Perante estes dados, há quem diga que o fundo dos oceanos é um "Chernobyl em câmara lenta ". O Chefe da Autoridade de Segurança Nuclear da Noruega afirma que é uma questão de tempo até que os navios comecem a libertar o seu legado tóxico.
Entre os responsáveis por esta situação, a União Soviética foi quem mais despejou resíduos nucleares para o fundo do mar, mas a contribuição de outros países também é considerável. Entre 1948 e 1982, o Reino Unido despejou quase 70 mil toneladas. Também os Estados Unidos, a Suíça, o Japão e os Países Baixos adoptaram esta prática. O governo britânico está a estudar um plano para eliminar até 750 mil metros cúbicos de resíduos nucleares, incluindo mais de 100 toneladas de plutónio, ao largo de Cumbria, na costa britânica.
Fundo dos oceanos está marcado pela actividade humana
Mesmo sem os resíduos nucleares, o fundo dos oceanos carrega várias marcas da actividade humana e do consumo desenfreado que tem vindo a destruir o planeta. Mesmo nas profundezas do mar, tão distantes da nossa vida, encontram-se em abundância resíduos humanos na forma de plásticos e outros objetos como evidencia o Banco de Dados de Detritos do Mar Profundo da Agência Japonesa para Ciência e Tecnologia Marinha-Terra. Foi documentada a presença de pneus, redes de pesca, sacos de desporto, manequins, bolas de praia e biberões. Em algumas regiões, o número de tais objetos excede 300/km2.
Também alarmante é o acumular de microplásticos nas profundezas dos oceanos. A presença de microplásticos nos oceanos de um modo geral é uma ameaça para todo o planeta, visto que animais como baleias e aves começam a consumir microplásticos em grandes quantidades, não só conduzindo à sua desnutrição e danificando os seus órgãos, como também implicando que os microplásticos passam a entrar na cadeia alimentar de várias espécies.
Em águas mais profundas, a quantidade de microplásticos é ainda maior. Há estudos que sugerem que até 99,8% dos mais de 11 milhões de toneladas de plástico que entram no oceano todos os anos desaparecem em águas mais profundas.