Tragédia na Ilha de Sulawesi, este passado dia 16 de Agosto, em que um homem de 53 anos foi morto por um Crocodilo, expõe riscos crescentes para comunidades e turismo costeiro

Em 2024, a Indonésia registou 179 incidentes envolvendo ataques de crocodilos, o número mais elevado do mundo naquele ano, segundo a Associated Press, com base em dados do CrocAttack. Os casos, que incluem vítimas fatais entre adultos e crianças, foram reportados em várias províncias do arquipélago, com maior incidência em Sulawesi e Bornéu.

Especialistas atribuem, o aumento dos ataques, entre outros factores, à expansão das plantações de óleo de palma, que criam canais artificiais e facilitam a aproximação dos crocodilos às zonas habitadas. O resultado tem sido uma convivência cada vez mais tensa entre comunidades locais e estes predadores.

Impactos no turismo e na economia costeira

As consequências não se limitam à perda de vidas humanas. O setor turístico, essencial para muitas regiões da Indonésia, também tem sido duramente afetado:

• Queda no número de visitantes: o receio de ataques provoca cancelamentos e desvia turistas para destinos considerados mais seguros.

• Redução da receita turística: hotéis, restaurantes e operadores locais registam perdas que podem chegar a 40% da receita em praias afetadas.

• Desvalorização imobiliária: imóveis em áreas costeiras perdem valor, reduzindo o interesse de investidores.

• Impacto no emprego: menos turistas significam menos postos de trabalho e menores rendimentos para famílias locais.

• Aumento dos custos de prevenção: municípios e empresas são obrigados a investir em sinalização, monitorização e segurança para tentar recuperar a confiança dos visitantes.

Locais do Mundo que registam ataques de Crocodilos a Humanos:

Caminhos para a mitigação

Autoridades e especialistas defendem uma abordagem integrada para enfrentar o problema, que combine proteção ambiental e segurança pública. Entre as medidas propostas estão:

• Monitorização e sinalização em áreas críticas, alertando para a presença de crocodilos.

• Restauro de habitats naturais, como manguezais, para reduzir a aproximação dos animais a zonas urbanas.

• Controlo do uso da terra, limitando a expansão desordenada de plantações e mineração em áreas sensíveis.

• Gestão adequada de resíduos e águas residuais, evitando a degradação dos ecossistemas aquáticos.

• Campanhas educativas para informar comunidades locais e turistas sobre práticas seguras em ambientes naturais.

Os crocodilos-de-água-salgada (Crocodylus porosus), responsáveis pela maioria dos incidentes registados na Indonésia e em grande parte da Ásia, são considerados os maiores e mais agressivos répteis do mundo. Estes predadores podem ultrapassar os sete metros de comprimento e pesar mais de uma tonelada, deslocando-se tanto em rios e estuários como em mar aberto. Há relatos da sua presença em praias e até em zonas de rebentação, o que os torna uma ameaça potencial para banhistas, pescadores e surfistas.

Especialistas sublinham que apenas com fiscalização rigorosa, restauro ambiental e sensibilização pública será possível reduzir o risco de ataques e garantir uma convivência mais equilibrada entre humanos e crocodilos.