ISEC quer criar pranchas ecológicas e diz que vão acelerar a aprendizagem do surf
O Instituto Superior de Engenharia de Coimbra diz estar a desenvolver uma prancha para quem está a aprender a surfar.
Segundo o ISEC esta prancha irá previnir erros de postura corporal e de falta de equilíbrio dos praticantes. Baseado em materiais ecológicos, o projeto quer substituir as pranchas de derivados de petróleo usadas maioritáriamente nas escolas de surf em Portugal.
Os investigadores do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra – ISEC dizem estar a conceber um novo modelo de pranchas de surf recorrendo a materiais ecológicos e reciclados. A prancha segundo dizem vai ajudar no processo de aprendizagem de novos surfistas através de um melhor desempenho biomecânico.
“A biomecânica permite associar a destreza dos materiais da prancha com a forma como o atleta se deve posicionar para atingir um maior equilíbrio e melhor postura corporal, do seu corpo e acelerar a sua aprendizagem”, afirma Mário Velindro, presidente do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC). “O nosso projeto consiste em desenvolver uma prancha que pode ser instrumentada, destinada a quem está a aprender a surfar: ela vai permitir corrigir a postura corporal através de um registo de desempenho”. Com esta solução, o utilizador irá aprendendo a posicionar-se de forma mais eficiente, de modo a conseguir equilibrar-se melhor quando estiver em cima da prancha no mar.
O Laboratório de Biomecânica Aplicada do ISEC tem recebido um forte investimento tecnológico nos últimos anos, o qual se está agora a traduzir na produção de projetos em diferentes áreas. “Os materiais e a estrutura da prancha já estão a ser trabalhados, assim como o interface homem-máquina, no qual estamos a estudar o envolvimento entre o praticante e o produto”, afirma Mário Velindro. “Em 2021 a solução já deverá estar fechada e pronta a ser comercializada”.
Substituir componentes sintéticos por materiais recicláveis:
Para além do seu desempenho biomecânico, a prancha terá a característica de ser sustentável, uma vez que vai ser construída recorrendo a materiais ecológicos pouco habituais entre os praticantes de surf. “As pranchas das escolas de surf são geralmente poluentes, uma vez que os materiais que as compõem são derivados do petróleo e estas não costumam durar muitos meses”, afirma Eurico Gonçalves, presidente da Associação de Desenvolvimento Mais Surf (ADMS), da Figueira da Foz, a entidade onde nasceu a ideia deste projeto.
“Por ano, em média, saem de circulação entre oito a 15 pranchas em cada escola de surf. Se multiplicarmos este número por 350 – que é o número de escolas de surf registadas em Portugal – temos entre três a cinco mil pranchas que, todos os anos, vão para o lixo e não podem ser recicladas”, afirma Eurico Gonçalves, que também é professor de surf.
A ADMS pretende que a prancha sustentável produzida pelo ISEC seja uma réplica da primeira prancha de surf registada em Portugal, no ano de 1942. “Foi a primeira prancha de surf moderna, não só em Portugal, mas provavelmente em toda a Europa Ocidental”. Este projeto foi construído, testado e fotografado na Figueira da Foz por Nuno Fernandes, um desportista, fruto do interesse manifestado por um grupo de estudantes de Coimbra. “Queremos que esta nova versão seja de madeira, tal como a de 1942, e que também seja leve e evoluída tecnologicamente para o seu tempo”, afirma Eurico Gonçalves.
A prancha de surf ecológica vai ter como matérias-primas a madeira e o agave, uma planta da família dos catos. A conjugação destes materiais permitirá que as pranchas sejam leves e mais fáceis de manusear, garantido a sua rigidez e resistência mecânica. “A experiência dos surfistas da ADMS vai permitir-lhes testar os modelos produzidos e identificar a sua eficácia a nível técnico”, afirma.
“A prancha que estamos a produzir com o ISEC será composta por materiais de construção sustentáveis, os quais podem ser reaproveitados para criar um compósito que seja o núcleo do material de construção de novas pranchas”, afirma. “Assim podemos contribuir para a diminuição das grandes quantidades de resíduos que se regista atualmente, e que derivam do final de vida útil das pranchas produzidas a partir de materiais sintéticos”.