Nascida em Bournemouth, na Inglaterra, Zoe Smith já tinha familiaridade com o mar e com as ondas, tendo já experimentado bodyboard e um pouco de surf. O surf sempre lhe despertou curiosidade, mas depois de ter perdido a perna num acidente, não imaginou que pudesse seguir essa via. "O surf é um desportos mais complicados no mundo", explica, "e surfar sem uma perna parecia algo que eu nunca conseguiria fazer". Contudo, depois de encontrar online alguns membros da equipa inglesa de surf adaptado, percebeu que era algo que poderia tentar. Foi aí que decidiu ir até à piscina de ondas The Wave: Bristol, onde teve as primeiras aulas no verão passado.

Da piscina de ondas ao Mundial de Surf Adaptado da ISA

Zoe começou a surfar no verão de 2021 e desde então treinou todos os dias, com o seu treinador Andy Joyce. Acabou por ser convidada para  se juntar à equipa inglesa, que em Dezembro rumou para a Califórnia, para o Campeonato Mundial de Surf Adaptado da ISA, em Pismo Beach. Foram meses que mudaram o curso da sua vida, e Zoe diz, em tom de brincadeira, que "não é uma coisa fácil de explicar às pessoas. Num dia estou a ter a minha primeira aula de surf em Bristol, e uns meses depois estou a ir para a Califórnia".

A surfista terminou o evento em quinto lugar, "um feito incrível", principalmente tendo em conta o seu percurso, mas para ela, ter conseguido ir já foi recompensa suficiente. "Ser uma mulher com uma perna protética e estar ali a surfar é o verdadeiro feito, porque vai haver mulheres a ver e a descobrir que é possível fazê-lo, que foi o que aconteceu comigo". 

Uma escolha a fazer

Depois do acidente, Zoe estava perdida. "Honestamente acreditei que tinha acabado tudo para mim. Senti que a minha identidade me tinha sido roubada, passei por dias sombrios. Mas depois tive que escolher. Tens dois caminhos possíveis, e o caminho que eu escolhi foi seguir em frente". Hoje em dia, não mudaria nada, e está agradecida pelas oportunidades que tem, com o surf a desempenhar um papel importante na sua jornada. 

Este ano, Zoe vai competir no Adaptive English Open e também no Access Surf, no Havai. 

 ISA World Para Surfing Championship