Lakey Peterson no Meo Pro Portugal 2022 Lakey Peterson no Meo Pro Portugal 2022 Margarita Salyak/WSL terça-feira, 08 março 2022 17:26

A tenista Billie Jean King possivelmente nunca tocou numa prancha mas teve uma mão preponderante no surf feminino

Foi a escolha de Lakey Peterson, a vice-campeã do Meo Pro Potugal, para homenagear uma desportista na passada etapa do Circuito Mundial

 

Quando o primeiro heat do Meo Pro Portugal pôs os pés na água levantaram-se pontos de interrogação face ao apelido que tinham escrito nas costas. Não que fossem nomes nunca antes vistos mas por não corresponderem àquilo que conhecíamos deles. O que numa primeira instância podia ser tido como um erro de fábrica, rapidamente mostrou-se como sendo a iniciativa mais acertada para assinalar o importante Mês da Mulher feita pela WSL.

A organização de surf mundial contou que tinha sugerido aos atletas da elite a escolha de uma desportista feminina que os inspirasse e todos apareceram com um nome estampado.

Cada lycra contava uma história. Houve quem escolhesse mulheres do basquete, do snowboard, do atletismo, do futebol, como fez o português Frederico Morais, mas também do surf. Já Lakey Peterson escolheu um nome feminino que não tem ligação direta ao surf mas que teve um impacto estrondoso indiretamente. Porquê? Quem explicou foi a comentadora da WSL Shannon Hughes.

 

Créditos de imagem: Margarita Salyak/World Surf League

 

 

A Batalha dos Sexos nos desportos

 

Mas para se chegar ao ponto é exigido primeiro contexto histórico já que não se chega à meta sem o tiro de largada.

Há 49 anos, o tenista Bobby Riggs desafiou a também tenista Margaret Court para a primeira batalha dos sexos. Depois de vencer teceu inúmeros comentários machistas e sem pudores disse na altura que o ténis feminino era tão inferior que até ele, com 55 anos, poderia vencer a número 1 do mundo. Billie Jean King interrompeu o acumular de ego e arrancou-lhe as certezas que impregnava após derrota-lo passados alguns meses. Os impactos da sua vitória estenderam-se além fronteiras e não se cingiram só ao ténis.

A questão da batalha dos sexos inspirou o então organizador de eventos Fred Hemmings, que não ficou indiferente à disputa de ténis, a convidar a surfista americana Laura Lee Ching para o campeoanto masculino Smirnoff World Pro-Am Surfing Championships, de forma a publicita-lo. A partir daí abriu-se uma conversa para haver mulheres no circuito.

A atitude de Billey Jean não se perde no espaço e no tempo, serviu e serve de pano de fundo para combater o sexismo no desporto. Quando a WSL anunciou a atribuição de prémios monetários iguais para ambos os circuitos mundiais de surf feminino e masculino, Stephanie Gilmore homenageou a tenista que embora não esteja diretamente ligada ao mundo do surf, escreveu na sua página de twitter “um brinde à WSL. Os progressos estão a acontecer”.

Na terceira etapa do circuito mundial de 2022 foi a vez de Lakey Peterson, que ficou em segundo lugar, elevar uma vez mais um nome impossível de apagar da história. Apesar de ainda haver quilómetros de pista, o tiro de partida já foi disparado.

 

 

 Créditos de imagem: Damien Poullenot/World Surf League

 

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