"ANGOLA TEM CONDIÇÕES PARA SE TORNAR UMA PARAGEM PARA OS CIRCUITOS MUNDIAIS"

Falámos com a Social Team Angola sobre o panorama do surf naquele país.



As condições sempre estiveram lá, mas apenas agora se começa a falar de forma mais insistente sobre as potencialidades para a indústria do surf em Angola. Estivemos à conversa com Mayra Prata Fernandes da Social Team Angola, que é uma das empresas que mais tem impulsionado o desenvolvimento do surf em terras angolanas - nomeadamente com o evento Social Surf Weekend - para medir o pulso à evolução do desporto por lá.


Que evolução têm sentido no surf em Angola nos últimos anos?
Nos últimos anos temos assistido com muito orgulho à exposição mundial das excelentes condições de surf em Angola e isso despertou um interesse por parte de algumas entidades que passaram a olhar para o surf de uma maneira diferente.  Além disso o surf apenas está a dar os seus primeiros passos, aconteceram os primeiros eventos de surf e existe uma vontade muito grande por parte de vários surfistas para contribuírem na evolução do surf e aos poucos vamos sabendo de vários projectos que se tentam desenvolver.

 

Até que ponto tem sido importante a influência dos expatriados? E já agora, para além dos portugueses, que outras nacionalidades estão presentes na ‘cena’ do surf por aí?
A influência do expatriados no surf foi fundamental, foram eles que trouxeram o surf para Angola e foram passando conhecimento e material aos locais. Entretanto foi-se criando um um grupo de jovens angolanos a surfar em Cabo Ledo. Algo um pouco virgem, bem certo, mas as Jagas de Cabo Ledo, por exemplo, que já ganharam os dois campeonatos do Social Surf Weekend (SSW), dominam as suas ondas. São peixinhos na água e têm uma curiosidade imensa cada vez que surge um surfista novo. Hoje em dia já temos vários angolanos a praticarem surf e que vão influenciando mais angolanos para a modalidade e aos poucos vai deixando de ser um desporto só praticado por expatriados. Como em todas as áreas, a diversidade contribui para a evolução e a existência de expatriados permite a troca de experiências e aprendizagem de outras ondas que os jovens de Cabo Ledo não têm. Assim como estes jovens partilham todos os dias peculiaridades que esta praia tem com quem aqui chega. Além dos portugueses, que são a maioria e partilham as ondas todos os fins-de-semana com estes jovens, temos surfistas israelitas, brasileiros, italianos, franceses…


Relativamente aos angolanos, sentem que os locais cada vez mais se interessam pelo desporto? Como tem sido essa evolução?
Cada vez há mais angolanos a quererem aprender surf, além disso sente-se que no meio da sociedade o surf vai ganhando o seu espaço e um reconhecimento maior


Em termos de organizações ligadas ao surf, qual o panorama existe neste momento?
Neste momento não existem escolas, existem alguns projectos que mais cedo ou mais tarde vão acabar por surgir, além disso já existe um departamento dentro da federação de desportos náuticos que pouco a pouco vai tentando criar condições para o desenvolvimento do desporto, e claro, o Social Team tem tido um papel fundamental com a organização dos primeiros eventos de surf e apoio aos surfistas de Cabo Ledo.

 

Acham que no futuro um local como a Praia dos Surfistas em Cabo Ledo oferece condições para receber provas internacionais?
Cabo Ledo é uma praia incrível, um excelente palco de surf e é uma das regiões do país que mais aposta no turismo e o surf será sem duvida será um dos cartões de visita. Mas não é só Cabo Ledo, grande parte da costa angolana hoje em dia já oferece condições para provas internacionais. É certo que essas provas vão chegar e Angola vai poder mostrar que tem condições para se tornar uma paragem obrigatória nos circuitos mundiais.    

Acreditam que o surf tem/terá um papel importante para as comunidades locais criarem uma cultura de mar (preocupações ambientais, indústria, etc)?
O surf tem garantidamente um papel fundamental para as comunidades locais. Quer do ponto de vista da preservação das praias, mensagem que fazemos questão de transmitir em todos os nossos eventos, como da envolvência com o dito "intruso". Muita gente de fora, que não tem que ser necessariamente estrangeira, vai a Cabo Ledo, famílias inteiras passam fins-de-semana nas suas praias. Cria-se a necessidade de quem lá vive olhar para as oportunidades que podem surgir e quem visita fazer o mesmo. É uma situação win-win, todos ganham e o investimento na zona já se tem sentido. Tornando o local mais apetecível com eventos atractivos só há espaço para melhorar.

 

Do ponto de vista da Social Team, a vossa aposta no surf é para continuar? Que apostas têm para o futuro nesse sentido?7. Continuar a apostar no SSW, captar mais adeptos da modalidade, trabalhando especialmente com jovens e crianças, por termos notado que há grande potencial e tornar a modalidade uma atracção por toda a costa angolana, onde as ondas se impõem. Estamos a falar de desporto que se completa com turismo, aliado ao ambiente familiar, em que todos podem participar (pais, filhos e até avós), ao contrário de muitas outras modalidades. O nosso grande objectivo é que o SSW seja uma prova de calendário, que convide surfistas estrangeiros a experimentar as nossas ondas, a divertir-se connosco. O surf é mais do que competição, é o pleno de gozo de dominar a onda ou ceder ao seu domínio (o que também acontece e não tão poucas vezes assim).

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