Estudo revela que as ondas do oceano podem atingir alturas muito mais extremas do que o que se imaginava
Investigação publicada pela revista Nature.
A revista Nature publicou uma investigação levada a cabo por uma equipa multidisciplinar que revela as ondas do oceano podem atingir alturas e comportamentos muito mais extremos do que o que até então se sabia. Segundo o estudo, sob condições específicas em que as ondas se encontram a partir de direções diferentes, a altura que podem atingir pode chegar a até quatro vezes mais do que a literatura científica já tinha relatado. Para chegar a estas conclusões, a equipa desenvolveu uma nova técnica de medição tridimensional para estudar de o comportamento das ondas em fase de quebra.
Até então, entendia-se frequentemente que as ondas essencialmente bidimensionais, e este entendimento informou a forma como os investigadores compreendiam a quebra das ondas. Mas o novo estudo mostra que as ondas tridimensionais, que se movem em várias direções, podem tornar-se duas vezes mais íngremes do que as bidimensionais, antes de quebrar. Outra descoberta, talvez mais surpreendente, é que estas ondas, mesmo após a quebra, podem continuar a aumentar em inclinação.
As ondas tridimensionais ocorrem quando diferentes sistemas de ondas propagam-se em direções distintas, resultando em encontros de ondas com ângulos variados. Acontece, por exemplo, quando os ventos mudam bruscamente de direção, como durante um furacão. Quanto mais dispersas forem as direções das ondas, maior é o potencial para que se formem ondas de grande dimensão.
Descobertas podem ter um impacto no nosso entendimento do oceano
Esta investigação pode ter um impacto importante no design de estruturas offshore, previsões meteorológicas e modelação climática, ao mesmo tempo que desafia a nossa compreensão dos diversos processos oceânicos. O desenho e os parâmetros de segurança atuais das estruturas marítimas, como turbinas eólicas e plataformas petrolíferas, são baseados em modelos de ondas bidimensionais. Mas este estudo sugere que as ondas tridimensionais podem ser subestimadas nos cálculos de engenharia, o que pode levar a falhas inesperadas ou a projetos menos seguros.
Este estudo pode também afetar a nossa compreensão dos processos oceânicos a um nível mais alargado, visto que a quebra de ondas desempenha um papel fundamental na troca de gases entre o ar e o mar, como na absorção de dióxido de carbono (CO2). A forma como as ondas quebram influencia ainda o transporte de partículas nos oceanos, como fitoplâncton e microplásticos.