Frederico Morais Frederico Morais WSL / Poullenot sexta-feira, 11 março 2022 10:23

"Kikas está bem no meio do bolo e na Austrália é que vai ser" - Pinga faz uma análise do MEO Pro Portugal

Treinador da elite tem acompanhado in loco todas as etapas do Tour. 

 

 

Terminado o MEO Pro Portugal, a 3ª etapa do CT 2022, a Surftotal conversou com o formador e treinador de atletas de elite Luiz Henrique Saboia de Campos, mais conhecido por Pinga, que ofereceu as suas opiniões sobre a etapa. Pinga falou sobre a vitória de Tatiana Weston-Webb e o segundo lugar de Filipe Toledo, sobre a prestação de Frederico Morais e o seu enquadramento num ranking que está drasticamente diferente do que se viu no ano passado, e sobre quem poderá chegar ao topo desse ranking, bem como o que é preciso para fazê-lo.

 

 

 

 

 

 

1 - Parece ter havido um reiquilíbrio nas forças entre a Brazilian Storm e os restantes atletas. Antes da ida para a Australia o ranking está bem diferente dos anos recentes anteriores. Como comentas esta afirmação?

Estamos a ver o ranking a mudar esse ano, com novos nomes. Mesmo dentro desses novos nomes, muitos desses atletas são experientes no CT. Eu acredito que há um equilíbrio maior, com novas forças. A maior parte dos atletas tem-se preparado melhor, treinado mais, estão a compreender melhor o CT, como competir, como se comportar, mesmo como surfar, as escolhas de equipamento. Tenho visto muitos atletas com uma ligeira mudança no pensamento e na concentração no CT. A perna australiana vai ser bem interessante, ainda mais por termos o cut. Acho que será muito bom assistir aos eventos da perna australiana.

 

 

 

"O Kikas tem agora duas etapas onde

tem condições de mostrar o seu surf."

 

 

 

 Barco passou a apoiar Kikas durante um dos seus heats em Peniche. foto: Surftotal

 

 

2- Sobre a prestação do Frederico Morais, o que tens a dizer?

Gosto muito da postura do Frederico, como pessoa, como atleta, como surfista. O CT está cada vez mais difícil, temos cada vez mais atletas com um nível maior dentro do Tour. Isso faz com que tenhamos que trabalhar. O Kikas sabe disso, ele sabe o caminho, tem uma estrutura muito boa por trás. Não alcançou o resultado que esperava alcançar em Peniche, mas tem agora duas etapas onde tem condições de mostrar o seu surf. Principalmente me Bells Beach, acho que é onde ele consegue aplicar o seu surf. Ele precisa de espaço para colocar os arcos, fazer o bottom turn, para ter a variação de manobras que é característica do surf dele. Principalmente os grandes arcos, as rasgadas abertas e largas. Peniche é uma onda onde ele já conseguiu bons resultados, mas é uma onda com menos espaço para ele trabalhar. Ele precisa de mais volume, mais área. Ele está bem no meio do bolo, e na Austrália é que vai ser. Há muitos atletas bons na equação, entre o 14º até ao 26º lugar.

 

 

 

"É um bom ano para o Filipe Toledo,

mas o CT está muito difícil."

 

 

 Filipe Toledo. foto: WSL / Poullenot

 

 

3- O Filipe Toledo chegou à final nesta prova e teve um Griffin forte que lhe fez frente. Se tivesse tido uma melhor escolha de ondas, o resultado poderia ter sido outro. Será este o ano de Filipe Toledo?

O Filipe fez um campeonato muito bom, estava focado, tranquilo, leve, via-se que estava feliz, com uma muito boa conduta nos heats, na bateria inteira. Não teve uma queda de concentração nos últimos 5, 10 minutos da bateria, algo que temos vindo a trabalhar bastante com os atletas, manter o foco até ao último segundo. Ele competiu bem, surfou muito bem. Na final, se ele tivesse conseguido a melhor série, apesar de ele ter esperado bastante, eu acho que o resultado poderia ter sido diferente. Mas o surf que ele mostrou, a abordagem, o ataque, foi muito bom de ver. Ele manteve o mesmo ritmo e o mesmo foco durante todos os heats do campeonato. É um bom ano, estamos com boas expectativas. Mas temos que ter calma e paciência e entender que o CT está muito difícil.

 

 

 

 

"O Kanoa Igarashi dificilmente erra."

 

 Kanoa Igarashi. foto: WSL / Poullenot

 

 

 

 

4 - O Kanoa Igarashi está agora em 1º lugar no ranking. É um potencial campeão do mundo? 

O Kanoa Igarashi é um nome forte, um World Title Contender, e já não é de agora. Em 2019 ele mostrou uma performance muito boa, uma consistência muito grande. Ele é um surfista que tem evoluído muito desde que entrou no CT, nota-se essa evolução em vários aspectos. No surf, na competição, na abordagem, na forma de se comportar nos heats. É um forte candidato, sim. É um atleta ao qual prestamos sempre atenção. Ele tem aumentando a sua consistência, melhorado a sua performance em variados tipos de onda, e é um competidor muito forte. É muito equilibrado, dificilmente erra. Consegue sempre colocar dois scores bons nos seus heats. Ele tem chances. Vejo-o como um candidato ao título, não só neste ano como nos próximos anos também.

 

5 - A vitória da Tatiana Weston-Webb desvenda uma vez mais que esta atleta se tem vindo a preparar para um dia brilhar no topo. Tens acompanhado a carreira dela?

Foi muito bom ver a vitória da Tati. Ela tem um surf muito sólido, com um ataque muito forte no bottom turn. Ela sempre teve o backside como ponto forte, mas temos visto uma evolução muito grande no frontside também. Ela é super dedicada, focada, sempre trabalhou em busca da evolução, o que temos visto nos últimos anos. Ela não teve um início bom de 2022, dentro das suas expectativas, mas com esta vitória colocou-se numa boa posição, e está onde ela quer estar e onde tem totais condições de estar. A primeira vez que a vi surfar foi num Pro Júnior Mundial na Praia Joaquina em Florianópolis, e observo de longe a sua evolução, e é muito bom ver. É muito bom ver um atleta com uma boa vibe, focado, a Tati é muito focada e determinada, vê-los a construir e a conquistar os seus sonhos e objectivos.

 

 

 

Tatiana Weston-Webb. foto: WSL / Poullenot

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