Fundadores do movimento SOS Cabedelo falam sobre o avanço do mar na Figueira da Foz
No programa Biosfera, da RTP.
No passado dia 28 de Janeiro, o programa Biosfera, da RTP, contou com um episódio sobre o avanço do mar e a erosão costeira em Portugal, mais precisamente na Figueira da Foz, onde em 2010 foi terminada a obra de prolongamento do molho. O crescimento em 400 metros da estrutura "agravou a retenção de sedimentos a norte e a erosão das praias a sul". Foi esta obra que motivou a criação do movimento SOS Cabedelo, pelas mãos do longboarder Eurico Gonçalves e do arquitecto Miguel Figueira.
Mais de uma década se passou e o SOS Cabedelo continua activo, com um trabalho mais relevante do que nunca. Neste episódio de Biosfera, Eurico e Miguel explicam os problemas que se fazem sentir no local e abordam opções para solucioná-los. Uma dessas opções seria a implementação de um bypass, sistema já implementado na Austrália e que é há muito defendido pelo SOS Cabedelo, em vez de soluções temporárias ou que tentem solucionar um problema criando vários outros.
O bypass é a solução mais viável?
O bypass é um "sistema permanente de transposição de sedimentos - a areia é recolhida através de sucção e canalizada através de um tubo subterrâneo para as praias a sul onde é depositada e espalhada". "As alterações do mar não são uma situação de excepcionalidade", explica Miguel, "portanto aquilo que precisamos é de um sistema que, em vez de combater o mar, que o compreenda e que trabalhe com essa dinâmica".
A APA (Agência Portuguesa do Ambiente) encomendou um estudo à Universidade de Aveiro, que concluiu que o bypass seria a solução mais viável, técnica e economicamente. O geólogo Renato Henriques, da Universidade do Minho, considera que "a solução ideal era renaturalizar a saída do rio, retirando os esporões, e retomando a estrutura natural que o rio tinha antes da construção do porto. Como essa solução não é possível - partimos do princípio que não se vai de facto comprometer esta estrutura - temos que pensar em soluções que sejam compatíveis. De todas as soluções, aquela que melhor replica a natueza será o bypass".
Mas o geólogo também alerta para "o potencial compromisso" desta solução, nomeadamente os organismos "que podem ser capturados no processo de sucção" do bypass. Será preciso "tentar minimizar este impacto".