Catarina apaixonou-se pelo surf por causa da Ericeira, e hoje em dia é uma espectadora assídua do CT em Peniche
"O entusiasmo e o vibrar com milhares de fãs na praia é das melhores sensações".
O surf tem crescido a um ritmo avassalador. O nível do surf profissional não tem parado de surpreender, o número de surfistas amadores e ocasionais aumenta a cada ano, e os eventos e conteúdos de surf quebram recorrentemente recordes de audiências. Há cada vez mais fãs de surf - pessoas que não fazem surf, e por isso não estão "por dentro" desta indústria e desta cultura, mas acompanham os eventos, os campeonatos, os resultados, têm surfistas favoritos e fazem previsões de resultados.
Possivelmente, fãs de surf perguntam-se como será a vida de um surfista. Mas será que os surfistas também não se perguntam como é o surf da perspectiva de quem vê de fora? É para responder a essa pergunta que a Surftotal criou esta rubrica: vamos conversar com alguns fãs do surf e descobrir o que o cativa neste desporto. Se és um fã do surf e tens um ponto de vista interessante para partilhar, fala connosco! Queremos ouvir a tua história.
A entrevistada de hoje é a Catarina Gomes, que se apaixonou pelo surf por causa da Ericeira, um dos lugares em Portugal onde mais se vive e respira surf. Através do seu trabalho, Catarina foi-se conectando mais e mais com o surf, e hoje em dia não abdica da passagem por Peniche para assistir à etapa portuguesa do CT.
Tatiana Weston-Webb // Catarina Gomes
Nome, idade, cidade onde vive?
Catarina, 29 anos, Sintra
"Sou apaixonada pelo mar."
Como se começou a interessar pelo surf?
Há cerca de uns três anos comecei a sair pela Ericeira com amigos e frequentávamos imenso a Boardriders porque um amigo tinha um projeto de skate com a malta de lá. Nessa altura fui ganhando confiança com algumas pessoas e fazendo amizades que ainda hoje duram. Este ano faz precisamente dois anos que comecei a trabalhar na Quiksilver. Além de trabalhar aqui, sou fotógrafa de “landscape” e apaixonada pelo mar. Desde que iniciei a minha jornada na Quiksilver, comecei a fotografar em campeonatos de surf e desde então que o meu trabalho me levou a conectar com alguns fotógrafos no mundo do surf e alguns surfistas de renome.
"A sustentabilidade e a ecologia estão cada vez mais ligadas ao surf."
O que a cativa mais no surf?
O facto do surf estar ligado ao respeito à natureza. A sustentabilidade e a ecologia estão cada vez mais ligadas ao surf, sendo o surf um grande aliado do desenvolvimento sustentável. A poluição dos oceanos, um tema que é tanto falado, por exemplo, é uma preocupação constante e é um tema levantado por muitos surfistas de renome que respeitam o mar e a natureza como um todo.
Há quantos anos já se dirige à etapa Portuguesa do Mundial de surf em Peniche?
O primeiro CT em Peniche em que estive presente foi em 2022. Sendo a única paragem do CT na Europa, não se pode perder um único ano.
Filipe Toledo // Catarina Gomes
Qual foi a sua etapa preferida até ao momento e porquê?
A melhor para mim foi em 2022. Recordo-me de acordar às 6 da manhã para estar na praia a tempo do nascer do sol, levei uma manta, uma cadeira e a máquina fotográfica para assistir à final que decorria naquela manhã. Era um dia de semana e a praia estava quase vazia. O Kelly Slater passava e todos gritavam, o Griffin tirava fotos com os miúdos enquanto gritavam “Griffin, I love you”. Nesse ano conquistou a vitória, juntamente com a Tatiana Weston-Webb.
Catarina e Griffin Colapinto
"Admiro todos os surfistas."
Quais são os seus surfistas internacionais favoritos (masculino e feminino)? E nacionais?
Poderia mencionar nomes mas há pouco tempo assisti a um documentário na HBO que me fez refletir e fez-me ter respeito e admiração pelos surfistas em geral e não apenas por um ou dois.
É certo que muitos surfistas já surfaram as melhores e maiores ondas e realmente se destacaram na história do surf, mas infelizmente muitos desses nomes que hoje são bons, passaram por muitas adversidades ao longo da vida e refugiaram-se no surf como uma fuga para os seus problemas. Temos bons surfistas nacionais, daqueles que nos enchem de orgulho em ser português. Mas também temos bons surfistas internacionais. Todos com um estilo de surf diferente e todos bons à sua maneira.
Taylor Knox mencionou no documentário e vale destacar "No surf é tudo uma questão de estado de espírito. Quem se diverte, ganha."
E esse deveria de ser sempre o lema. Em geral admiro todos os surfistas.
O que a tem levado a ser uma espectadora presencial e atenta às etapas do mundial em Peniche?
O ambiente e a oportunidade de poder ver os melhores surfistas mundiais numa das nossas praias portuguesas. Dos melhores campeonatos no nosso país menciono o de Peniche e o Vissla na Ericeira em Outubro. Todos vivem aquele momento, o entusiasmo e o vibrar com milhares de fãs na praia é das melhores sensações.
O que a leva a seguir e a ler o portal Surftotal?
Não há muitos sites portugueses de surf centrados tanto no surf nacional e internacional que nos mantenham informados diariamente com notícias do surf em Portugal e no resto do mundo. Seja em relação aos eventos ou às previsões do surf, como as câmaras ao vivo das nossas praias.
O que poderia ser melhorado para os espectadores em Peniche?
Terem maior variedade de roulotes de comida e com preços mais acessíveis, mesmo durante a semana, porque o ano passado a maioria estava fechada e as que estavam abertas praticavam valores super elevados para a comida que vendiam.
Também terem um ecrã com as pontuações dos surfistas, para não estarmos a acompanhar através do site da WSL em direto. Isso ajudaria o público em geral e os surfistas que estão na água, pois nem sempre é perceptível pelo altifalante.
Quem vai vencer este ano?
Diria Jack Robinson ou algum surfista brasileiro, e a surfista australiana Molly Picklum ou a Caity Simmers dos EUA. As minhas apostas vão para esses.
Griffin Colapinto // Catarina Gomes