Frederico Morais foi um dos vários surfistas que assinou a petição direccionada à WSL pedindo que o mid-season cut depois da etapa do CT de Margaret River não acontecesse. Sabíamos portanto à partida que o atleta português era contra esta inovação da World Surf League, e sabemos também que a petição não teve resultados, ou pelo menos não imediatos, visto que a WSL explicou a impossibilidade de voltar atrás na decisão e defendeu a existência do cut. 

Kikas, actualmente na Austrália para a etapa de Margaret River, aproveitou o tempo livre dos lay days para convidar os seus seguidores no instagram a fazer-lhe perguntas. Uma das perguntas que foi feita teve precisamente a ver com o mid-season cut e como o atleta lida com a pressão, e Frederico teve a oportunidade de ir um pouco mais a fundo naquilo que pensa sobre o tema. 

Entre o sonho de ficar no Tour e o medo de desiludir quem o apoia

"Honestamente, não é fácil. Muita coisa em jogo...", escreveu. "o sonho de querer continuar no Tour, a dedicação e o trabalho que se põe para estar aqui e não ter as primeiras etapas a correr como esperava." O atleta escreveu também sobre o receio de desiludir "os portugueses, as pessoas que trabalham comigo e as marcas que me patrocinam". Mas reitera que "faz parte aprender a lidar com isso e conseguir limpar a cabeça" quando está na água. "No fim de tudo faço aquilo que mais gosto", conclui, afirmando que tem que saber "ultrapassar certos obstáculos". Noutra resposta, acrescentou ainda que está "pronto para fazer o possível e o impossível". 

Frederico Morais está actualmente em 25º lugar no ranking do CT, e, ao fim do Margaret River Pro, precisa de estar entre os 22 primeiros lugares para escapar ao cut, competir nas restantes etapas e garantir um lugar no CT 2023. Caso isso não aconteça, terá que recuperar o seu lugar no Tour através do Challenger Series. O atleta já está inscrito nas duas primeiras etapas, que vão decorrer em Maio na Austrália. 

@fredericomoraiis

Arquitectura, Bodyboard e Ryan Callinan - algumas curiosidades sobre Frederico Morais

Ao responder às perguntas dos seus seguidores, Kikas partilhou várias opiniões, factos e curiosidades sobre si. Contou, por exemplo, que o início da sua relação com o mar foi numa prancha de bodyboard, que tem Cristiano Ronaldo como uma das suas grandes referências no desporto, e que, dentro do Tour, o surfista de quem é mais próximo é Ryan Callinan. 

Sobre outros desportos que gostaria de experimentar, confessa que "quase todos", e o que o impede é a possibilidade de lesões. Revela também que, fora do surf, tem interesse por arquitectura e decoração.

Sobre a eterna discussão relativa à importância do talento, ou de um "dom", para o sucesso num desporto, Frederico deixa claro que o nome desse dom é "trabalho e dedicação". "Eventualmente termos jeito facilita, mas não vai ser isso que te vai fazer chegar ao topo", explica.

E quando perguntado sobre a evolução do surf feminino em Portugal, e sobre a possibilidade de ver uma portuguesa no CT, Morais limitou-se a deixar uma imagem do ranking do QS Europeu, com as três portuguesas, Teresa Bonvalot, Mafalda Lopes e Francisca Veselko no topo, acompanhada de uma simples frase: "Acho que este screenshot diz tudo".