Tom Curren faz hoje 60 anos
Para os que apreciam uma linha de surf mais elegante e fluída, a do Curren ainda hoje continua a ser a mais admirada.
* Por Pedro Quadros
Quem são os surfistas mais influentes da história do surf ? Aqueles que mais levaram o surf a percorrer novos caminhos, que ainda hoje são seguidos ? Quais os que levaram mais surfistas a quererem imitá-los, no que respeita ao estilo e abordagem à onda ?
O mais comum será colocar o Kelly Slater no topo da lista. Considerado por muitos como o melhor surfista de todos os tempos – o GOAT, the Greatest Of All Time. Pelo menos em termos competitivos, os resultados do Kelly ainda não foram ultrapassados, e duvida-se que alguma vez venham a sê-lo – 11 títulos mundiais, distribuídos por mais 30 anos de um percurso competitivo.
Mas o próprio Kelly admite que a sua principal influência foi o Tom Curren.
A partir do início da década de 80, este revolucionou o surf com o estilo, fluidez e precisão, desprovido de tensão, que até á altura não era habitual. Evidentemente que a evolução técnica deu um grande contributo a esta nova abordagem, com as “Thrusters” (designação que Simon Anderson atribuiu aos primeiros modelos tri-fin), e a sua colaboração com o Al Merrick, fundador da maior marca mundial de pranchas de surf, Channel Islands.
Em 1980, em Rincon, a sua onda favorita. Foto : Jimmy Metyko
Há outros dois pontos essenciais em que o Curren ainda hoje é das maiores referências, senão mesmo a maior – a combinação entre uma postura “soul” e a competição. Por um lado, a sua postura é humilde e discreta, muito cioso da privacidade. E por outro, era temido pela sua competitividade aguerrida, que o levou a ser campeão do mundo em 1985, 1986 e 1990.
O outro ponto tem a ver com a sua capacidade quase mágica de ler o mar. Há histórias de que em heats ele se colocava num ponto afastado dos outros competidores, onde parecia não haver ondas boas. E de repente, a melhor onda ia ter com ele.
Tom Curren nos dias de hoje. Tom é também musico.
Em 1985, numa pergunta sobre o que achava do surf, respondeu : “É muito mais do que recreação. É o mais próximo que podes chegar a viver um grito primordial. O bom surf é uma questão de canalizar a energia da onda para a prancha, usando o corpo como o canal”.