Adeus a Iñigo Letamendia, fundador da Pukas e pioneiro do surf europeu
O mundo do surf está de luto.
Iñigo Letamendia, carinhosamente conhecido como “Indigo”, fundador da Pukas Surf e uma das figuras mais influentes da história do surf europeu, faleceu aos 77 anos em San Sebastián, junto da família.
Apaixonou-se pelo surf em 1968, ao experimentar uma prancha emprestada em La Concha. “A sensação que tive ao remar e ficar de pé em cima de água com a prancha foi incrível”, recordaria. A partir desse momento, nunca mais largou o mar.
Nos anos 70, em plena ditadura de Franco, numa altura em que viver de forma livre era quase um ato de rebeldia, Iñigo e três amigos decidiram seguir um caminho improvável: fabricar pranchas de surf. Em 1979 nascia a Pukas Surf, que viria a tornar-se a maior fábrica de pranchas da Europa, responsável por impulsionar carreiras e influenciar gerações.
Ao seu lado esteve sempre Marian Azpiroz, esposa e parceira de vida e de projeto. Reza a história que, enquanto as namoradas dos surfistas descansavam na praia, Marian transformava cortinas de casa em biquínis, calções e sacos para pranchas — o embrião do império Pukas surfwear.
Um legado que ultrapassa negócios e campeões
Iñigo construiu relações fortes com alguns dos maiores nomes do surf mundial — desde Occy, Sunny Garcia, Andy Irons e Vetea David, até heróis bascos como Ibon Amatriain e Aritz Aranburu, cuja projeção se deveu, em grande parte, à sua visão e generosidade.
No entanto, a sua verdadeira grandeza esteve também nos pequenos gestos: como quando pagou o almoço de uma criança desconhecida num voo, recusando o reembolso. Ou na influência que teve sobre toda uma geração local — “Foi o nosso ídolo de infância, responsabilizado por muitos jovens de Zarautz deixarem o futebol pelo surf”, recordou um amigo.
Partiu perto do mar que moldou a sua vida
Iñigo Letamendia faleceu em casa, em San Sebastián, rodeado por Marian e pelos dois filhos, Tala e Adur, que continuam ligados à Pukas e mantêm vivo o legado do pai.
Uma despedida discreta, junto da família e perto do oceano, como o destino merecido de quem ajudou a mudar o surf para sempre.
"Agur, Iñigo. Obrigado por tudo."



