DEREK RABELO: "O MEU SONHO? PEGAR UM BELO TUBO EM PIPE!"

O surfista cego esteve recentemente em Portugal.

 

Derek Rabelo é um surfista brasileiro de 21 anos que nasceu cego. Não poder ver foi sempre algo natural para Derek, mas, mesmo assim, este jovem adaptou-se … e aos 2 anos já tinha uma prancha nos pés. Um dos seus sonhos de criança era poder surfar. Aliás, o seu nome é inspirado no surfista havaiano Derek Ho. E talvez por isso, aos 17 anos, tenha decidido matricular-se numa escola de surf. Apesar de sofrer de glaucoma congénito, este jovem nunca desistiu. Desafiou-se e começou a surfar, primeiro com a ajuda do instrutor e depois sozinho. E mais, Derek fez mesmo o impensável: surfou em Pipeline… onde quebram algumas das ondas mais perigosas do mundo.  

Depois desta paragem no Havai, o surfista brasileiro já está à procura de outros desafios e quer mesmo surfar as ondas da Indonésia e do México. Entretanto, esteve em Portugal a promover o filme “Beyond Sight”, que conta com as participações de Kelly Slater, Rob Machado, Bethany Hamilton ou Joel Parkinson. A SurfTotal esteve à conversa com Derek e conta-te um pouco mais sobre este jovem que é a prova viva de que, afinal, as barreiras não existem.

 

Conta-me, antes de mais, tudo sobre o filme que estiveste a promover por Portugal? Como surgiu a ideia? De que fala?

É um filme emocionante que conta a história de um garoto cego e como ele vem se superando no dia a dia durante anos. Ele fala basicamente do que Deus pode fazer com as nossas vidas. A ideia já veio de um outro filme que estava sendo feito que conta um pouco da minha vida.

 

Como foi esta viagem a Portugal? Foi a tua primeira vez em Portugal? O que achaste do País?

É bom conhecer a terra dos patrícios! Excelente comida, belos lugares, conheci muitas pessoas e com certeza fiz belas amizades! Foi a minha primeira vez em Portugal, sim. Foi bom demais conhecer de perto essa terra e peguei ótimas ondas aí.

 

O surf vem já no teu sangue. É de família, certo?  

É verdade! Meus tios e meu pai surfam e sempre morei a uns quarteirões da praia. Aos 2 anos de idade ganhei minha primeira prancha (guardo ela até hoje). Meu pai já me colocava para brincar na prancha dele (não gostava muito… tinha receio). Quando o mar crescia ele me pegava e íamos para depois da rebentação. Isso tudo desde pequeno, tomava alguns caldos mas gostava muito e tenho saudades. Então não tinha para onde correr… tinha que ser o surf. Aos 12 anos de idade fui morar com o meu pai que foi morar a um quarteirão da praia e o trabalho dos meus pais também era em frente da praia.

 

O teu nome é inspirado no Derek Ho, certo? Que histórias é que a tua família te conta sobre isso?

O meu pai admirava muito os irmãos Ho, assim como outros também. Mas o baixinho Derek encantava meu pai e ele é havaiano, e o Havai encanta qualquer surfista. Nasci em 1992 e em 1993 ele foi campeão mundial (risos).

 

Quando recebeste a tua primeira prancha já sofrias de glaucoma congénito. Como foi isso? Quando começaste a surfar? E como conseguiste te superar?

Aos dois anos recebi a primeira prancha. Fui encarando tudo normalmente. Estava no meu mundo. Ia surfar sempre… Às vezes sozinho, mas nos feriados e no verão, o meu pai não deixava. Eu passava em cima das pessoas. Então, só ia quando tinha um parceiro ou meu pai comigo. Na verdade, Deus nos direcciona. É Ele que nos mostra o caminho. Mas o meu pai preocupado com o meu futuro, desde pequenino que me atribuiu tarefas, como lavar louça, ir ao supermercado, dobrar roupa (mas roupa não tenho paciência [risos]), até lavar o banheiro eu aprendi! Ele me tratava como uma pessoa normal e sempre me dizia que eu era capaz de fazer tudo. Mas dedicar-me mesmo ao surf foi aos 17 anos. Deus me deu esse dom, mas eu devo muito ao professor Fábio Maru. Foi ele quem abraçou a causa.

 

Já surfaste ao lado de Kelly Slater? É verdade que ele colocou uma venda para surfar? Como foi? O que falaram na altura?

Sim, ficámos colegas! Ele vendou os olhos e fomos surfar. Ele disse que é uma sensação horrível… Para mim é normal [risos]. Aprendi muito com o Kelly.

 

Como foi surfar em Pipeline? Era o teu sonho, certo? Não tiveste medo?

O Havai é o sonho de qualquer surfista e Pipeline é a meca do surf. Eu não tenho medo, mas sei respeitar o mar e os limites de cada um.

 

Que outros sonhos tens?

Pegar um belo tubo em Pipe e continuar surfando ondas cada vez maiores.

 

Será que me consegues descrever como sentes as ondas quando elas estão a vir? Qual a sensação? Tens de ter todos os sentidos mais apurados...

Sim, eu consigo entrar e passar a rebentação sozinho. Sinto que tenho que afundar ou largar a prancha, às vezes erro e aí vem aquele caldo. Fico muito atento ao barulho, ao balanço do mar, mas para dropar tenho que ter um parceiro para me direcionar.

 

Nunca viste o mar... Como o descreves?

A natureza é maravilhosa e o mar é um presente de Deus e onde eu trabalho. É a minha vida!

 

Uma curiosidade. Sabias que aqui em Portugal nós temos um barco típico que se chama Rabelo? São embarcações típicas do Rio Douro que transportavam as pipas de Vinho do Porto do Alto Douro até Vila Nova de Gaia - Porto.  

Não! Não sabia, que bacana! Com certeza meus ancestrais vieram de Portugal. Vou contar isso para minha família.

 

[risos] Queres deixar mais alguma mensagem?

Gostaria de agradecer a todos os que acreditam em mim e apoiam o meu trabalho e aos meus patrocinadores BILLABONG, KELL'YS WHITEWATER PARK, SANDALIAS  COBIAN, ÓCULOS EVOKE, PRANCHAS AKIWASE SOULS 4 JESUS.

 

Patrícia Tadeia

 

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NOTA: Para contactar o Derek Rabelo para algum evento é só enviar email para  Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

 

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