AVENTURA DE SURF NA PATAGÓNIA EM "PALESTRA" NA ERICEIRA

Joaquín, de 26, e Julián, de 28, acreditam que é possível viver do que mais se gosta e sem limites

 

“Tierra de Patagones” retrata a história de dois irmãos que se aventuraram pela região da Patagónia durante seis meses em busca de novas descobertas, novos amigos, novas culturas e novas ondas.

Começou por ser um sonho de criança, mas acabou por se tornar realidade, quando em 2010 Joaquín e Julián Azulay decidiram agarrar na prancha e percorrer a Califórnia até ao sul do Chile, dando assim início ao projeto Gauchos del Mar. “Durante quatro/cinco dias, acampámos e convivemos com a gente local. Fomos filmando e surgiu o nosso primeiro filme, que foi um enorme sucesso para nós. Ganhámos nove prémios nos festivais e isso deu-nos força para avançar com este segundo filme ”, explicou Joaquín, que se encontra em Portugal, na Ericeira, para a 3ª edição do Allianz Portuguese Surf Film Festival, que teve início oficial na quinta-feira.

 

Ontem foi a vez de assistirmos a “Tierra de Patagones”, um filme produzido pelos próprios protagonistas. Dois irmãos argentinos que se aventuraram pela Patagónia para explorarem o que há lá de melhor. “No primeiro filme nem tínhamos patrocinadores, não tínhamos nada. Tivemos de trabalhar para isso e agora melhorámos um pouco. Já temos melhores câmaras, apoio de marcas como a Patagónia, o que tornou o trabalho mais fácil. Mas não queríamos perder a essência da nossa viagem, das suas gentes, por isso quisemos contar a história dos lugares por onde passámos.”

 

Filhos de pai surfista, Jorge foi quem os lançou ao mar. “Ele foi um dos pioneiros no surf na Argentina no ano de 63. Tem agora 71 anos e continua a surfar e a minha mãe também. É lindo podermos partilhar o surf em família”, disse satisfeito.

 

Licenciado em administração de empresas, com 26 anos, quase a completar os 27, não é isso que quer fazer da vida. Julián, por seu turno, licenciado em arquitectura, também não está para aí virado. “Quis tirar o curso porque há ali uma metodologia de estudo, o que é importante e quando comecei a estudar decidi que tinha de terminar e ficar formado. É uma questão de realização pessoal”, contou Joaquín, que também tentou seguir os passos de Messi no futebol. “A vida dá voltas…”

 

O objectivo de ambos é simples: apanhar ondas, transmitir liberdade, pureza, igualdade e defender tudo aquilo que existe na natureza. “Não é só chegar, surfar e sair. É morar com eles [os locais de uma região], aprender os seus costumes, trocar culturas e partilhar”, acrescenta o gaucho - alcunha dada pelo amigo Mateo, que conheceram durante a primeira viagem, na Baja Califórnia, por “serem argentinos e surfarem todos os dias.” O nome pegou.

 

Por ali foram ajudando na lavoura e até ensinaram os mais pequenos a surfar. Na maior parte das vezes ficavam a dormir em praias selvagens, algumas com difícil acesso, ou então em casa de amigos que foram fazendo pelo caminho. “Penso que o mais difícil foi encontrar boas ondas. A Patagónia é muito inconsistente e tens que ter muita sorte. As condições são adversas, o clima é muito frio, muito vento, água gelada. Mas por outro lado, é isso que a torna um sítio lindo.”

 

De todos os locais por onde passaram na Patagónia, Joaquín diz-nos que foi a Ilha de los Estados que os marcou mais. “É um lugar praticamente inacessível. Chegar lá de barco é muito perigoso, mas vale a pena… a ilha é espetacular, a paisagem… é tudo muito intenso. Nós nem sabemos navegar, mas quando metemos uma coisa na cabeça só queremos fazer acontecer. E é também isso que queremos tentar transmitir: que com esforço e atitude podemos fazer qualquer coisa.” Nem mais.

 

E a melhor onda surfada? “Foi na província de Chubut, Argentina. Encontrámos ali ondas que nunca foram exploradas e são muito boas.” Por agora está na hora de explorar a costa do oeste portuguesa e foi onde esteve ontem a surfar. “Já tinha estado em Portugal, em Sagres, mas aqui é a primeira vez. Hoje fui surfar aqui perto, sem fato e a água estava gelada”, disse ainda com arrepios. Pouca coisa para quem já esteve na ponta do mundo. 

 

BS

 

 

  • Créditos fotos: Luís Firmo/ Allianz Portuguese Surf Film Festival

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