Filipe Toledo foi a estrela do terceiro dia do MEO Pro Portugal
Ronda de 32 masculina foi até ao heat 9.
Num dia frio e chuvoso, hostil para uma boa parte dos atletas do CT oriundos das partes mais quentes do globo, os homens entraram para a ronda de 32 masculina do MEO Pro Portugal, a 3ª etapa do CT 2022 em Peniche.
Quem inaugurou a ronda foram Italo Ferreira e Imaikalani deVault. Italo, que na primeira ronda deu um espetáculo de aéreos, tinha todo o público na praia com os olhos postos em si, mas as coisas não correram como esperado, e as notas para os dois surfistas ficaram entre os 4 e os 6 pontos, em 10 possíveis. Imaikalani parecia desconectado ou com as ondas ou com a prancha, e Italo, mesmo tendo vencido, afirmou posteriormente que estava um pouco inseguro em relação à sua escolha de prancha. Mas disse também que já está com o foco no dia de amanhã, e que espera poder dar ao público o espetáculo que esperam dele.
Enquanto era entrevistado, Italo ia tentando espreitar o mar. É que os dois atletas na água eram seus conterrâneos e amigos, mas mais do que isso, era um heat especial porque os surfistas, Miguel e Samuel Pupo, são irmãos. Apesar da emoção de ver dois irmãos, um veterano e um rookie, a disputar por um lugar nos oitavos-de-final, a bateria foi igualmente de notas médias. No final, foi Miguel Pupo, o mais velho, que passou para a próxima ronda, e apesar do “coração partido” por ver o seu irmão derrotado, sabe que é assim a competição.
Os irmãos Pupo no final do seu heat. Foto: Rita Neves
No heat 3, Jordy Smith enfrentou o actual líder do ranking, Barron Mamiya. Barron foi o improvável vencedor em Sunset Beach, etapa na qual entrou como substituto, mas não conseguiu voltar a chegar perto do primeiro lugar em Peniche, tendo sido derrotado pelo sul-africano. Foi, mais uma vez, um heat modesto em termos de notas, mas a batalha entre os dois foi acirrada. Nos últimos segundos do heat, Jordy Smith aproveitou a sua prioridade para garantir que Mamiya não conseguia apanhar uma onda e potencialmente virar o jogo. Assim, Mamiya juntou-se a Brisa Hennessy, a actual líder do ranking feminino que também foi derrotada hoje.
“As condições estão muito difíceis”, disse Jordy após o heat. “Nunca sabes o que vai acontecer, a seleção de ondas é o mais importante”. O atleta tem um bom histórico em Portugal, e afirma ter uma boa relação com o país, os portugueses, e as ondas.
Barron Mamiya. foto: Rita Neves
Filipe Toledo eleva o nível
O heat de Connor O’Leary e Morgan Cibilic foi um verdadeiro jogo de acção-reacção, em que cada vez que um apanhava uma onda, o outro respondia logo de seguida para igualar ou elevar o nível. No final, foi O’Leary quem levou a melhor, com um total de 12.57 pontos, em 20 possíveis.
Mas o verdadeiro espetáculo deu-se no heat seguinte. Depois de uma série de baterias com notas médias e várias tentativas de manobras arriscadas a terminar em quedas, Filipe Toledo abriu o seu heat com uma onda de 7.67 pontos e começou a elevar a fasquia. Acrescentando a isso uma segunda onda de 7.77, Filipe não deu chances ao seu adversário, Owen Wright, que acabou por ficar para trás.
“Não me lembro qual tinha sido a última vez que surfei contra o Owen, mas é sempre uma honra, ele é um dos meus preferidos”, disse Filipe.
No heat seguinte, o italiano Leonardo Fioravanti enfrentou o rookie americano Jake Marshall. Marshall abriu o heat com uma onda de 6.33, apesar da pressão exercida pelo seu adversário. O espírito competitivo esteve ao rubro entre os dois, mas só pode haver um vencedor, e desta vez foi Jake Marshall.
O sétimo heat foi disputado entre João Chianca e Conner Coffin, e ambos fizeram primeiras ondas fortes, mas a precisão de Coffin foi favorecida, e a sua primeira nota foi um 7.17. A sua segunda melhor onda foi de 6 pontos, e apesar de o rookie brasileiro ter mostrado bom surf, acabou por ficar para trás.
O heat 8 foi 100% australiano, com dois atletas cuja carreira no CT ainda é curta – Jack Robinson está no seu segundo ano, e Callum Robson é estreante. A acção começou logo ao tocar da buzina, com os dois surfistas a conseguir ondas cedo. A pouco menos de 20 minutos do fim, Callum assumiu a liderança com uma onda que lhe valeu 7 pontos. A situação não voltou a mudar, mesmo com Jack Robinson a apanhar uma onda nos últimos segundos do heat, que lhe valeu 6.17 pontos, umas décimas a menos do que precisava para passar.
A vitória de Callum Robson tem um peso acrescido: o atleta prometeu doar 20% do seu prize money às pessoas afectadas pelas enchentes na Austrália. No seu instagram, deixou também um link para quem queira fazer doações.
O último heat do dia foi disputado entre Kanoa Igarashi e o wildcard Justin Becret. Para Igarashi, a importância deste heat era muita - passar para os oitavos-de-final podia ser sinónimo de assumir a liderança do ranking, ficando com a lycra amarela até então com Mamiya. O atleta conseguiu cedo o primeiro lugar, e perto do fim do heat garantiu que aproveitava a sua prioridade para impedir Becret de apanhar uma onda com potencial, já que o francês mostrou que, dada a oportunidade, seria capaz de chegar virar o jogo. Assim, por baixo de um rosado céu de fim de tarde, já sem chuva, Kanoa foi o último vencedor do dia, e Becret, o último derrotado.
O dia terminou assim, e faltam 6 heats para dar a ronda por terminada. Frederico Morais está no heat 10 com Ezekiel Lau, o que quer dizer que o dia de amanhã deve começar com o português na água. Podes consultar os heats aqui.