Em Margaret foram à final os surfistas que surfaram melhor. Em Margaret foram à final os surfistas que surfaram melhor. Foto: WSL quarta-feira, 20 abril 2016 11:21

ANÁLISE: DRUG AWARE MARGARET RIVER PRO

Pedro Barbosa, juiz internacional, faz a análise exaustiva da terceira etapa do World Tour…

 

 

Drug Aware Margaret River Pro: a terceira prova da perna australiana, na expectativa que existisse swell suficiente para North Point. Isso não aconteceu e a prova foi das menos emotivas que tivemos dos últimos tempos, apesar de estarem umas ondas! Começámos o evento com mais uma notícia avassaladora: o melhor vice-campeão de sempre, que nunca foi campeão mundial, surfista fora de série e um dos mais excitantes de ver de sempre, abandona o World Tour. Um surfista genial que, infelizmente, nunca se sagrou campeão mundial. Boa onda e muito simpático. Como o próprio afirma, “não foi feito para ser campeão mundial”, mas está super satisfeito com aquilo que fez.  Eu recordo-me de o ver chegar ao tour com um nome esquisito, mas com um talento invulgar. Mais tarde, com os filmes que fez - Montaj e Sabotaj - viria a ser uma das grandes referências para qualquer jovem que ambicionasse ser surfista profissional. Fica aqui um video como uma pequena homenagem a um dos surfistas mais talentosos de sempre. Talentos como este não aparecem todos os dias no tour, vamos sentir a sua falta Taj! 

 

 

Dito isto, o circuito apresenta-se num ano atípico, mesmo em jeito de mudança. Vejamos o nº 1 do mundo - Matt Wilkinson. Em anos anteriores, conhecido por ter barriguinha e gostar muito de festa. O próprio quando ganha os eventos fica espantado e de forma natural diz: “What’s going on here?”

 

Em 2º lugar temos o “Captain Positive Vibe” que este ano entra com “injury replacement wildcard” e cujo o objectivo é “aim low achieve high”. Claramente o anos dos freak talentosos. Para se ser campeão do mundo pode ser necessário um pouco mais ou não! No entanto, adivinha-se um ano interessante com as saídas dos eternos Top 5, o Slater a fazer experiências e um Parko longe da forma de anos anteriores. Esta é uma prova difícil onde o surf por vezes exige pranchas maiores que o normal e onde alguns surfistas apresentam alguma dificuldade de adaptação.

 

Em termos de surpresas, o Wiggoly continua a ter momentos brilhantes mas a falhar em momentos cruciais da prova. Quem falha pouco e merece aqui um destaque é o grande novo representante do velho continente, Leo Fioravanti. O nº 1 do ranking mundial de qualificação parece ser o nosso próximo representante na 1º divisão. Competidor calculista, com surf sólido e com pormenores interessantes, o Leo nestas condições difíceis teve uma prestação brilhante. Aparentemente, parece ter menos velocidade que os rapazes do topo.  

 

Apesar da prova ter sido relativamente “boring”, o Wiggoly Dantas proporcionou excelentes momentos como nesta onda onde apresentou o surf de backside mais intenso do tour. Os seus bottoms e ataque ao lip são, sem dúvida, uma das referências.  

 

 

Melhor performance e surfista com factor X

O surfista com a melhor performance coincidiu mais uma vez com o vencedor do evento. Sebastian Zietz, formado nas ondas de Pine Trees, Kauai, tendo com referência os irmãos Irons, vence e merecidamente a sua primeira prova do World Tour. Especialmente na final o seu surf fez elevar o nível geral, baixo, desta prova e com duas ondas excelentes, venceu claramente o segundo melhor surfista do evento. 

 

O surfista em ascensão

Julian Wilson foi o surfista que mais posições subiu no ranking (doze) a seguir ao Zietz (quinze). Na minha opinião, juntamente com Dusty Pane (que está fora), Jordy, John John e o Gabriel, o quinteto que poderia dar um novo fôlego ao tour, todos têm experiência suficiente, contudo, os resultados teimam em aparecer. Esta onda do Julian mostra bem a qualidade do seu surf, apesar de começar com um carve com pouca amplitude a segunda manobra numa secção super difícil de gerir é muito boa e sem perder qualquer velocidade faz um excelente carve mesmo a rasgar no critico da onda. Os seus bottoms são “state of art” e é aqui que começa o nível de excelência do seu surf.

 

 

As ondas e as decisões dos calls

As ondas estiveram razoáveis, mas não posso dizer que Margaret River seja a onda mais interessante do tour. Os calls foram correctos e a prova realizou-se quase sempre nas melhores condições do período de espera.

 

O julgamento e os casos da prova

Existiram algumas notas onde tive algumas dúvidas, natural para quem não está no local de prova. No entanto, estes oito tipos que passam o dia a dar notas conseguem sempre fazer com que os resultados sejam correctos e isso é o mais importante. Na final, apesar da onda de 9.10 pontos ter uma primeira manobra fantástica, depois apenas tem um reentry numa secção com relativa intensidade…. Achei um pouco alta a nota. Em comparação com o seu 8.30, que tem duas manobras de qualidade superior, achei que deviam ficar mais perto e não me chocava que o 8.30 fosse inclusivamente melhor!

 

Muito em breve temos o Oi Rio Pro, de 10 a 21 de maio, esperemos que as ondas estejam melhores que em anos anteriores e que a competitividade e as prestações no circuito aumentem!

 

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