Aproveitando a estadia de Carlos Burle na Nazaré, onde é uma das figuras de proa da 'caça' às ondas gigantes, colocámos algumas questões ao surfista brasileiro, um dos nomes maiores na arte das ondas grandes.


O Carlos já é considerado um big rider consagrado no meio internacional, recordo muito bem a relação próxima com o Eraldo Gueiros, conta-nos um pouco de todo esse percurso desde surfista de competição até aos dias de hoje.
Sou um surfista que passou por todas as fases. Desde de amador na minha terra natal (Recife), campeonato brasileiro, circuito mundial na época da ASP, freesurfer, Big rider na remada e também a fase do tow-in, onde obtivemos excelentes resultados. Ter passado por todos esses estágios, foi essencial para o sucesso da nossa parceira. O Eraldo também veio do universo da competição. Tenho certeza que essa receita fez a diferença para o nosso sucesso. 

A onda da Nazaré ainda é vista com alguma desconfiança por alguns surfistas de ondas grandes, o argumento é de que a onda é uma rampa e que muitas vezes ela não é suficientemente oca, com uma parede extensa... qual a tua opinião? É de facto a onda mais perigosa que já surfaste?
Acho que esses argumentos são relevantes. Pois a onda tem as suas características únicas. Eu particularmente, acho que a onda de Nazaré é muito mais desafiadora do que boa para performance - o que no meu ponto de vista não tira o prazer de surfar lá. É uma onda feita para quebra de recordes por altura, gosta de velocidade e muita adrenalina. Pois é impossível relaxar com aquele Beach break monstruoso! Isso torna a onda mais perigosa que já encarei.

Os surfistas de ondas grandes normalmente aparentam uma imagem reservada e humilde, mas hoje em dia começa a exisitir muito mediatismo, por exemplo a Maya e o Pedro Scooby surfistas que aprenderam contigo a surfar ondas grandes são pessoas muito mediáticas no Brasil, não vês isso como um potencial inimigo para quem faz ondas grandes, principalmente sendo eles jovens, podendo jogar com a vaidade e o ego deles?
Penso que sim! É uma pena pensar que alguém quer surfar uma onda grande só para aparecer. Felizmente, pego ondas grandes desde da época que a prática não dava dinheiro ou media. E graças a Deus tenho a oportunidade de trabalhar com uma equipe apaixonada pelo que faz! 

Pretendes continuar nesta profissão de risco até quando?
Até ter saúde para me realizar com segurança.

O que esta profissão mais te ensinou na vida?
A ter paciência, humildade e paixão pela vida!



Por: Bernardo Seabra