Koa Smith: “Eu poderia acabar com a minha vida” Brent Bielmann/WSL quinta-feira, 10 março 2022 14:11

Koa Smith: “Eu poderia acabar com a minha vida”

Quando a cabeça não aguenta, o corpo é que paga

 

Manobrar os desafios da saúde mental não é uma tarefa incomum mas há cada vez mais vozes que expõem o seu convívio com esta problemática. Embora o surf possa ser muitas vezes tido como um ‘mundo’, não fica alheio às questões existentes para lá dele e que se instalam na sociedade, porque são pessoas de que se vestem os surfistas.

Há fases de esgotamento que se prolongam mais ou menos na vida de cada um e tentar arredar da consciência é adiar o inadiável. Koa Smith contou à Stab que já teve pensamentos suicídas após uma lesão traumática na cabeça. Hoje acredita que são ‘pensamentos idiotas’.

“Eu comecei a sentir esta depressão. Eu poderia acabar com a minha vida. Agora eu não quero fazer isso. É um pensamento idiota mas poderia fazê-lo. Poderia tirar-me daquilo com bastante rapidez. Era uma conversa que tinha comigo algumas vezes ao dia. Tentei procurar ajuda médica mas ninguém me soube dizer o que se passava na mente. Tive uma lesão na cabeça e ficou assim durante 6 meses”, declarou.

Há estigmas associados, há negacionistas desta doença invisível e por esse motivo foram vários os comentários que parabenizaram a coragem de Koa, que ficou em segundo lugar no The Ultimate Surfer, de partilhar publicamente a sua experiência. Um internauta chegou mesmo a pedir à Stab para considerar abdicar do ‘premium’ de forma a que o conteúdo ficasse abrangido a todos. “É um tópico muito importante e alcançará muitas pessoas que podem estar a lutar com problemas de saúde mental similares”, escreveu.

 

"Provavelmente soa estranho para as pessoas"

 

Gabriel Medina foi o exemplo mais recente do confronto com esta doença invisível e ainda não tem data confirmada para regressar ao Tour depois de se ter afastado. Mas os testemunhos propagam-se no tempo e a resistência em percebê-los também, sobretudo quando as pessoas em questão são tidas como ídolos que aparentemente têm tudo ao seu alcance. No final de 2019, o 11x campeão mundial, Kelly Slater confessou em entrevista ao podcast ‘Olympic Channel’, que muitas vezes se sente “completamente sozinho neste mundo", disse. "O que provavelmente soa estranho para as pessoas”, ressalvou. “É como se não se identificassem comigo, nem mesmo o meu irmão”.

Em julho do ano passado, Adriano de Souza, aproveitou o episódio da ginasta recordista Simone Biles nos Jogos Olímpicos para exaltar a importância da saúde mental, já que muitas vezes a ambição esbarra com a cabeça. “O meu corpo pode dizer que sim, mas a minha cabeça não acompanha esse processo”.

O facto de não ser uma doença pálpavel e visível ao olhar, por não haver uma perna ou um braço partido, faz com que a sua desvalorização por um largo público insista em persistir e represente uma corda a puxar para trás.

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