Em declarações exclusivas à SurfTotal, Luca, que já competiu pela Suíça em competições da ISA, recordou o incidente ocorrido na semana passada, durante uma sessão de surf na praia do Guincho, em que foi agredido duas vezes por outro surfista. Ainda a recuperar de uma situação difícil, Luca mostrou-se tranquilo, consciente de que ele próprio errou em determinado momento, mas acima de tudo, focado em passar uma mensagem de conciliação, para que o caso dele sirva de exemplo para que no futuro estas situações sejam erradicadas das nossas praias.

Luca começou por contar-nos que vive em Portugal “há 15 anos”, desde os dois anos de idade, portanto. “Surfei a minha primeira onda no Guincho quando tinha 4 anos.”

Naquele dia, Luca foi surfar com dois amigos, e depois de serem dropinados algumas vezes, o surfista reagiu. “Defendi os meus amigos com humor a perguntar se os homens queriam partilhar uma onda connosco”. 

O outro surfista terá dito a Luca que não pertencia ali por ser estrangeiro, ao que o mesmo retorquiu que vivia ali há 15 anos e tinha o mesmo direito de estar naquela praia. Foi aí que surgiram as primeiras ameaças por parte do agressor, com Luca a apelar à calma. 

“Na próxima onda que ele apanhou, eu estava a remar para fora e dirigiu-se com o bico da sua prancha apontada a mim. evitei a sua prancha no último segundo. ele passou ao lado da minha cabeca. Eu disse que o que ele fez foi estúpido e que eu poderia facilmente fazer a mesma coisa. Apontei o bico da minha prancha para ele, mas nao apanhei a onda para evitar mais problemas”, relatou Luca.

O outro surfista terá pedido a Luca para lhe pedir desculpa, e depois de alguma troca de palavras com Luca a pedir para ficar em paz, alertando para o facto de ter apenas 17 anos, começaram as agressões. Primeiro foi agarrado pelo pescoço, por trás, e de seguida veio o pior.

“Agarrou-me pelos ombros e deu-me uma cabeçada. Eu perco a consciência e caio da minha prancha. Quando voltei a mim, ele estava a manter a minha cabeça debaixo de água enquanto me deu múltipos socos na cabeça com a sua outra mão”, relembra Luca. “Eu ponho o meu pé contra o peito dele a tentar defender-me e libertar-me num estado de pânico sem conseguir respirar por baixo da água.  Consigo tirar o shop da minha outra perna para libertar-me dele e nado a afastar-me. Ele diz que a prancha agora é dele e deixa-me sem ela a pelo menos 20 metros do pico.  Eu saio da água a sangrar da cabeça, tonto e confuso com ondas a passarem por cima de mim”, explica.

Recebemos igualmente o relato de outras testemunhas que estavam no local, que presenciaram tudo e confirmam o testemunho de Luca. Como foi o caso de Gabrielle Fisher, que corrobora da versão de Luca e acrescenta sobre este caso: "tem havido comentários menos próprios sobre estrangeiros na água... O Luca, como muitos de nós, vive em Portugal há muitos anos. Podemos não ser classificados como 'Portugueses', mas também somos locais, e o Guincho é tão 'nosso' como de qualquer pessoal que cresceu neste lindo país e neste spot perfeito de surf." 

Luca deixa o alerta a que todos devemos estar atentos e passar a palavra: “Se eu não tivesse alguma experiência e não estivesse habituado a reter a respiração, poderia ser uma situação potencialmente mortal.”  O surfista do Guincho admite ele próprio ter aprendido uma lição, e que no futuro não dará importância a episódios destes.

Em suma, fica uma lição para todos nós. Ninguém tem o direito de oprimir ninguém no mar, que é de todos. Qualquer agressividade deve ficar em terra e que este incidente sirva de catalisador para que sobressaiam as energias positivas que só o surf nos dá, e onde a violência não pode ter lugar. O mais importante é isto: