Leonardo Fiovaranti em Haleiwa Leonardo Fiovaranti em Haleiwa WSL/ Brent Bielmann sexta-feira, 24 março 2023 10:02

WSL deixa “cair” Haleiwa” para o QS regional e chega assim ao fim a Triple Crown Hawaiana

"Nesta guerra entre Vans e WSL quem perde é o mundo do surf..."

 

Em tempos o surf de alta competição era um mundo relativamente simples. O evento de Pipeline chamava-se Pipemasters, que era o último evento do ano em Dezembro, e o segundo título mais prestigiante para o surf a seguir a ser campeão do mundo, era a Triple Crown.

 

Agora, tudo isto desvaneceu. A World Surf League, que tem estado a viver a seu «Processo Revolucionário em Curso» decidiu recentemente deixar «cair» a prova de Haleiwa no Havai, da categoria de Challenger Series (circuito de apuramento para a elite mundial, o Championship Tour), para passar a ser uma prova das Qualifying Series (circuitos regionais de apuramento para as Challenger Series).

 

Após ter alterado a prova de Pipeline, que foi durante quase 50 anos o último evento de surf do ano, para passar a ser o primeiro, e de ter perdido o nome de Pipemasters – que é na verdade detido pela famosa marca Vans - eis que a World Surf League acaba de anunciar também o fim da Triple Crown of Surfing.

 

A Triple Crown nasceu em 1983 – há quase 40 anos – criada por Fred Hemmings (campeão do mundo em 1968) e por Randy Rarick, já na altura como resultado de um conflito entre a ASP (percursora da WSL) e Fred Hemmings, promotor das provas havaianas. A Surfotal tem um artigo só sobre isso aqui.

 

O primeiro evento de sempre da competição foi nada mais, nada menos do que o World Cup of Surfing em Haleiwa, que se realizou a 28 de Novembro de 1983. A Triple Crown, tal como já referido, é considerado o segundo título mais importante do Surf, e é atribuído ao surfista que obtém a melhor classificação num conjunto de 3 provas, as chamadas 3 jóias havaianas: Haleiwa, Sunset e Pipeline.

 

De notar que a detentora dos direitos da Triple Crown, é a Vans. Já no passado a Surftotal tinha noticiado de que existiam indícios de um azedar na relação entre WSL e Vans, num artigo sobre a queda do patrocínio da Vans do US Open de Surf.

 

Agora, a somar-se ao episódio da WSL ter perdido os direitos a utilizar o nome Pipemasters, e ter perdido também o patrocínio da Vans para o US Open de Surf, regista-se mais este acontecimento: o fim da Triple Crown.

 

“O principal feedback que recebi dos surfistas é sobre como tornar todo o caminho de qualificação realmente forte – inclusive em nível regional. É importante para nós também garantir que (os surfistas da região do Havai/Tahiti) tenham um caminho regional forte e algumas oportunidades realmente boas para competir no circuito do campeonato.” – Afirmou Jessi Miley-Dyer, Directora de Desporto da WSL.

 

No fundo o argumento apresentado é o de que passando Haleiwa para a categoria de QS regional, a WSL estará a dar mais oportunidades aos surfistas daquela região, que passarão a ser os únicos a poder participar no evento.

 

Mas na verdade ninguém ganha muito com isto, nem mesmo os surfistas regionais, que até agora tinham a oportunidade de mostrar o seu surf em competição com os melhores surfistas do mundo, até isso perdem.

 

Em 2022 a prova de Haleiwa foi um verdadeiro sucesso, com John John, regressado de uma lesão, a vencer, realizando um 10 perfeito na final, em ondas absolutamente épicas, que deixaram os fãs de surf pespegados à cadeira.

 

O problema é que nesta guerra entre Vans e WSL quem perde é o mundo do surf. Tanto os surfistas profissionais, que perderão, em primeiro lugar a oportunidade de competir em Haleiwa (excepto claro está para os locais), mas sobretudo porque deixam de ter a hipótese de lutar pela Coroa mais desejada do mundo do surf – a Triple Crown, em formato competitivo. E os adeptos, que perdem também a oportunidade de acompanhar um dos eventos competitivos mais icónicos do mundo, ainda de acompanhar a luta pela conquista destas 3 ondas havaianas.

 

De notar que já desde 2021 que a Triple Crown vinha a perder força. Na altura devido à Pandemia, e à proibição realizar eventos, a organização optou por utilizar um formato digital, no qual surfistas submetiam em formato de vídeo as suas melhores ondas, surfadas naquelas 3 praias havaianas. Em 2022 apesar do regresso das provas a WSL, ao invés de voltar ao formato original, decidiu manter o formato digital.

 

Assim, e com esta mudança no evento de Haleiwa, fica então confirmado que não voltaremos a ver tão cedo os nossos surfistas preferidos a disputar a Triple Crown como sempre conhecemos.

 

 

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