A construção de uma nova torre de juízes para a realização da modalidade do surf em Teahupo'o nos Jogos Olímpicos de 2024 tem gerado muita polémica: de um lado, o Governo da Polinésia Francesa e o Comité dos Jogos Olímpicos que afirmam que a torre de madeira existente não cumpre os requisitos necessários; do outro lado, surfistas, activistas e a comunidade local, que alertam para a destruição do recife de coral, envenenamento dos peixes e disrupção da economia de pesca local caso a nova torre seja construída. 

A pressão pública levou a uma pausa nas construções, após um teste que danificou o recife de coral, mas, uma semana depois, as atividades foram retomadas. O movimento Save Teahupo'o tem continuado a denunciar a situação, alertando para os riscos que o local enfrenta, mesmo depois de os planos da construção terem sido alterados. Este sentimento tem sido ecoado por alguns surfistas de topo, entre eles Jeremy Flores, afirmando nas suas redes sociais que é preciso encontrar uma forma de garantir que "Teahupo'o permaneça Teahupo'o".

Preocupações ambientais e espirituais

Flores destaca os atletas locais, como Vahine Fierro e Kauli Vaast, que "estiveram na linha da frente desde o início", a frequentar reuniões e a garantir "que o Comité Olímpico compreenda a gravidade da situação". O atleta recorda as palavras de Vahine Fierro, quando explicou que o território em questão é sagrado para os locais, e que, mais do que as preocupações ambientais, o que se vê é um desrespeito "à crença espiritual" e à "herança" da população. 

O surfista criticou ainda os posicionamentos que acusam a equipa de surfistas franceses e tahitianos de não se manifestarem o suficiente sobre o tema. "Vocês não fazem ideia do que acontece internamente", alertou, acrescentando que fica "irritado só de pensar que alguns de voceês pensam que eles não se importam". Flores argumenta que a responsabilidade não deveria cair sobre os atletas."Preferia ver todas as grandes organizações da indústria do surf a levantar as suas vozes à procura de soluções, em vez de pressionarem os atletas", escreveu. 

Jeremy assegura que tem estado "em contacto constante com os governos nos últimos meses", e promete sempre dar a sua "opinião honesta", mesmo quanto a uma "situação complexa" como esta, em que "muita coisa acontece nos bastidores". Termina o seu apelo pedindo "um diálogo saudável e aberto". 

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