BRUNO SANTOS: UM BRASILEIRO QUE AFINAL TEM SANGUE PORTUGUÊS

O surfista dedicou a vitória em Carcavelos a Ricardinho.

 

 

Foi o grande vencedor do Allianz Capítulo Perfeito powered by Billabong. Viajou para Portugal para representar Ricardinho, e acabou por levar para o Brasil o tão almejado título da 4.ª edição do evento. Assim que terminou o seu heat da final – que defrontou com Nic von Rupp, Tiago Pires e Ruben Gonzalez – Bruno Santos apontou para o céu em jeito de homenagem a Ricardo dos Santos, que faleceu no mês passado após um tiroteio junto à sua casa na Guarda do Embaú. Bruninho fez tudo para levar o prémio de volta para terras de vera cruz e até agradeceu ao amigo por lhe ter enviado as ondas certas. A SurfTotal esteve à conversa com o vencedor da competição, e conta-te tudo.


Como está sendo essa sua passagem por Portugal? Você já conhecia Carcavelos?
Está sendo bem bacana. É a primeira vez que surfo aqui em Carcavelos! Fiquei a saber que esse ano haveria vagas para atletas estrangeiros na prova, em outubro, em Peniche, depois de uma conversa com o Rui [Costa]. Esse formato de campeonato é bem a minha cara. Todos os meus melhores resultados foram em ondas tubulares, então fiquei bem feliz com o convite. Na verdade fiquei em 4.º lugar, mas depois com a tragédia que foi a morte do Ricardo… acabei substituindo ele.


Você sente o peso da responsabilidade de substituir o Ricardinho ou é mais um estímulo?
Acho que é um estímulo a mais, como se estivesse representando ele, é o tipo de onda e de campeonato que ele ia super bem. Em que sempre se destacou. Não vejo como um peso, mas um estímulo.


Qual a sua relação com Portugal?
Venho bastante a Portugal, na verdade tenho até passaporte português. Parte da minha família é daqui. Tenho “Almeida” e “Santos” no nome. A minha família está espalhada pelo país. Quanto a surfar por cá, já competi em Peniche no WCT, num dos primeiros anos. Disputei também vários anos o WQS em Ribeira d’Ilhas. Eu venho muito para Portugal.


A sua filha fez anos nesses dias e você também. Como é estar longe de casa?
É um pouco chato, mas ao mesmo tempo ao conseguir um bom resultado aqui vai de presente para ela e para mim. Quando surgiu a vaga, já sabia que o campeonato podia rolar a qualquer momento, acabou coincidindo com o carnaval e o meu aniversário e dela. Mas faz parte. Como eu vivo viajando já passei outras datas longe, mas a festa vai ser quando regressar. E se Deus quiser levo um presente bacana para ela.


Para onde você vai de seguida?
Daqui volto para Brasil, estava em Búzios com a minha família antes de vir para Portugal. E por enquanto não tenho nenhum campeonato. No final de março devo fazer uma viagem para a Indonésia, para gravar um programa para o canal Off, para os meus patrocinadores. Depois só tenho o Padang Cup na Indonésia.


Você tem acompanhado o WT? Como vê esse “time” de brasileiros cada vez mais reforçado?
O WT está cada vez mais disputado. O Brasil nunca esteve tão bem representado, tão bem preparado como com essa geração que está aí. Apesar de pouca idade, eles têm uma bagagem muito boa, e estão com esse estímulo, impulso, a mais que foi a vitória do Gabriel [Medina]. Vão dar trabalho ainda esse ano e no próximo, são novos, bem preparados e com vontade. O Gabriel quebrou essa barreira, sempre teve excelentes resultados mas faltava o título. O povo brasileiro já estava sonhando com esse título há muito tempo, e vai dar um estímulo a mais para o resto do “time”. Tem ainda o Mineirinho [Adriano de Souza] que apesar de pouca idade é já um veterano, já está no tour há 8 anos. Sempre achei ele um dos favoritos. E tem o resto do “time”. O Wiggolly [Dantas] que está entrando esse ano mas que é fera, super preparado para o tipo de onda que vai encontrar no WT. Tem o Filipinho [Filipe Toledo] que é fenómeno, muito novo, como o Gabriel, o Jadson [André] já com experiência, e o Ítalo [Ferreira] que é novato mas guerreiro, como o Jadson. O Brasil nunca esteve tão bem representado.

 

Patrícia Tadeia

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