Paulo do Bairro lutará por vagas olímpicas com a equipa de surf Dinamarquesa quarta-feira, 19 maio 2021 13:46

Paulo do Bairro lutará por vagas olímpicas com a equipa de surf Dinamarquesa

No Mundial, será um dos quatro treinadores de nacionalidade portuguesa a treinar equipas internacionais...

 

São quatros os selecionadores de nacionalidade portuguesa que treinarão equipas internacionais e marcarão presença nos World Surfing Games ISA, que decorrem já a partir do dia 29 deste mês. As equipas lutarão por uma vaga olímpica nos Jogos que decorrem já este Verão. David Raimundo treinará a Seleção Portuguesa, José Manuel Sousa Braga a da Grã-Bretanha, Pedro Barbudo a Seleção Russa e Paulo do Bairro a Dinamarquesa.

A Surftotal entrevistou cada um destes treinadores para saber um pouco mais sobre as suas perspectivas para este mundial e para as qualificações para a estreia do surf nos Jogos Olímpicos. O treinador de nacionalidade portuguesa da equipa da Dinamarca, Paulo do Bairro esteve à conversa com a Surftotal e revelou-nos as suas opiniões, algumas um tanto distintas das dos treinadores José Sousa Braga e Pedro Barbudo.

 

 

Surftotal: Qual a importância que, na sua opinião, os jogos Olímpicos virão a ter no surf como desporto? Poderemos ver o surf noutro patamar na nossa sociedade? Se sim, porquê?

Paulo do Bairro: Uma importância grande, vai trazer mais visibilidade, mais dinheiro para as Federações e para os atletas que terão uma possibilidade de treinar mais especificamente para os Jogos Olímpicos, porque esse budgets, segundo sei, são canalizados para os atletas poderem treinar. Devido a isto é que têm surgido novas federações, como a da Rússia, da Turquia, do Irão.. Têm surgido novas Feredações presentes em alguns campeonatos (alguns da ISA) devido ao Surf ser Olímpico e agora existir a disponibilização dessas verbas. O surf está a entrar num patamar completamente diferente do que até aqui estava. 

 

Surftotal: Portugal tem neste momento quatro seleccionadores nacionais em quatro equipas diferentes, Rússia, Grã- Bretanha, Dinamarca e Portugal. Na tua opinião o nosso País é um forno de produção de treinadores de surf de elevada qualidade? Como vê e comenta este facto?

Paulo do Bairro: Sem dúvida, não por me incluir nesse lote, mas porque tudo tem sido feito para que as pessoas interessadas possam ter meios à sua disposição para prosseguir a sua educação. Basta mencionar que a Universidade Lusófona dá o curso de treinadores e o leque de professores leccionam faz desse curso, no meu ponto de vista, dos melhores cursos em Portugal. Isso só acontece devido à grande aposta na formação. Enquanto que se calhar os outros países têm cursos mais curtos e com menos amplitude de conhecimento, os cursos em Portugal são bastante abrangentes e preparam muito bem os novos treinadores. 

 

 

Surftotal: As ondas onde irão decorrer os jogos Olímpicos serão compatíveis com a imagem que o surf quer deixar passar para as grandes massas de audiências?

Paulo do Bairro: Provavelmente não, mas pelo evento que é (Jogos Olímpicos), por si só, já é um palco gigante para mostrar o surf e para fazer passar o surf como um desporto. É a primeira vez, portanto será um bocadinho uma experiência. Apesar de não ser a melhor imagem, é melhor do que nenhuma. 

 

Surftotal: Como vê que pode mudar a realidade do surf a seguir aos jogos Olímpicos? Que aspectos poderão melhorar?

Paulo do Bairro: Primeiramente, se há mais visibilidade, subirá o número de praticantes e toda a indústria ligada ao surf vai crescer ainda mais. Haverá, provavelmente, mais orçamento disponível para os atletas profissionais e os campeonatos talvez terão mais premiação. Estes serão aspetos positivos, mas haverão aspetos negativos como o aumento do crowd. 

 

 

 

"A indústria ligada ao surf vai crescer ainda mais,

mas também haverão aspetos negativos"

 

 

 

Surftotal: Como vê a prestação da seleção que orientas em Salvador e quantos atletas acredita que se poderão qualificar para os Jogos Olímpicos?

Paulo do Bairro: A prestação será modesta. O interessante da participação não será a prestação e sim dar-lhes a oportunidade de estar num palco com os melhores surfistas do mundo, porque neste momento pelo facto de os campeonatos da ISa serem campeonatos onde se qualificam atletas para os Jogos Olímpicos muitos do top mundial estarão lá e esta é uma oportunidade de ouro para atletas com menos nível poderem participar e estar no mesmo evento que atletas de top. Se não fosse assim muito dificilmente poderiam participar, pois só se qualificando para o CT poderiam estar com estes atletas. O surf, sendo um desporto olímpico, já começa a produzir efeitos: há mais verbas disponíveis para países que não têm historial de surf (como a Dinamarca) que lhe dão oportunidade de participarem nestas competições. Talvez sem o surf na olimpíadas, não teriam essas verbas e essa oportunidade.

 

 

 

"A prestação da equipa dinamarquesa será modesta e

o importante é dar-lhes a oportunidade de estar no mesmo palco

que os melhores surfistas do mundo"

 

 

 

Surftotal: Jogos Olímpicos de Surf versus World Championship Tour, qual destes dois um atleta terá mais chances de vingar e se tornar profissional de surf?

Paulo do Bairro: Nos dois. Não estou a ver um surfista dedicar-se apenas aos Jogos Olímpicos e não ser um atleta de topo. A única forma de isso acontecer seria se existisse um campeonato em algum sítio mais específico (como Pipeline) em que a qualificação para os jogos olímpicos em Pipeline contemplasse ondas do mesmo tipo e aí entrariam os especialistas, como existem muitos no Hawaii, no Taiti e até na Europa e aí sim podíamos ver algum tipo de diferentes surfistas, que não são do WCT. Por isso acho que as duas competições estão ligadas, ou seja, o atleta do WCT vingará no WCT, mas também nos jogos olímpicos. Muito provavelmente o campeão dos jogos olímpicos será um surfista de topo mundial e um profissional de primeira linha do WCT. 

 

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