Nuno Trovão foi um dos nomeados para os Prémios da Confederação do Desporto de Portugal. Este é um galardão atribuído anualmente pela Confederação do Desporto de Portugal no decorrer da Gala do Desporto. Oriundo da Figueira da Foz, foi nomeado para a categoria “Melhor Treinador” pela Federação Portuguesa de Surf – pelo trabalho que tem desenvolvido, por exemplo, com Miguel Adão.

Embora tenha estado entre os nomeados da FPS, no passado dia 30, um júri composto por mais de uma centena de personalidades ligadas ao desporto elegeu os cinco candidatos finais de cada categoria. Nuno Trovão não ficou entre os “5 mais” da sua categoria, mas o seu pupilo sim. Miguel Adão está nomeado na categoria “Jovem Promessa” com a modalidade (Surf – neste caso bodyboard). 

Os vencedores de cada uma das cinco categorias (Atleta Masculino, Feminino, Jovem Promessa, Equipa e Treinador) serão conhecidos no dia 12 de novembro, na 19ª Gala do Desporto, que vai decorrer no Casino Estoril. Os cinco finalistas de cada categoria vão estar submetidos à votação online do público (com um peso de 60%) e à votação dos presentes na Gala do Desporto. Nesta Gala ainda haverá, no entanto, mais prémios para representantes da FPS, instituição que tem tido um ano em grande.

Isto porque na Gala do Desporto é igualmente entregue o Prémio "Personalidade do Ano" a desportistas e entidades indicados pelas filiadas da CDP (uma indicação por cada federação). Assim, coube a Francisco Spínola receber esta nomeação da FPS, pelo excelente trabalho que tem desenvolvido na divulgação do surf no nosso país. Mas há atletas com "entrada direta" para o palco e receber um galardão, pelos excelentes resultados alcançados nas suas carreiras. São eles os nossos campeões Vasco Ribeiro (campeão mundial junior 2014), Hugo Pinheiro e Ruben Gonzalez (este dois pelos títulos alcançados em 2013 - ambos campeões no Eurosurf 2013). Miguel Adão, além de estar nomeado na categoria "Jovem Promessa", receberá ainda o prémio de Campeão devido ao "ouro" alcançado no Eurojunior 2014. 

Mas voltemos ao início. Depois de ter sido nomeado para os Prémios da Confederação do Desporto de Portugal, a SurfTotal aproveitou e falou com Nuno Trovão sobre esta distinção. Fica a conhecer melhor este treinador.

Como te sentes ao ser nomeado para este prémio?
Foi uma grande honra e totalmente inesperado ser nomeado pela Federação de Surf para este prémio, o meu nome estar entre todas federações do País e todos desportos que se praticam em Portugal.

Quando e onde serão conhecidos os vencedores?
Esta nomeação por parte da Federação de Surf foi uma primeira fase o qual depois o júri da Confederação Desporto apura os 5 finalistas que foram divulgados no passado dia 30 de outubro o qual eu não me apurei, a seguir irão ser submetidos a votação online e o resultado final será anunciado no dia 12 de novembro da Gala do Desporto no Casino do Estoril.

Quais eram as tuas expetativas?
Não tenho grandes expectativas porque não trabalho para prémios, trabalho para evoluir como pessoa, treinador e fazer evoluir os meus atletas que treino, esse é o meu objetivo e os títulos e sorrisos dos meus atletas os meus prémios.

Além de ti, da FPS estavam ainda nomeados o Miguel Adão, o Vasco Ribeiro, a Teresa Bonvalot e a equipa Onda do Norte. O que achas do facto de, entre os treinadores da FPS estar um treinador de Bodyboard?
Todos os outros nomeados são grandes exemplos e futuras referências dos desportos de ondas em Portugal, alguns deles até Mundiais como o Vasquinho que é campeão Mundial Júnior e o Miguel Adão que foi 3º lugar no Mundial de Bodyboard Júnior. São do  melhor que o nosso país tem produzido e atrás deles estão pessoas tão válidas e tão competentes naquilo que fazem em prol do seus desportos. Apesar de o Surf ter tantas provas e tantos bons atletas a lutar em vários circuitos e com bons resultados que merecem esta nomeação, acho que a Direção da Federação ao nomear-me quis premiar o trabalho que desenvolvo com os meus atletas e os títulos Europeus e Mundiais que consegui com eles a representarem a Selecção nacional desde 2010. Ana Adão foi Campeã Europeia Júnior 2010, Luis Pereira com Bronze nos World Bodyboarding Games em 2011, Miguel Adão foi Vice Campeão Europeu Júnior em 2012 e Campeão Europeu Júnior em 2014. Também acho que esta nova Direcção quis passar a mensagem de que a FPS é uma Federação que tem sobre a sua tutela vários desportos e por isso este ano premiaram um Bodyboarder que treina Bodyboard, pratica Bodyboard, Longboard e SUP e para 2015 pode ser um qualquer treinador de qualquer modalidade de ondas.

Ainda sentes alguma separação entre o surf e bodyboard? A que se deve?
Acho que hoje em dia deve haver uma separação entre Bodyboard e Surf, são desportos cada vez mais diferentes, nas características das ondas que cada um procura,  diferentes atletas, são diferentes as organizações, a visão de desenvolvimento de cada desporto é diferente  e o Bodyboard é amador e o Surf profissional. Não há comparação, não pode haver, a única coisa que é comum são as ondas. Mas também defendo que por serem desportos parecidos mas diferentes pode haver projectos em conjunto de free surf como já existe em Portugal e com enorme sucesso. Detesto aqueles Bodyboarders velhos do restelos que reclamam que o Bodyboard deve ter o mesmo dinheiro e mesmas chances que o Surf, mas será que o Bodyboard já fez o que o Surf fez para estar onde está e ter as mesmas chances do Surf? O Bodyboard deve criar uma imagem diferente do Surf e isso é o que falta e mais organização e menos amadorismo. Há ainda alguma rivalidade dentro de água, mas isso é porque há falta de respeito e picardias localistas, se houver respeito mútuo entre praticantes e até mesmo instituições tudo será mais fácil. Penso que em Portugal nos atletas de topo de ambos desportos esta questão não existe porque até ambos se ajudam uns aos outros a puxar os seus limites nomeadamente a surfar slabs e na Praia Norte e há ali muito respeito. Tem que haver respeito porque cada um anda com a prancha que escolheu e as ondas são de todos. Pessoalmente dentro de água e fora dela respeitam-me como Bodyboarder que sou, em qualquer parte do Mundo onde já estive, às vezes ainda na minha terra existe sempre alguém que tenta não me respeitar, mas eu acho isso normal, porque a Figueira é terra duma grande comunidade de Bodyboarders e eu sou um pouco o impulsionador dessa comunidade.

Como é um bom treinador? Que características tem de ter?
Um bom treinador têm que ser disciplinador, rígido, motivador nato, saber ouvir os seus atletas, manter-se sempre informado de tudo à volta do desporto, ter uma grande força de vontade de aprender novas coisas e evoluir o seu pensamento conforme a evolução do desporto, praticar com regularidade o desporto que treina, ter uma boa relação com os pais dos atletas e acima de tudo amar o que faz. Eu penso que no Bodyboard deve ser assim, acho que no Surf também o deve ser, apesar das diferenças e que no Surf há mais dinheiro envolvido por isso os treinadores de Surf do nosso país devem ter em conta esse aspecto em conta.

Como tem sido o trabalho com o Miguel Adão até agora?
Trabalhar com Miguel Adão tem sido uma aventura muito grande, porque além de ser o seu treinador ele, é um grande amigo e eu sou um pouco o seu segundo pai. Temos tido altos e baixos, tanto eu e o Miguel temos feitios muito especiais e por vezes somos um tanto ao quanto calados, não somos perfeitos, temos muitos defeitos, mas temos conseguido entender-nos e isso têm dado os seus frutos. Conheço-o muito bem e sei quando ele está bem ou não, quando está motivado ou não, é um atleta super inteligente dentro de água a competir ou no free surf, sabe ouvir e conversar comigo quando não concorda com algo, mas acima de tudo é humilde e uma pessoa tranquila, que apenas se quer divertir a fazer Bodyboard e estar com os amigos. São 10 anos a conviver com ele e é um dos grandes projetos da minha vida como treinador. Está a ser um ano de sonho, que ainda não acabou e ainda pode conquistar mais coisas-Espero que sim. Sei que na cabeça dele e na minha, isto ainda é só o começo e acho que passa pelo Miguel a renovação do Bodyboard Nacional.

Patrícia Tadeia