A Surftotal está em cima do acontecimento no que diz respeito às eleições para a Presidência da Federação Portuguesa de Surf para o próximo triénio. Enviamos questões a ambos os cabeças de lista das duas listas que se propõe a gerir o Surf Nacional já a partir de 05 de Março de 2022. A primeira lista a responder foi a de João Guedes, ao qual lhe efectuamos as questões directamente. João diz não querer protagonismo e remeteu as questões para um dos membros da direcção candidata, Miguel Ruivo e este respondeu abaixo:

Miguel Ruivo dá a cara pela 1ª entrevista à Surftotal da Lista encabeçada por João Guedes

Surftotal: Conta-nos como têm sido os teus últimos dois anos em termos de Surf, o que tens vindo a fazer? 

Miguel Ruivo: Como sabes estou na Ericeira e envolvido na industria do Surf há décadas, enquanto atleta e treinador há mais tempo, mas também como dirigente e empresário. 

Em relação a este desafio em integrar uma lista candidata à Direcção da FPS, como surgiu?

Miguel Ruivo: O facto de um Surfista e empresário como o João Guedes estar disponível para assumir a condução do Surf Nacional nos próximos anos é uma oportunidade que não podemos desperdiçar. Ele contactou-me para ajudá-lo no projecto e é um amigo a quem eu não digo não.

A FPS há muito que gere o Surf nacional de costas voltadas para os Clubes, e esta é A grande oportunidade de devolver aos Clubes a sua identidade e trazê-los de volta para o panorama do Surf Nacional. Não podemos pensar que é possível ter uma modalidade Olímpica a funcionar no seu pleno sem a participação de Clubes saudáveis e com condições para se desenvolverem junto das suas comunidades, principalmente na relação com os praticantes mais jovens.

Surftotal: Qual ou quais os  grandes objectivos caso a Vossa lista vença estas eleições?

Miguel Ruivo: O nosso programa que está disponível para consulta online, é ambicioso e transversal na medida em que pretendemos intervir nas principais áreas que suportam as diferentes modalidades sob alçada da FPS. Propomos medidas positivas e que a comunidade ligada ao Surf há muito reclama. Algumas medidas serão de simples implementação outras nem por isso, mas estamos determinados a tentar dar um contributo muito positivo para todos os envolvidos, nomeadamente:

Melhorar a estrutura competitiva ao nível da sua organização em todo o território nacional, partindo das camadas mais jovens para cima e naturalmente com a ajuda do trabalho desenvolvido pelos Clubes.  

Melhorar as condições de trabalho e acesso aos programas de alto rendimento, Selecções Nacionais e Projecto Olímpico.

Participar de forma consequente na Regulamentação e Ordenamento da modalidade, ajudando Municípios e Estado a melhor regular as questões dos licenciamentos para treino, turismo, aluguer de material entre outras.

E finalmente fazer regressar os Clubes ao seu lugar e criar condições e mercado para Treinadores aspirarem a uma carreira profissional digna. 

Surftotal: Identificaste coisas positivas na gestão das direções anteriores da FPS? podes nomear alguns?

Miguel Ruivo: Naturalmente que temos que reconhecer mérito por tudo o que as anteriores Direcções de bom desenvolveram e o papel que desempenharam até aqui. Porém nunca saberemos como teria sido se tivessem optado por políticas diferentes daquelas que seguiram. 

Surftotal: E que lacunas principais identificaste ao longo destes anos?

Miguel Ruivo: Penso que foi muito prejudicial a forma leviana como desenvolveram a formação de formadores. Focaram-se apenas no beneficio financeiro para a própria FPS e fecharam os olhos ao impacto negativo de uma formação mal feita, sem critérios e sem planeamento. 

Estiveram também muito focados em garantir o sucesso das competições profissionais mas deixaram para trás o Surf Amador e os Clubes.

E mais recentemente, embora sejam expeditos a cobrar às escolas de surf elevadas taxas de certificação, têm-se mostrado muito pouco solidários com o sector. 

Nesse sentido, devem também ter a humildade de assumir a responsabilidade sobre aquilo que correu mal e/ou ficou por fazer. 

Surftotal: Há um plano por exemplo para a angariação de um maior numero de federados, visto esse factor ser determinante para que a FPS tenha mais força junto ao Instituto de Desporto assim como ao comité Olímpico nacional?

Miguel Ruivo: Os Clubes têm que ser estimulados para poderem fazer o seu papel na formação das bases do desporto. O seu envolvimento no panorama desportivo nacional resultará naturalmente numa modalidade com regulamentos mais justos e integradores, atletas em maior número, melhor acompanhados e preparados. 

Com os Clubes a funcionar bem e a modalidade justamente Regulada poderão prosperar também as Escolas de Surf e Treinadores quer estejam orientados para o treino ou para as actividades ligadas ao Turismo.

Este tipo de medidas irá alavancar o aumento do número de praticantes federados, que se mantém inexplicavelmente baixo e com pouca variação há mais de 10 anos, apesar do aumento quase exponencial do interesse no Surf e do número de praticantes. Esse aumento irá ajudar a financiar e a profissionalizar os Clubes e, por inerência, a própria Federação.

Surftotal: Algo mais a dizer?

Miguel Ruivo: Somos um grupo de Surfistas com um percurso de vida sempre pautado por uma extraordinária paixão pelo Surf e acreditamos que podemos dar um contributo muito positivo à modalidade. 

Não nos move nenhuma questão pessoal contra a actual Direcção da FPS e muito menos contra qualquer elemento da mesma, por quem tenho, em alguns casos, sincera amizade. 

Entendemos apenas que nesta altura estão reunidas as condições para uma mudança de atitude e em estrito cumprimento dos estatutos propomos-nos a eleições que pretendemos disputar de forma democrática e com a maior cordialidade. 

Fica agora nas mãos do agentes do Surf interessados a escolha daquela que acharem a melhor solução. Apelo a todos que se façam representar na AG do próximo dia 5 para exercer o seu direito de voto.

Programa completo desta lista pode ser consultado aqui