TÓ-ZÉ CORREIA: “O QUE VAI DECIDIR A VINDA DE KELLY SLATER A PENICHE É O SEU CORPO" quarta-feira, 14 outubro 2015 13:56

TÓ-ZÉ CORREIA: “O QUE VAI DECIDIR A VINDA DE KELLY SLATER A PENICHE É O SEU CORPO"

Em exclusivo, o presidente da Câmara Municipal de Peniche fala sobre a sétima edição do WCT…

 

 

António José Correia, 61, presidente da Câmara Municipal de Peniche há já uma década, é uma dessas pessoas que irradia energia e felicidade. Sempre interessado e motivado no crescimento da sua cidade, a Capital da Onda, tem sido também um dos mais fortes impulsionadores do surf na região e em Portugal. Não é à toa que ficou conhecido por ser o “Coolest Mayor on Tour”. Pois bem, como o aproximar do Moche Rip Curl Pro Portugal, décima e penúltima etapa do World Tour 2015 da World Surf League, que tem lugar nos Supertubos entre 20 e 31 de outubro, metemo-nos à conversa com ele na tentativa de, por um lado, fazermos um ponto da situação, por outro, saber que novidades nos reserva esta sétima edição do campeonato mundial de surf. 

 

Que mudou em Peniche desde que o WCT ‘assentou arraiais’ em Supertubos?

Eu costumo dizer que existe um antes e pós 2009. Isto é, obviamente, marcante naquilo que se tem vindo a passar. Quem entra na cidade, por um lado, e quem percorre a estrada até Baleal-Ferrel, por outro, sente essa diferença. Particularmente com o investimento feito na área da hotelaria sendo que o novo Hotel MH Peniche, à entrada da cidade, é a expressão máxima dessa mudança. Houve um incremento na oferta de alojamento e também um melhoramento significativo na qualidade dos mesmos. Portanto, isto é extensivo a outras áreas de atividade económica como, nomeadamente, a restauração e outro tipo de serviços associados que procuram responder à demanda da procura turística diversificada. Empresas de atividades marítimo-turísticas, escolas de surf e outras pequenas empresas têm vindo a qualificar a oferta com efeitos diretos, naturalmente, ao nível do emprego local.  

 

É possível quantificar em números o retorno do CT?

O que podemos reportar melhor prende-se com o valor dos investimentos concretizados. Portanto, esses são investimentos mais objetivos e, ao nível da hotelaria, depois de 2009, estamos na ordem dos 20-25 milhões de euros que foi repartido por novas entidades hoteleiras e também naquilo que são investimentos que visam a melhoria de outras unidades. É desta ordem de grandeza de que estamos a falar... 

 

Paralelamente à competição de surf, que ações de promoção da região Oeste estão previstas para este ano?

Digamos que há um envolvimento da região Oeste e da entidade regional de Turismo do Centro relativamente à promoção do Oeste no quadro do Campeonato do Mundo de Surf. Na nossa tenda no local vamos ter a concretização da importância do Oeste na economia nacional, seja ao nível das hortícolas, empresas de produção ou atividades, vinhos e também o setor frutícola onde a pera rocha e a maçã de Alcobaça são as rainhas. Vamos contar também com a presença de empresas de outras áreas, sejam elas de transformação de produto, de artesanato ou animação cultural. Nos Paços do Município faremos a promoção de novas atividades como o “Bird Watching” e também teremos outras atividades ligadas ao ambiente graças à parceria com a COJE3 que irá efetuar um trabalho de observação, avaliação e nas medidas a tomar ao nível dos microplásticos depositados nas areias das praias. Este, como se sabe, é um problema mundial. Também vamos ter os artesãos locais, shapers, fabricantes de fatos e artesanato local associado à cultura do surf. A Câmara Municipal, por sua vez, também investiu num mini half pipe cuja atividade será minuciosamente articulada com o Peniche Surf Clube. No dia 24 vamos contribuir para a consolidação do Bodysurf, apresentando o campeão nacional e os nossos atletas ao público, ajudando a promover a atividade e toda a indústria associada. No mesmo dia, a partir das 22h, no espaço dos Bombeiros Voluntários de Peniche, tem lugar o Festival Música de Cá, uma organização da Câmara e das bandas de música locais. Como se isto não bastasse  teremos também momentos culturais bem distintos, como uma exposição de latas de conservas de outros tempos, sessões de poesia do mundo do surf e até uma exposição de pintura da autoria de Rita Fernandes. Este é definitivamente o maior evento de Peniche, da região Oeste e Centro, é o evento âncora de promoção por excelência, daí também a associação do Turismo do Centro. O impacto que tem nos media e a importante promoção que faz de Portugal torna-o no evento de topo no que diz respeito a promoção externa do país. 

 

Quantos mais anos de WCT em Peniche? 

Penso que Peniche tem valorizado, desde o primeiro momento, até desde o Rip Curl Pro Search, o surf. O que temos feito é colocado o nosso empenho e recursos no sentido que todos se sintam bem por aqui. A qualidade indiscutível da onda onde se realiza a prova também é fruto do nosso trabalho, sabendo sempre que o nosso grau de prontidão para receber e resolver problemas mantém-se. Penso que Peniche terá condições para que a World Surf League (WSL) reconheça este como um dos eventos mais importantes e assim o prolongue por muitos anos. Neste momento o país encontra-se numa reflexão política, mas o eco que tenho de todas as forças políticas é que o Campeonato do Mundo é para manter. O valor e o reconhecimento desta prova é transversal. 

 

Haverá, este ano, uma estrutura alternativa aos Supertubos?

Bem, nós estamos sempre preparados para todos os cenários. Obviamente, existem matérias que ultrapassam a Câmara Municipal e se prendem mais com a WSL, embora estejamos preparados para apoiar com todos os meios. Nesse sentido também estamos a dotar o Pico da Mota, que nos últimos anos tem vindo a brindar-nos com boas ondas, para o que der e vier. Se essa for uma alternativa, então estaremos prontos para a concretizar. 

 

Após perder em França (aqui), Kelly Slater pôs em causa a sua vinda a Peniche. Os motivos, aparentemente, prendem-se com lesões mal curadas e ainda o facto de não se encontrar já a lutar pelo título. Que comentário tece relativamente a este assunto?

Eu estive em Hossegor e falei pessoalmente com o Kelly, logo depois de ter sido eliminado. Foi uma conversa muito franca. Aliás, ele esteve muito tempo a falar primeiro com os jornalistas e só depois comigo. Às páginas tantas o que ele me disse é que quem irá decidir a sua vinda a Peniche será o seu corpo. Ele referiu o facto de ter algumas lesões para curar e o corpo é que acabará por mandar. Nunca mencionou nada sobre a hipótese de chegar ao título ou em função das ondas. Portanto, o que posso desejar é que ele possa recuperar o mais rapidamente possível a fim de marcar presença no CT de Peniche. 

 

Supertubos continua a ser o seu escritório favorito? Vai acompanhar o evento? 

Eu vou estar a acompanhar o evento todos os dias. Esteja a decorrer onde estiver. O ano passado também estivemos na Papôa e contámos com uma animação noturna de excelência que Peniche, o Baleal e todo o concelho irá proporcionar novamente este ano. Por isso, estarei em todos os palcos onde em cada momento o evento estiver a correr, com especial preferência para os Supertubos, obviamente. 

 

A paixão mantém-se? Tem feito umas ondas?

Tenho feito alguma coisa, mas ultimamente tenho estado mais focado no Stand Up Paddle (SUP) que é eventualmente a modalidade onde poderei alcançar um maior grau de evolução. A minha última conquista foi a Travessia do Tejo entre o Parque das Nações e Alcochete. Foram 16 km... Mais uma vez o deslize... Mais uma vez uma prancha... Mais uma vez a questão do Mar.

 

Uma última questão. Apesar de todo o sucesso que esta prova tem tido, que aspetos tenciona melhorar?

Quanto temos esta dimensão cultural, entendemos que há espaço de progressão. Tivéssemos mais meios financeiros e outras coisas faríamos seguramente. De qualquer forma, estamos em cima das questões ambientais e atentos ao grande afluxo de pessoas. Por isso, vamos fazer um reforço no estacionamento e na recolha de resíduos sólidos, aproveitando sempre para relembrar que as questões ambientais não podem ser uma coisa só de boca. Todas as pessoas podem ajudar a dinamizar este aspeto. Há aqui uma grande responsabilidade social e individual para que cada um cumpra com as suas obrigações. Nós vamos dinamizar, mas contamos com a ajuda de cada um. Cada campeonato tem os seus momentos, que são momentos únicos e para os quais eu apelo que não os percam. A única forma de acompanhar não é apenas através da TV e Internet, mas também estando no próprio local, de pé descalço na areia e em frente à cor do nosso Mar que é única. 

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