COMUNIDADE DE SURF NIGERIANA DESPEJADA PELA MARINHA quarta-feira, 29 janeiro 2020 15:24

COMUNIDADE DE SURF NIGERIANA DESPEJADA PELA MARINHA

Que demoliu as suas casas...

A pequena ilha Tarkwa Bay fica na foz do porto de Lagos, na Nigéria, e abriga uma vibrante comunidade de surf, que foi inclusive destacada num dos episódios da série Weird Waves.

No dia 21 de Janeiro, esta pacífica comunidade à beira-mar, lar de pelo menos 4.500 pessoas, foi violentamente despejada pela Marinha da Nigéria e milhares de famílias ficaram desalojadas após as suas casas terem sido destruídas.

Segundo a CNN, os moradores descreveram cenas de pânico e confusão, quando centenas de militares da Marinha entraram em Tarkwa Bay e nas comunidades vizinhas da lagoa de Lagos, ordenando que partissem no espaço de uma hora.

"Toda a gente estava em pânico e a reunir tudo o que podiam carregar. Os homens (da marinha) mandavam tiros para o ar e gritavam que as pessoas tinham de sair", disse o residente Mohammed Zanna à CNN.

Segundo o comandante da Marinha Thomas Otuji, os despejos faziam parte de uma operação para impedir o roubo de petróleo ao longo dos oleodutos que atravessam a cidade costeira.

"Encontrámos pelo menos 300 locais ilegais e poços onde os produtos petrolíferos estavam a ser explorados e vendidos ilegalmente, mesmo para os países vizinhos. Eles têm feito todo o tipo de ilegalidades lá. É perigoso para as pessoas morarem nessas áreas com oleodutos. O que mais podemos fazer além de garantir que salvamos a situação?" disse Thomas Otuji.

 

O surfista californiano Luke Davis desfrutou das ondas de Tarkwa Bay antes deste despejo massivo que deixou milhares de pessoas desalojadas.  

Mas a atitude da marinha foi condenada por organizações de direitos humanos como a Justice & Empowerment Initiative, uma organização sem fins lucrativos que ajuda comunidades pobres,  que defende que as autoridades deveriam ter como alvo as pessoas envolvidas, em vez de despejar famílias inocentes na comunidade, habitadas principalmente por pescadores e artesãos.

"A lei não permite a punição coletiva e demolição sumária como medida de segurança. Se houver indivíduos envolvidos nessas atividades, o que a lei exige é que os indivíduos sejam presos e processados por qualquer crime que possam ter cometido", disse Chapman.

Após a destruição dos seus lares e do clube de surf criado na ilha para empoderar jovens da vila vizinha, um grupo de surfistas criou uma campanha de angariação de fundos com vista a reconstruir o clube de surf e a capacitar a comunidade, pelo que podes ajudar esta causa aqui.

 

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