JOÃO GUEDES DESAFIA A COSTA DA MORTE
Surfista português aventura-se em condições extremas pela costa galega…
O historial de João Guedes no surf competitivo é imponente. O surfista, oriundo do Porto mas atualmente a viver na Ericeira, de 29 anos (faz 30 na próxima sexta-feira!), começou por vencer praticamente todas as categorias do Nacional de Esperanças (sub-14, 16, 18 e 21). Mais tarde, em 2009, veio finalmente o título de Campeão Nacional Open, atestando por completo toda a sua qualidade e talento.
Pelo caminho desenvolveu também um gosto especial por sessões em ondas diferentes, de maior dimensão, slabs e tubos quadrados. Depois de algumas sessões pesadas e de relevo registadas nesta pré-temporada, na Praia do Norte e na Cave, no passado mês de novembro, eis que se seguiu algo ligeiramente mais intenso. No fim de semana passado, quando muitos decidiram rumarem à zona oeste (aqui), aos Supertubos, à Praia do Norte (aqui) e à Ericeira, João Guedes optou por um destino diferente: a Costa da Morte, na Galiza.
Sobre tão peculiar destino disse-nos que “A primeira vez que surfei esta onda foi há cerca de cinco anos, juntamente com o Ramon Laureano (Jet Resgate Portugal), António silva e o bodyboarder Ricardo Faustino. Nessa sessão também estavam Eric Rebiere, Axi Muniain e Alex Botelho. Foi, sem dúvida, a vez que vi aquilo melhor e mais perfeito. Voltámos naquela sessão em que estava gigante, onde o António Silva sofreu aquele wipeout, e realmente estava algo de monstruoso. Esta foi já a terceira vez que nos aventurámos por lá.”
A sessão, por incrível que pareça, não começou da melhor forma. Uma das motas teve um problema e adiou a ação por algumas horas. “Tivemos que regressar ao porto de abrigo para solucionar o problema e acabámos por perder a melhor maré e a fase em que o mar se apresentava mais liso. Quando começámos a surfar já as condições estavam mais difíceis para escolher uma boa onda e estar bem posicionado. Mesmo assim o Ramon [Laureano], com a sua grande experiência, conseguiu lançar-nos em algumas ondas. Eu apanhei uma boa em que meti para dentro, mas não consegui sair e o [Ricardo] Faustino apanhou uma bomba das grandes. Depois de mais algumas tentativas, ele ainda tentou apanhar umas esquerdas, mas o mar, bastante mexido e a maré já a vazar, dificultou bastante. Como já se fazia tarde achámos por bem regressar antes que ficasse de noite ou alguém se magoasse,” esclareceu.
Sobre esta investida à Costa da Morte, no passado domingo, onde aproveitou para galgar mais algumas barreiras no campo das ondas de consequência, acabou por resumir tão fantástica jornada da seguinte forma: “A onda é, sem dúvida, a maior e mais pesada que já vi na minha vida. O local é intimidante e faz-nos sentir mesmo pequenos no meio daquela força da natureza toda. Não é um sítio onde é chegar, ver e vencer. É um local onde se tem de perder muito tempo até conseguirmos dominar aquela onda como deve ser. Pessoalmente, sinto que é muito positivo cada vez que lá vamos, pois só assim conseguiremos atingir os nossos objetivos. E um dos meus objectivos pessoais é mandar um tubo numa onda grande, é algo que ambiciono realmente de fazer. Sinto que desta vez dei mais um passo para atingir esse fim e estou contente com isso. No entanto, o mais importante é que mais uma vez não hesitámos, fomos, surfámos, treinámos e regressámos sem que nada corresse mal. Isso, na verdade, é o mais importante porque assim podemos lá voltar numa próxima oportunidade.”
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