz de tornar humilde o surfista mais experiente. Sempre encarei a Nazaré de forma séria.

 

Que tipo de ondas grandes já encaraste? Qual foi o momento mais perigoso dentro de água?
Já tive wipeouts que me magoaram e abalaram um pouco, mas para ser honesto acho que nunca tive um momento terrível no oceano, nada que me afetasse. Sempre que deixo a Nazaré, vou com vontade de voltar!

 

Já existe alguns big riders a fazer bom dinheiro, como o Laird Hamilton, Carlos Burle ou Garrett McNamara, achas que esta carreira começa a ser reconhecida pelos patrocinadores?
As ondas grandes parecem ter uma atenção mais ‘mainstream’, mas nunca surfei pelo dinheiro ou para ser rico, sou canalizador de profissão e se o dinheiro fosse a motivação, perseguia esse caminho. Os surfistas que mencionaste são pioneiros das ondas grandes, conseguiram mais do que muitos surfistas só sonham, fair play para eles.

 

Porque escolheste as ondas grandes? Queres seguir esta carreira por muito tempo?
As ondas grandes foram uma evolução natural para mim, deu-me gozo optar por este caminho e quanto maiores se tornaram as ondas, melhor me senti. Obviamente enquanto grom queria ser o próximo Kelly Slater e entrei em todas as competições no Reino Unido, mas acho que nunca passei da ronda 2!

 

Como te preparas física e mentalmente para o surf de ondas grandes?
A parte mental é muito importante, tens mesmo de querer isto. Também visualizo as ondas que quero, o que realmente ajuda. Fisicamente falando, é um aspecto que estou sempre a trabalhar, cursos de respiração, yoga, ginásio e surfar o máximo possível.

 

andrewcotton.co.uk

Twitter.com/andrew_cotton

Facebook.com/andrewcottonsurfer 

 

Entrevista por: Bernardo Seabra 

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