SURF.ART: "TODAS AS CRIANÇAS TÊM POTENCIAL"

Projeto procura voluntários para ajudar a integrar estas crianças na sociedade.

 

Promover a melhoria do bem-estar social e o sucesso na vida de crianças e jovens através da prática desportiva do Surf e do contacto com a Natureza é o grande objetivo deste projeto. O Surf.Art nasceu em janeiro de 2013 pela mão dos surfistas Paulo Cana e Nuno Fazenda e com o apoio da autarquia de Cascais. Neste momento, já vai na segunda edição e está à procura de toda a ajuda possível! Por isso, se és surfista e gostavas de ajudar estas crianças, durante algumas horas do teu dia, lê com atenção. A SurfTotal falou com o mentor Paulo Canas sobre o projeto. E ficámos a saber que além de voluntários, o Surf.Art precisa ainda de fatos de surf 4.3 para crianças com 7/8 anos de idade. Fica o apelo às marcas!

 

Em que consiste o vosso projeto Surf.Art?

O Surf.Art é um programa de Educação Vivencial onde as crianças e jovens são envolvidas ativamente nas sessões de Surf. Através do aprender fazendo e das reflexões em grupo sobre as suas experiências no mar, as crianças desenvolvem competências para a vida. Com o apoio da Câmara Municipal de Cascais, Surf Academia e as lojas Ericeira Surf & Skate, o Surf.Art nesta segunda geração vai acompanhar um grupo de 26 crianças do 2º ano da Escola EB1 n.º3 de Alcoitão localizada no Bairro da Cruz Vermelha, concelho de Cascais. O programa integra ainda apoio ao estudo e acompanhamento familiar.

 

Como e quando nasceu?

O Projeto Surf.Art nasceu como uma iniciativa de empreendedorismo social da Associação Pressley Ridge, implementada a partir de Janeiro de 2013, pelos mentores surfistas Paulo Canas e Nuno Fazenda. O Nuno Fazenda e eu erámos perfeitos desconhecidos até nos termos cruzado na Pressley Ridge, IPSS de origem norte-americana que atua em Portugal desde 1988, destinada a promover a integração e bem-estar de crianças e jovens com problemas de ajustamento e desenvolvimento, em estreita correlação com as suas famílias e comunidades.

Como surfistas que somos, logo nos tornámos amigos e companheiros de surfada mas só mais tarde, durante um brainstorming promovido pela associação, onde fomos desafiados a propor novos projetos sociais, e aí percebemos que o interesse mútuo pelas ondas não se reduzia às nossas surfadas nos intervalos para almoço: apresentámos ideias que incluíam o surf como importante ferramenta de inclusão social e desenvolvimento de competências pessoais junto de crianças e jovens em situações de vulnerabilidade social.

Em Setembro de 2011, quando o projeto SURF.ART ainda não passava de uma ideia na nossa cabeça, realizámos uma candidatura ao II Bootcamp do Instituto de Empreendedorismo Social (IES), onde fomos um dos três finalistas entre 16 projetos candidatos. Aqui tivémos a oportunidade de materializar um protótipo do projeto, propondo o ensino do surf a crianças de bairros carenciados como forma de lhes proporcionar uma vida saudável e a sua integração na sociedade. Levámos uma ideia mais ou menos estruturada e, durante um fim-de-semana, desenhámos o plano de implementação, definindo o modelo de negócio e identificando potenciais investidores com o apoio de um grupo de mentores especializados do IES.

Seguiu-se, em Maio de 2012, a 6ª edição do Concurso de Ideias de Negócio do Concelho de Cascais, iniciativa destinada a promover novas ideias de negócio e facilitar o acesso dos seus mentores a fontes de financiamento, onde o SURF.ART foi novamente finalista na categoria de Empreendedorismo Social. Pouco depois, com o apoio da Câmara Municipal de Cascais, da Surf Academia e da Escola EB1 n.º3 de Alcoitão, concelho de Cascais, o projeto viu finalmente a luz do dia, encontrando-se no terreno desde Janeiro de 2013.

 

Quais os vossos principais objetivos?

Pensando nas crianças e jovens inseridas em bairros desfavorecidos, considerando que a maioria tem perspectivas desfavoráveis sobre a vida, onde os contextos são pouco estimuladores e construtivos, estão presentes vários factores de risco que alimentam um ciclo vicioso que se perpetua repetidamente ao longo da sua vida. A delinquência, os contactos com a justiça e a existência de poucas perspectivas sociais são consequências que fazem com que crianças e jovens corram o risco de desenvolver dificuldades emocionais e de comportamento e consequentemente dificuldades de integração na sociedade.

Para responder a este problema, a nossa intervenção para o desenvolvimento positivo das crianças tem procurado desenvolver um conjunto de factores que lhes dêem coragem para arriscar, mesmo quando encarando uma situação de grande adversidade (consideramos os humanos como resilientes por natureza). Acreditamos que até as crianças que viveram e continuam expostas a acontecimentos traumáticos podem moldar as suas vidas num sentido optimista, ao desenvolverem forças e competências e contarem com o apoio das pessoas mais significativas na sua vida.

No projecto SURF.ART usamos uma metodologia de intervenção baseada numa abordagem ecológica e sustentada na formação de uma aliança terapêutica, onde o ensino e a aprendizagem são pilares entre a equipa SURF.ART e as crianças.

Pretendemos assim, proporcionar ao longo do projeto um sentimento de pertença através da criação de um ambiente de suporte que permita procurar dar apoio às crianças e jovens no sentido de estas alcançarem e desenvolverem o seu sentido de competência, proporcionarem oportunidades de se preocuparem com o outro e ser solidários, promovendo assim a generosidade.

Utilizamos o desporto, que para nós, não é um fim em si próprio, não é um mero resultado, mas sim um processo, um meio para atingir objetivos e uma ferramenta que nos permite alcançar metas. O surf surge porque para além de sermos praticantes, acreditamos que sendo considerado um desporto aventura, de risco, de difícil execução, pode proporcionar excelentes momentos de aprendizagem. Permite que os jovens lutem por um envolvimento imediato e sustentável com objetivos e consequências. Ao experienciar o sucesso e o fracasso, a criança percebe que para ter uma vivência bem sucedida, que por si mesma é terapêutica (por exemplo, conseguir apanhar uma onda, fazer o takeoff e vir até ao final da onda), tem que planear, pôr em ação e no fim refleti-la, para perceber o que correu bem e o que tem que melhorar. Para além disto, alguns estudos que têm vindo a ser feitos, demonstram que o simples contato do ser Humano com água é relaxante e terapêutico.

Na prática, chamamos de sessão e Educação Vivencial e Terapia pela Aventura às aulas de Surf. Usamos uma metodologia vivencial para dinamizar estas sessões, processo que envolve ativamente as crianças na EXPERIÊNCIA trazendo os benefícios e consequências. Com isto pretendemos que estas crianças façam descobertas e vivenciem o conhecimento por si próprios em vez de ouvirem apenas a experiência de outros e ao refletirem, desenvolvem assim novas competências, novas atitudes e novas teorias ou formas de pensar que depois poderão transferir para o seu dia a dia. Podem igualmente relacionar o conhecimento e teoria que têm com a experiência para melhor compreenderem ou modificarem o comportamento actual. Parafraseando a frase de Confúcio (500 a.C.)“A nossa maior glória não está em nunca cairmos, mas sim em nos levantarmos de cada vez que caímos.”.



Quantas pessoas têm a trabalhar convosco? 

No terreno, e de uma forma regular durante o ano lectivo, temos 4 a 6 pessoas entre a Associação Pressley Ridge, Surf Academia e surfistas voluntários. Nas atividades de caractér pontual (Workshops Temáticos, Surf Camps, etc.) contamos sempre com o apoio de voluntários e Instituições ou Empresas para este efeito. O Hélio Valentim é o “nosso” relizador que nos acompanha dentro e fora na água registando os momentos simbólicos via imagem e vídeo. Foi o responsável da realização da curta-metragem ‘No mar somos todos iguais’ - http://vimeo.com/79908765 - sobre a nossa viagem. O Vasco Guia de Abreu é o nosso criativo voluntário que criou a identidade da marca Surf.Art nos seus vários suportes on e offline.

 

Sei que procuram alguns surfistas para vos ajudar. Quer deixar algum apelo?

Nesta segunda geração do projeto, passámos de 14 a 26 crianças que iremos acompanhar semanalmente durante o ano lectivo. Por essa razão, necessitamos de surfistas voluntários com experiência de trabalho com crianças e jovens (ex.: Monitor de Campos de Férias) e que acreditem que todas as crianças têm potencial! As aulas decorrerão na praia de Carcavelos às segundas, quintas e sábados no período da tarde. As aulas serão dinamizadas em parceira com a Surf Academia, sediada no Cascais Surf Center.

Os interessados deverão contactar-nos via facebook: https://www.facebook.com/ProjetoSurfart

 

Patrícia Tadeia

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