Foi no passado sábado que o verniz estalou de vez no Hurley Pro, a oitava etapa da Championship Tour da WSL que está a ter lugar em Lower Trestles, San Clemente, Califórnia. 

Depois da eliminação de Matt Wilkinson, na ronda 2, e de John John Florence, na ronda 3, Gabriel Medina teve uma oportunidade fugaz para se distanciar dos adversários na luta pelo título mundial, mas acabou por perder frente ao wildcard Tanner Gudauskas, no heat 7. 

No final, o brasileiro estava desgostoso com as notas que recebera do painel de juízes e mostrou mesmo a sua indignação através de um post nas redes sociais (ver aqui). 

Mais tarde, ao longo do fim semana, o coro de reclamações para com os profissionais da World Surf League e de mensagens de apoio ao campeão mundial de 2014 intensificou-se. Duas mensagens, no entanto, de colegas do World Tour, salientaram-se no meio do crowd, também eles descontentes de alguma forma com o julgamento da WSL. 

Uma delas foi do australiano Julian Wilson, que por vezes também não entende as notas que lhe são atribuídas, que escreveu: “Quando noites sem dormir, incontáveis horas de preparação e a aprender lições duras de episódios passados, é difícil não sentir frustração quando não somos recompensados em momentos chave como este. Esta pode ser a altura certa para ver o que os juízes veem e entendem como bom surf em comparação com o que os melhores surfistas do globo veem e entendem como bom surf, pois pode ser que seja um pouco diferente?”

Também Jeremy Flores, que até já foi suspenso durante um longo período por reclamar com os juízes da WSL, se juntou no apoio a Medina. O francês, oriundo da Ilha Reunião, escreveu: “Hahahaha. É engraçado ver agora toda a gente a escrever nas redes sociais sobre mau julgamento. Nos últimos seis anos eu tenho vindo a falar disso e fui multado um milhão de vezes por pedir explicações. Agora, finalmente, estão todos a acordar. O julgamento neste momento é demasiado amador relativamente à grandeza do desporto. Nós temos contratos, dívidas, patrocinadores, bónus. Nós dedicámos as nossas vidas a este desporto. Todos nós contribuímos para a evolução do nosso desporto. Vamos melhorar para que as próximas gerações não tenham que lidar com isto. Não me compreendam erradamente, eu sei que deve ser duro ser juiz, é uma função dura, mas se não há bom julgamento então não deveria haver tanto dinheiro envolvido. É tão simples quanto isso!"

De tempos a tempos, o julgamento da WSL vem ao de cimo - devido a decisões controversas - e gera polémica, tal como este último caso de Gabriel Medina que é difícil de entender (basta ver a análise dos vídeos mais abaixo).

O havaiano Sunny Garcia e o californiano Bobby Martinez, por exemplo, foram dos primeiros a criticar o julgamento e os moldes do circuito mundial nos tempos mais recentes. Martinez fê-lo numa transmissão em direto, ainda com a antiga ASP (Association of Surfing Professionals), sendo suspenso indefinidamente pela mesma a 7 de setembro de 2011, durante o emblemático Quiksilver New York Pro em Long Beach. Antes que os responsáveis tomassem uma decisão, Martinez optou por abandonar o World Tour. Não nos parece que seja esse o caso desta vez, até porque Medina é muito novo e tem muito ainda para dar ao Surf, mas... talvez tenha chegado a altura de dizer basta e bater o pé. 

A equipa de trabalho de Gabriel Medina, entretanto, também emitiu o seguinte comunicado sobre esse assunto: "O campeão mundial de surf, Gabriel Medina e sua equipe, vêm a público esclarecer que há um falso comunicado sendo divulgado em seu nome pelas mídias sociais. Em momento algum, Gabriel ou alguém de seu staff se pronunciou sobre qualquer decisão relacionada ao seu futuro no Circuito Mundial. As medidas legais serão tomadas para garantir a integridade do atleta e descobrir o responsável pela falsa comunicação. Pedimos, por favor, que ignorem esse comunicado absurdo, que afeta o atleta, sua família, sua equipe, seus patrocinadores e a instituição do surf. No momento, Gabriel Medina não se pronunciará sobre o assunto. Está reunido com sua família."