No ano passado, durante o Moche Rip Curl pro Portugal, em Peniche, em conversa com Adriano de Souza, o atleta brasileiro disse-nos que parece que é preciso um da sua nação vencer o título de campeão mundial para ganharem o respeito da comunidade surfista. Mineirinho começou a caminhar nessa direcção quando tocou o sino em Bells Beach, tornando-se no primeiro surfista masculino brasileiro a alcançar o feito.

Aos poucos, a cor verde, amarela e azul vai ganhando terreno. O protagonista desta vez é Gabriel Medina, que no ano passado viu uma publicação na “Surfer Magazine” a implorar-lhe para que deixasse os campeonatos juniores de parte e se focasse nos eventos prime e no WCT, para dar oportunidade aos mais novos de construírem o seu momento na modalidade. Certo é que o menino prodígio venceu o titulo de campeão mundial junior da ASP, conquistado em Florianópolis, no Brasil.

Este ano, o atleta de 20 anos, que entrou para o tour com 17, não perdeu tempo e já leva três etapas em primeiro lugar (Quiksilver Pro Gold Coast, Fiji Pro e Billabong pro Taiti) e a liderança do ranking mundial, deixando Kelly Slater mesmo atrás, com uma diferença de 7800 pontos.

O surfista de Maresias chegou para ficar e Slater já levantou as orelhas. “Parabéns ao Gabriel Medina pela sua performance esta semana. Há mais conversas sobre este tipo do que sobre qualquer outra pessoa e por uma boa razão. Ele é o homem mais perigoso no mundo do surf. Porquê? Este ano já venceu Snapper, uma onda dominada há mais de 10 anos por surfistas regulares. Venceu em Fiji, uma das ondas mais clássicas do tour. E agora venceu o Billabong pro Taiti, com um surf brutal, num evento em que ele não era considerado uma ameaça. É por essa razão que Medina tornou-se perigoso… ele pode e vence em ondas e condições que não tem experiência e as pessoas não sabem o que esperar. De todos, ele é o surfista mais determinado e com mais sede de vencer. É um atleta completo, combina aéreos com tubos e carving. Passou em todos os testes”, escreveu Slater na sua página de Instangram.

Mas o “rei” não ficou por aqui. “Mesmo assim, vou fazer tudo o que está ao meu alcance para travá-lo este ano. Sou um grande fã do seu surf e ele é mesmo boa pessoa. O único obstáculo que ele vai encontrar durante a sua carreira será manter-se motivado a longo prazo e lidar com os fãs fanáticos brasileiros. Tenho a certeza que ele vai aceitar e lidar com o desafio. Parabéns pela vitória em teahupoo… espera-te uma grande carreira pela frente.” O desafio foi lançado.

Depois de Andy Irons, Gabriel parece ser aquele que está a mexer com o onze vezes campeão. Se assim for, a luta pelo título vai ser renhida, pois o que está em causa é o seu 12º título ou o primeiro título mundial brasileiro.

BS