Rodrigo Koxa Rodrigo Koxa Rafael Nery quinta-feira, 07 abril 2022 13:22

A opinião de Rodrigo Koxa aos novos possíveis recordes mundiais de ondas gigantes

Rodrigo Koxa detém atualmente o recorde da maior onda surfada no mundo avaliada em 24.38 metros de altura

 

Mal termina a época de ondas grandes já se sabe o que se sucede: a corrida atrás de oceanógrafos para medir as ondas surfadas ao longo da temporada enquanto se perspetiva cair no livro do Guiness. Posteriormente, com os resultados não oficiais na mão, os big wave riders trazem à luz e para os jornais a possibilidade de terem batido o recorde. Todavia, e segundo se tem registado, acabam a cair por terra as expectativas lançadas e o nome de Rodrigo Koxa continua atual.

 

O que está em causa:

Embora os recordes estejam lá para serem quebrados, o que causa confusão a Nic Von Rup, que retratou esta situação no seu último vídeo do canal Von Froth, e a Rodrigo Koxa, que fez recentemente declarações ao jornal brasileiro UOL Esporte, é o facto de, segundo eles, os big wave riders não se basearem em critérios justos, já que muitas vezes, tal como apontam, limitam-se a olhar para uma fotografia que pode ser enganadora pondo de parte vários parâmetros.

 

A opinião de Rodrigo Koxa

"É sem critério, sem fundamento, sem credibilidade. Todo ano virou uma avalanche de matérias especulando as tais quebras de recorde. A vontade que eu tenho é falar 'vocês estão tudo loucos', 'cadê o jornalismo?'", disse ao jornal UOL Esporte. "Não quero ser um atleta que fica parecendo que está gritando 'a minha é maior'. Se o cara pegar a onda maior que a minha, eu vou repostar e escrever: agora a onda referência é essa", acrescentou.

"Estamos vivendo um mundo de fake news. Alguém tem que parar e falar: 'Peraí, quem mediu? Onde está a base da onda? As ondas estão sendo medidas por vídeo'? São medições de profissionais da área, mas é especulação, assim como a minha foi medida por 32, 38 metros...", comentou Rodrigo Koxa para apontar os erros de cálculo e criticar as especulações lançadas pelos orgãos de comunicação que se sustentam em números não oficiais.

Todavia, importa referir que os meios jornalísticos têm sempre posto o ênfase na possibilidade e não na certeza já que o surf não é linear nem objetivo mas sim sujeito às medições finais da WSL. A notícia é dada com base em fontes cientificas uma vez que vêm por parte de oceanógrafos. O mesmo aconteceu com Rodrigo Koxa na altura em que o seu recorde ainda não tinha sido oficializado pela WSL em 2017. Todas as publicação relativas aos possíveis novos recordes, pelo menos no que diz respeito à SurfTotal, são feitas de forma democrática.

 

Rodrigo Koxa a dropar aquela que é considerada a maior onda já alguma vez surfada no Planeta Terra | Créditos de imagem: Pedro Cruz

 

A dificuldade de fazer as medições:

Existem critérios por onde se basear mas há vários fatores que podem interferir, tal como referiu o jornal brasileiro de acordo com Pedro Guimarães, especialista no processamento de imagens em diversas áreas de aplicação da oceanografia. Por exemplo a qualidade da imagem, o ângulo captado bem como a subjetividade nas medidas do lip até à base da onda.

"Se a gente somar todos esses erros, isso te dará uma ordem de magnitude de variação entre 5 e 10 metros, dependendo de como a foto foi tirada. Se ela foi tirada num ângulo, pode ter um erro maior. Se foi tirada em outro ângulo, pode ter um erro menor", esclarece. "Se você considerar a onda do Koxa, que foi de 24,38 metros, pode ser uma onda que, na verdade, teve 29 metros ou 19. Então, em geral, se assume que a onda teve 24 metros, mas não tem como afirmar com precisão”, disse.

 

 

Douglas Nemes, especialista em mecânica das ondas e responsável pelas medições do programa Gigantes da Nazaré, por seu turno, disse que já mediu várias ondas maiores do que 24 metros mediante uma técnica que está a desenvolver com exatidão e controlo de cálculo. “O pessoal da Universidade da Califórnia, que é o que a WSL gosta, também tem uma técnica deles e, se eles utilizarem, também vão chegar a mais de 24 metros. Nós já comparamos nossos métodos, então não tem porque já não oficializarem”, salientou.

Recorde-se que no ano passado Tony Laureano que, após ter surfado uma onda gigante na Nazaré no dia 29 de outubro de 2020, foi noticiado como um possível candidato ao título de maior onda já surfada. No entanto, no final das contas e apesar da dimensão gigante da avalanche de água, acabou por não ser considerada a maior onda já surfada. Também o nome de Lucas Chumbo vem várias vezes à tona quando se fala de bater recordes e são recorrentes as notícias que saem sobre um possível recorde. Recentemente Vinicius dos Santos apresentou a sua onda surfada no swell de fevereiro com 29.68 metros. As dúvidas terão as suas respostas no final do ano aquando do parecer oficial da WSL.

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