Surfista brasileiro André Gioranelli fala sobre limites à liberdade de expressão impostos a comentadores pela WSL
Segundo Gionarelli, este é o motivo do afastamento de pessoas como Barton Lynch.
O ex-surfista profissional brasileiro André Gioranelli, que mais tarde se tornou treinador de surf, além de ter sido comentador nas transmissões portuguesas da World Surf League entre 2010 e 2023, falou recentemente num podcast sobre o motivo pelo qual, segundo ele, tantos comentadores tomam a decisão de se afastar da WSL. Neste episódio de Let's Surf, Gioranelli menciona nomes como Martin Potter, Baron Lynch e Ross Williams, afirmando que o motivo do seu afastamento tem a ver com a falta de liberdade para expressarem as suas opiniões no ar, em particular opiniões relacionadas com as avaliações dos juízes.
Gioranelli conta que sentiu pressão da WSL para não falar das avaliações dos juízes, ou sequer interagir com eles, e que não foi o único comentador a passar por isso. Em um exemplo, conta que no dia das finais em Sunset Beach, foi-lhe pedido para não fazer menção às avaliações. Perguntou-se, na altura, sobre o que deveria falar, sendo que o seu trabalho deveria passar por esse tipo de comentários.
Em outro exemplo, menciona uma etapa em Margaret River, em que conversava com dois juízes sobre os atletas em prova, e mencionou o nome de Kanoa Igarashi. Nessa noite, o comentador conterrâneo Klaus Kaiser recebeu uma mensagem do chefe a pedir que não falassem sobre esse tema com os juízes.
Gioranelli considera que a WSL tem feito um bom trabalho, mas considera a organização "um monopólio tendencioso", e opina que é necessário haver mais transparência. Considera que estas limitações dificultam o trabalho dos comentadores de maneiras que o público em casa pode não perceber, e aponta este como um possível motivo para o afastamento de comentadores queridos pelo público.
Gioranelli continua a dizer que acha que a WSL tem feito um bom trabalho com os eventos e como tratam os atletas, mas destaca que a WSL é um "monopólio tendencioso" que precisa de mais transparência e que os comentadores estão essencialmente com a língua presa na cabine, algo que aqueles que assistem em casa podem não perceber. Por esse motivo, ele diz, alguns dos comentadores queridos já não querem trabalhar nas transmissões.