Em viagem aos EUA, Jair Bolsonaro veste uma camisola do Gigantes da Nazaré ao lado de Michelle Bolsonaro Em viagem aos EUA, Jair Bolsonaro veste uma camisola do Gigantes da Nazaré ao lado de Michelle Bolsonaro Alan Santos/PR, via uol.com.br quinta-feira, 21 setembro 2023 14:59

Gigantes da Nazaré, cujo dono integrou o Governo Bolsonaro, acusado de receber patrocínio irregular

"Corrupção, crime de improbidade administrativa, conflito de interesses e lavagem de dinheiro". 

 

 

Uma reportagem publicada no passado dia 19 de Setembro pela Sportlight revelou actos alegadamente cometidos pela empresa Gigantes da Nazaré Ltda., propriedade de Marcelo Reis Magalhães, que, segundo juristas, podem constituir diversos crimes, incluindo "corrupção, crime de improbidade administrativa, conflito de interesses e lavagem de dinheiro". 

Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro aboliu o Ministério do Desporto e criou a Secretaria Especial do Desporto, integrando o Ministério da Cidadania. Em 2020, Marcelo Reis Magalhães, padrinho de casamento do filho de Bolsonaro, Flávio, foi nomeado titular da pasta, cargo que manteve até 2022. Em 2021, Marcelo abriu a empresa Gigantes da Nazaré Ltda. - isto, segundo a reportagem, representava já um conflito de interesses, visto que Marcelo era um alto funcionário do governo e a empresa era um empreendimento desportivo privado. 

No final desse ano, a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) disponibilizou um patrocínio de 400 mil reais para a 4ª etapa do evento Gigantes da Nazaré, que teve lugar em Portugal. Mas esse valor não foi pago à Gigantes da Nazaré Ltda., e sim à empresa Orbe Serviços Integrados Ltda.-  as duas empresas partilham a mesma morada. Daniel Ferreira Braga, dono da Orbe Serviços Integrados Ltda., possui sociedade Diogo Carneiro Silva Feliciano, e Diogo é socio de Marcelo Reis Magalhães na Gigantes da Nazaré Ltda. 

Além do patrocínio da Embratur, o etapa do Rio de Janeiro do evento recebeu ainda financiamento do Estado, no valor de 300 mil reais, em 2022, com Eduardo Paes na prefeitura do Estado. Segundo os juristas consultados pela Sportlight, as acções de Marcelo Reis Magalhães - "abrir empresa em alto cargo federal e beneficiar-se economicamente" - violam o Código de Conduta da Alta Administração Federal, e o facto de o evento Gigantes da Nazaré ter recibido verba pública levanta questões legais e pode constituir um crime.

 

 

Após derrota de Bolsonaro, a saga continua

 

Em Julho deste ano, o Estado do Rio de Janeiro, sob a liderança do governador bolsonarista Claudio Castro, voltou a disponibilizar financiamento para a realização do Gigantes da Nazaré na cidade, desta vez no valor de 500 mil reais. Marcelo Reis Magalhães está agora fora da Secretaria Especial do Desporto, e o dinheiro vai directamente para a sua empresa.

Mediados por Flávio Bolsonaro, representantes da empresa encontraram-se este ano com os governadores bolsonaristas Jorginho Mello e Tarcísio de Freitas, de Santa Catarina e São Paulo, para planear as etapas do evento em 2024. Assim, o circuito será realizado em 2024 com verbas públicas e apenas em estados bolsonaristas. 

 

 

Protagonistas da polémica permanecem em silêncio

 

A Sportlight entrou em contacto com vários dos implicados nesta polémica, tendo optido apenas resposta do Prefeitura do Rio de Janeiro, citada abaixo:

“A Secretaria Municipal de Esportes (SMEL) patrocinou o evento Gigantes de Nazaré seguindo, normalmente, todo o processo legal. A decisão foi baseada na importância do evento para a cidade do Rio de Janeiro. A SMEL recebe, cotidianamente, pedidos de apoio e patrocínio para diversos tipos de evento. E todos são avaliados com a devida atenção. E então, a partir de critérios técnicos, ficam definidos quantos e quais serão aprovados”.

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