"A FPS apoia a inclusão do Surf como modalidade olímpica"
A segunda parte da entrevista com o Presidente da Federação Portuguesa de Surf, João Aranha.
Surf como desporto olímpico, o Mundial de Juniores que se aproxima, e um balanço - até à data - da época desportiva, foram algumas das questões que colocámos ao responsável máximo pela Federação Portuguesa de Surf. Em baixo, as respostas.
Podemos considerar quase certa a inclusão do Surf nos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio?
Sim, com mais de 90% de certeza. Até agora, historicamente, nunca houve - que nós saibamos - uma modalidade proposta para os JO que não tenha entrado no ano previsto. Piscina de ondas? A esta distância não podemos ter a certeza, mas à partida a lógica da inserção do Surf nos JO será com piscina de ondas, para garantir que as condições são iguais para todos.
Qual a posição da FPS sobre a cada vez mais provável inclusão do Surf como modalidade olímpica?
A Federação Portuguesa de Surf apoia incondicionalmente a inclusão do Surf como modalidade olímpica. Apesar de ser uma atividade de lazer, o Surf é um desporto profissionalizado. O nível de exigência das competições e do trabalho de preparação dos desportos de ondas é equiparável a qualquer outra modalidade olímpica. Os critérios para um desporto ser incluído nos Jogos Olímpicos são “a popularidade da modalidade”, a “aceitação entre os jovens” e “o potencial para promover o espírito olímpico”. Neste sentido, uma vez que cumpre todos os requisitos, acreditamos seriamente que o Surf será incluído nos desportos em competição nos Jogos Olímpicos de 2020.
Vem aí o Mundial de Juniores na Califórnia. Quais as metas da nossa equipa?
Acreditamos totalmente no potencial da nossa seleção júnior, que inclui atletas que mais que uma vez provaram o seu talento e projetaram uma imagem do país como a potência mundial de Surf que somos hoje. Assim, contamos ficar posicionados entre os cinco primeiros, mas temos todo o potencial para alcançar um resultado ainda melhor.
Com a época a caminhar para o fim, que balanço faz a FPS até à data?
Os principais objetivos desta Federação sempre foram a distinção internacional de Portugal em desportos de ondas; aumentar o número mais elevado de praticantes das modalidades tuteladas e alcançar um maior apoio do estado para os desportos de ondas. Além disso, queremos concretizar o projeto de Alto Rendimento para os atletas de desportos de ondas, e criar as condições para um país mais ativo e saudável, onde os desportos de ondas desempenhem um papel de motor de desenvolvimento económico e inclusão social.
Olhando para trás, podemos constatar efetivamente que Portugal tem conseguido, cada vez mais, um grande destaque no palco internacional competitivo de desportos de ondas. Entre os excelentes resultados dos nossos atletas e seleções, vale a pena realçar o primeiro em Bodyboard de Teresa Almeida, bem como o segundo lugar em Surf de Nicolau Von Rupp e da Selecção Nacional de Surf, nos Campeonatos do Mundo ISA (International Surfing Association), entre outras excelentes classificações.
O Surf é ainda um desporto cada vez mais popular, com mais praticantes e mais federados. Os vários projetos de solidariedade que envolvem os desportos de ondas, como é exemplo a parceria com o MSV e as iniciativas de Surf adaptado, demonstram que os desportos de ondas são crescentemente um factor de grande influência para a promoção de uma sociedade saudável e inclusiva.
Contudo, ainda há muito trabalho a fazer. Nomeadamente, atrair mais apoio governamental e e privado de forma a proporcionar aos nossos excelentes atletas o tão ambicionado projeto de Alto Rendimento, que indubitavelmente merecem.
Um bom exemplo de parceria é o apoio ás equipas nacionais por parte da KLM/Air France que além do apoio directo ás equipas proporciona vantagens aos federados. Além disso, através desta ligação a Air France, devido ao sucesso desta parceria, lançou uma promoção de isenção de pagamento de transporte de pranchas.
Na próxima época a aposta nos eventos ISA é para manter?
O investimento na participação de Portugal nos Campeonatos Mundiais ISA é estratégico, tem alcançado um retorno muito promissor, e temos potencial para conseguir ainda mais. Além dos excelentes resultados que temos conseguido, as provas da ISA têm características especialmente benéficas para os atletas portuguesas de desportos de ondas, com destaque no que diz respeito ao estatuto de Alta Rendimento. Assim, sem dúvida deveremos continuar a apostar nestas provas, como forma de promover os interesses dos nossos atletas e a imagem de Portugal como principal potência europeia de Surf. Para este ano a novidade é o retorno de uma competição da ISA, o WJSG (mundial de juniores) ao continente europeu, neste caso aos Açores na Ilha de São Miguel.