Surfista de Bali Piter Panjaitan expõe a situação das obras em Uluwatu que ameaçam destruir as falésias via theworldtravelguy.com segunda-feira, 09 setembro 2024 09:26

Surfista de Bali Piter Panjaitan expõe a situação das obras em Uluwatu que ameaçam destruir as falésias

 A construção começou "sem consulta local para o projeto". 

 

 

Recentemente foram divulgados planos de construção de um muro ao longo das falésias de Uluwatu. O objetivo deste projeto é de proteger as falésias, visto que há fissuras que há anos são motivo de preocupação, apresentando um risco de desabamento. Mais especificamente, o Templo de Pura Luhur Uluwatu está em risco desde 1992, quando surgiu uma fissura. O governo limitou o número de visitantes, mas, com o aparecimento de mais fissuras, tomará agora esta medida, por um custo de cerca de 5m dólares.

Segundo o governo, o impacto das ondas pode colocar as falésias ainda mais em risco, e o muro servirá para limitar esse impacto. No entanto, não foi divulgada nenhuma informação sobre o impacto que esta construção terá na vida marítima local - o recife nesta costa é conhecido por ser um berçário de tubarões e manatins. Além disso, o projeto pode afetar negativamente as ondas da região.

As redes sociais têm servido como meio de divulgação de várias imagens de escavadoras a lançar os penhascos de Uluwatu para os oceanos, para indignação dos surfistas de todo o mundo, que estão a ver uma das suas ondas favoritas sob ameaça. A organização Save the Waves emitiu um comunicado a expressar "preocupação pelos potenciais riscos ambientais que o projeto pode representar para o frágil ecossistema marinho de Uluwatu", temendo que o projeto "possa afetar a qualidade das ondas".

 

 

Uma construção que começou em silêncio

 

O surfista local indonésio Piter Panjaitan conversou com a The Inertia sobre o que tem testemunhado em Bali. Panjaitan conta que a construção começou em silêncio, “sem consulta local para o projeto”, e que “nem alguns dos responsáveis locais da aldeia de Pecatu sabiam o que se estava a passar”. A calendarização, “segundo os responsáveis”; é esta: “o concurso para o projeto aconteceu entre Abril e Julho. Foi ganho por uma empresa de Java, não de Bali. Em Julho, foi aprovado, e em Agosto, começaram a trabalhar. Começaram a escavar desde a entrada do templo de Uluwatu e chegaram ao penhasco à cerca de duas semanas”.

Panjaitan tem conversado com a população local, incluindo o surfista Mega Semandhi, e foi convidado para uma reunião na passada quinta-feira, dia 5 de Setembro. Ele e os restantes presentes levaram perguntas para a reunião: “Porque é que o projeto não foi divulgado na comunidade? Qual é o plano? Onde está o estudo de viabilidade? Como será afetado o ecossistema? Como será afetada a comunidade de surf?”

O surfista falou também sobre o confronto que teve com o gestor da obra, para pedir que parassem de “lançar todo o calcário no oceano”, que se estava a deslocar “em direção a Uluwatu, Impossibles, Bingin e Dreamland”. Contou que a água ficou branca com o calcário, e que falou com alguns treinadores que disseram que “os seus alunos não queriam surfar em Uluwatu”. Os que surfaram “ficaram com comichão na pele e olhos irritados”.

“Nesses dias, quando a água estava toda branca, a vila estava muito silenciosa. Já afetou as pessoas que têm negócios ali – as lojas, os restaurantes, os fotógrafos, os videógrafos, os treinadores de surf. As pessoas que visitam o templo, sim, geram muito dinheiro, mas só vão ao templo por um dia. Os surfistas, esses sim, ficam cá. É uma parte importante da economia e do rendimento da aldeia e também de toda a província de Bali”.

 

 

 

 

 

 

Falta de transparência sobre o impacto ambiental

 

Desde o confronto que a situação não se voltou a repetir, mas Panjaitan acusa a falta de “um consultor que supervisione quaisquer problemas ambientais num estaleiro de construção”. Apesar de não ser “um especialista”, Panjaitan teme que o projeto tenha um impacto “na forma da onda”, e tem a certeza de que “vai destruir a vida marinha”. Afirma que, no seu círculo, “todos estão contra” esta obra, e que não conhece “ninguém que concorde com o projeto”.

O seu pedido para a comunidade surfista é que “partilhem” e “exponham a situação”: Considera “importante preservar o templo, que tem 1.000 anos”, e que “é património para os balineses e para o hinduísmo”. Mas reitera que a preocupação gerada não tem apenas a ver com a onda. “Trata-se da vida marinha e das pessoas que vivem da comunidade e cultura do surf”.

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