Neco Pyrrait: “A Ericeira fez de mim o surfista que sou hoje"

Em exclusivo, uma entrevista com um dos valores atuais do surf nacional... 

 

Henrique “Neco” Pyrrait, de 19 anos, é um dos jovens surfistas formados nas ondas lusitanas e em especial na rica zona de surf da Ericeira. Recentemente, juntamente com uma vasta armada de “groms”, cruzou as águas da Austrália em busca de alguma adrenalina, muito calor e, claro, evolução. À Surftotal ele fez o resumo dessa aventura e revelou ainda por onde passam os objetivos da temporada. 

 

Surftotal: Fala-nos um bocadinho do teu background. Como foi crescer pelas ondas da Ericeira?

Neco Pyrrait: Crescer nas ondas Ericeira foi ótimo para mim. Fez com que amasse surfar de backside, pois vivo no sítio com melhores direitas de Portugal! Ao mesmo tempo esta é uma terra que me faz amar esquerdas devido à Pedra Branca que é dos meus picos favoritos. Crescer numa zona como a Ericeira fez de mim o surfista que sou hoje. Num espaço de 10 km há mais de 20 picos bons! Cresci num dos melhores lugares da Europa e arrisco-me mesmo a dizer dos melhores lugares do mundo, e não só pelas excelentes ondas! Não poderia ter crescido num sítio melhor! 

 

ST: Desde muito cedo contaste com o apoio e orientação do teu pai [José Maria Pyrrait]. De que forma isso se traduz na evolução do teu surf?

NP: É verdade, desde muito cedo contei com a ajuda do meu pai que passado uns anos virou meu treinador! Sem dúvida, isso influenciou imenso a minha evolução, pois eu passo 24h com uma pessoa me quer ajudar a evoluir, e não só me quer ajudar a evoluir como sabe como o fazer! Mas nem sempre foi fácil para mim separar a relação pai/treinador. Às vezes ainda é! (risos)

 

"Cresci num dos melhores lugares da Europa e arrisco-me

mesmo a dizer dos melhores lugares do mundo"

 

- Uma das imagens que marca a aventura pelo Down Under. Foto: Arquivo Pessoal

 

Foste um dos muitos surfistas lusos que optou por passar uma temporada na Austrália. Porquê a Austrália e não, por exemplo, o Havai ou a Indonésia?

Comecei o meu ano na Austrália por uma razão bastante simples: o meu treinador/pai organizou um estágio por lá com o seu grupo de treino e mais alguns que não fazem parte do nosso grupo de trabalho, mas que se juntaram a nós nesta viagem. Na altura do ano em que foi, o destino não poderia ser outro, o mundo do surf estava ali! Indonésia e o Havai estão para breve se tudo correr bem! 

 

Faz-nos um resumo dessa aventura pela Gold Coast?

Bem, Gold Coast foi um sonho realizado. Acordar às 5h da manhã e ir surfar de calções, em ondas boas e com amigos. Não há nada melhor que isso! Foi um mês que pareceu uma semana! Tivemos sempre ali entre D-Bah e Kirra, pois a nossa casa era mesmo em frente a Kirra. Comprámos bicicletas e esse foi o nosso meio de transporte 90% das vezes. Foi um mês de muitos treinos e muitas ondas boas no meio dos melhores surfistas do mundo! 

 

 

Em que tipo de surfistas tens vindo a procurar inspiração? 

Eu inspiro-me em muitos surfistas, mas há uns mais que outros, como é óbvio. Surfistas como o nosso Tiago Pires é a minha maior inspiração, desde que me lembro de surfar que ele é o número 1! Mick Fanning, Owen Wrigth, Dane Reynolds, Medina, Adriano de Souza, todos estes e muitos outros são uma fonte de inspiração e um exemplo para mim. Todos eles têm uma razão em comum para mim, que é o seu surf incrível! E depois, entre eles, há outras razões que fazem deles verdadeiros exemplos, como o estilo, o “power", a raça, etc. Porém, não são só estes surfistas de topo mundial que me motivam, surfistas que me motivam muito são também alguns dos meus melhores amigos, como o Martim Magalhães, o Carrasco, o Rua ou o Arran. Eles também são exemplos para mim! 

 

"A qualificação do Kikas é algo que não me surpreende,

só não estava à espera que fosse tão rápido"

 

Kikas, por exemplo, é já um exemplo para todos os surfstas portugueses. Como vês a sua qualificação para o World Tour e quais te parecem ser os seus principais trunfos? 

A qualificação do Kikas é algo que não me surpreende, só não estava à espera que fosse tão rápido. O Kikas tem um surf que se enquadra muito bem no CT. Acho que o surf de “rail" dele é, sem dúvida, um dos melhores do mundo e estou muito curioso para o ver a competir em ondas como Bells Beach e J-Bay. Parece-me que tem tudo para brilhar! 

 

Liga MEO Surf e também a nível internacional, QS e afins. Até onde queres chegar este ano?

Seja na Liga MEO Surf ou nos QS’s, o meu principal objetivo é o mesmo, que é praticar um surf forte, pois se conseguir mostrar o meu surf sei que os resultados também vão aparecer. No ano passado acabei em 22.º lugar no ranking da Liga, este ano o objetivo é melhor essa qualificação; e no QS terminei em 330.º lugar, e o objetivo também passa por melhorar. Também gostava de fazer uma ou duas surf trips para além da que já fiz à Austrália.  

 

- A competir na dura e exigente Qualifying Series da WSL. Foto: WSL/Poullenot

 

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Entrevista: AF

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